Dia do Transplantado

"Ser doador é ser herói": capixaba celebra vida após receber transplante

Josil conta sua experiência após receber o transplante de fígado

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“Ser doador é ser herói”: capixaba celebra vida após receber transplante “Ser doador é ser herói”: capixaba celebra vida após receber transplante “Ser doador é ser herói”: capixaba celebra vida após receber transplante “Ser doador é ser herói”: capixaba celebra vida após receber transplante
Dia Mundial do Transplantado
Josil Moreira Maciel recebeu um transplante de fígado em 2025. Foto: Arquivo pessoal

“Sei, na pele, o que significa esperar, dia após dia, por um milagre que só se torna possível graças à generosidade de um doador ou de uma família”. A frase dita por Josil Moreira Maciel resume o que muitos transplantados sentem: a gratidão pela segunda chance, que chegou quando mais precisava.

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, na quarta-feira (4), o Brasil bateu recorde de transplantes de órgãos e tecidos em 2024, sendo 30 mil procedimentos.

Já no Espírito Santo, os dados da Central Estadual de Transplantes (CET-ES) indicam que foram realizados 173 transplantes de órgãos sólidos, um aumento de 21,83% em relação a 2023.

Apesar do cenário otimista, muitas pessoas ainda não tiveram a mesma oportunidade de Josil e continuam aguardando na fila de doação.

O dia 6 de junho foi estabelecido como o Dia Mundial do Transplantado, para promover a conscientização sobre o transplante de órgãos e a importância da doação, bem como apoiar os pacientes transplantados e suas famílias.

Recomeço para o transplantado

Em 2022, Josil, de 59 anos, foi diagnosticado com trombose, seguida de herpes-zóster e logo após descobriu outra doença, a cirrose. Em 2023 foi diagnosticado com câncer no fígado.

Foi encaminhado para o Meridional Cariacica, quando os médicos constataram que o caso dele seria resolvido somente com o transplante de fígado.

A dor abdominal, a insônia, o cansaço e a má digestão se tornaram constantes, assim como a incerteza de não saber se o órgão chegaria a tempo.

Durante o tempo em que estive na fila, imaginava que poderia chegar a qualquer momento o dia em que minha vida mudaria. E esse dia, graças a Deus e a um doador, chegou.

Josil começou o tratamento em maio de 2024, entrou na fila do transplante em setembro do mesmo ano e em abril de 2025, conseguiu realizar o transplante. No seu caso, o rim veio de um doado após a morte.

Segundo o coordenador do Programa de Transplante Hepático do Hospital Meridional Cariacica, Gustavo Peixoto, existem dois tipos de doação: com o doador ainda vivo ou após a morte.

A doação após a morte é possível para órgãos como coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino e rins, além de tecidos, ossos e tendões. Os procedimentos dependem, no entanto, de uma análise médica que definirá a viabilidade das doações”.

Voltando a viver normalmente

Após o transplante, Josil conta que está tendo uma vida normal, com saúde, disposição, alegria, em um novo ciclo bem mais feliz.

“Falar sobre doação de órgãos é, para mim, falar sobre a chance de continuar sua vida, porém com muito mais qualidade”, afirma.

Pequenas coisas do dia a dia, que para muitos podem parecer banais, se tornaram preciosas para ele após o transplante: caminhar sem cansaço, ter disposição, me alimentar e dormir bem, entre outros benefícios.

O cirurgião-geral especializado em cirurgia do aparelho digestivo, Isaac Walker, enfatiza que a doação de órgãos é um ato de generosidade que proporciona um recomeço, como o que Josil vivencia, para quem enfrenta riscos de complicações mais sérias, incluindo a morte.

“Com os transplantes, muitos pacientes conquistam a qualidade de vida, iniciam novos projetos ou retomam atividades deixadas por conta do tratamento. Temos inúmeras histórias de superação, esperança e vida nova para celebrarmos nessa data”, lembrou.

Doar é escolher dizer “sim” à vida

Peixoto alerta que hoje a negativa familiar ainda é o principal motivo para a não doação. Geralmente é pela falta de conhecimento do desejo do falecido em doar os órgãos ou por desconhecimento e dúvidas sobre o assunto.

“Por isso, a importância de informar a decisão aos familiares, afinal, são eles que farão valer a vontade do paciente. Ao se declarar doador, até 10 esperanças de uma nova vida ressurgem”, pontuou.

Já Walker completou que a doação de órgãos é um ato de solidariedade que faz diferença, não só para o transplantado, mas também para quem acompanha o processo.

“Como médico, acompanho diariamente a luta de muitos pacientes que aguardam na fila por um transplante de órgãos. Cada nome nessa lista representa uma vida, uma família e uma história. A doação de órgãos é, sem dúvida, um dos maiores atos de solidariedade e amor ao próximo que alguém pode realizar”, concluiu o médico.

Para Josil, pessoas ou famílias que decidem doar órgãos são verdadeiros super-heróis, que oferecem uma segunda oportunidade a quem espera na fila.

“Por isso, falo com o coração cheio de gratidão: ser doador é ser herói na vida de alguém. E eu peço, de todo coração, que mais pessoas conversem com suas famílias e façam essa escolha de amor. Porque doar órgãos é, sem dúvida, a mais pura forma de perpetuar a vida”.