Seu filho mudou de comportamento? Pode ser problema de audição Seu filho mudou de comportamento? Pode ser problema de audição Seu filho mudou de comportamento? Pode ser problema de audição Seu filho mudou de comportamento? Pode ser problema de audição
Foto: Freepik
Foto: Freepik

A infância é uma fase crucial para o desenvolvimento físico, emocional, social e cognitivo. Durante esse período, a audição exerce um papel essencial, especialmente na aquisição da linguagem e no desenvolvimento da comunicação.

Alterações auditivas, mesmo que leves, podem interferir significativamente nesse processo e impactar o comportamento das crianças.

Leia também: Alergia alimentar e edema de laringe: saiba como prevenir crises

Por isso, é fundamental que se considere a avaliação auditiva como parte do acompanhamento clínico de crianças que apresentam alterações comportamentais, tais como dificuldades de atenção, irritabilidade, isolamento, atraso na fala, dentre outros.

Audição: criança pode ser rotulada como desatenta

Nem sempre é fácil para pais, educadores e até profissionais da saúde perceberem que mudanças de comportamento em uma criança podem estar ligadas a problemas auditivos.

Muitas vezes, a criança que “não escuta direito” é rotulada como desatenta, desobediente ou desinteressada.

No entanto, esses comportamentos podem ser uma resposta natural à dificuldade de compreender os sons do ambiente ou às instruções verbais.

Perda auditiva pode afetar interações sociais

Em casos de perda auditiva, por exemplo, a criança pode evitar interações sociais, demonstrar agressividade ou frustração diante de situações em que não consegue se comunicar adequadamente.

Também é comum que apresentem dificuldades escolares, principalmente relacionadas à linguagem oral e escrita.

Entre os sinais de comportamento que podem estar relacionados a alterações auditivas, destacam-se:

  • Dificuldade em prestar atenção ou seguir instruções;
  • Isolamento social ou desinteresse por interações com outras crianças;
  • Frustração ou agressividade em situações de comunicação;
  • Medo excessivo de sons (hipersensibilidade auditiva);
  • Necessidade constante de repetir o que foi dito;
  • Fala atrasada ou trocas de sons incomuns para a faixa etária;
  • Aparentar “viver no próprio mundo”, podendo ser confundida com autismo;
  • Dificuldades escolares, principalmente em leitura e escrita.

Avaliação auditiva é recomendada

Esses comportamentos, embora não sejam exclusivos de alterações auditivas, devem sempre levantar a hipótese de que a criança possa não estar ouvindo bem.

Por isso, a avaliação auditiva deve ser uma das primeiras etapas na investigação multidisciplinar de alterações comportamentais.

A avaliação auditiva infantil pode variar conforme a idade e o nível de desenvolvimento da criança.

Para bebês, por exemplo, utiliza-se a triagem auditiva neonatal, realizada nas maternidades. Para crianças maiores, o exame pode envolver diferentes métodos, como:

  • Audiometria comportamental: avalia a resposta da criança a diferentes sons;
  • Audiometria tonal e vocal: usada em crianças a partir dos 3 anos, necessitando da colaboração da criança;
  • Emissões otoacústicas (EOA): exame objetivo que avalia o funcionamento da cóclea;
  • Potenciais evocados auditivos do tronco encefálico (PEATE/BERA): indicado para crianças que não conseguem colaborar com o exame, este teste analisa a via auditiva independente da resposta da criança;
  • Timpanometria: avalia a integridade da orelha média e presença de líquidos ou infecções.

Esses exames são fundamentais para detectar perdas auditivas, transtornos do processamento auditivo e outras condições relacionadas à audição.

Nem sempre é perda auditiva

Nem sempre a criança com comportamento atípico tem uma perda auditiva tradicional. Em muitos casos, o problema está no processamento das informações sonoras pelo cérebro, condição conhecida como Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC).

O TPAC pode fazer com que a criança ouça os sons normalmente, mas tenha dificuldade para interpretá-los, especialmente em ambientes ruidosos.

Crianças com esse transtorno costumam apresentar dificuldade para manter a atenção, interpretar comandos, ou seguir conversas em grupo – situações comuns no ambiente escolar.

Assim, o transtorno do processamento auditivo pode ser facilmente confundido com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou com distúrbios de linguagem.

Por isso, a avaliação auditiva deve ser orientada e acompanhada por médico otorrinolaringologista, para exames específicos, possibilitando uma intervenção mais direcionada.

Benefícios da detecção precoce

A detecção precoce de alterações auditivas traz inúmeros benefícios ao desenvolvimento infantil:

  • Prevenção de dificuldades escolares: crianças que ouvem bem têm mais facilidade de acompanhar o conteúdo na escola, entender explicações e desenvolver a leitura e a escrita.
  • Promoção do desenvolvimento da linguagem: a audição adequada é essencial para que a criança aprenda a falar e se comunicar de forma eficaz.
  • Melhoria no comportamento e interação social: ao entender melhor o ambiente ao seu redor, a criança sente-se mais segura, compreendida e propensa a interagir.
  • Evita diagnósticos equivocados: muitas crianças são erroneamente diagnosticadas com problemas neurológicos ou psicológicos, quando, na verdade, possuem uma alteração auditiva.

A avaliação auditiva deve ser parte integrante do acompanhamento de crianças que apresentam alterações de comportamento, fala ou desempenho escolar.

Problemas auditivos muitas vezes passam despercebidos e podem ser confundidos com questões emocionais ou cognitivas, levando a tratamentos inadequados ou atrasados.

Pais, professores, pediatras e profissionais da saúde em geral devem estar atentos aos sinais e buscar uma avaliação audiológica sempre que houver dúvidas sobre a audição da criança.

Ouvir bem é essencial para se desenvolver bem, e garantir isso é uma responsabilidade compartilhada entre família, escola e profissionais de saúde.

xr:d:DAFEK2my8NQ:38,j:35620354759,t:22091723
Dr. Giulliano Luchi

Colunista

Médico. Mestre e Doutor em Otorrinolaringologia. Professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Membro internacional da Academia Americana de Otorrinolaringologia. MBA em gestão de negócios em Saúde. Formação em Mentoring, Coaching e Advice. @otoclinica_giulliano_luchi

Médico. Mestre e Doutor em Otorrinolaringologia. Professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Membro internacional da Academia Americana de Otorrinolaringologia. MBA em gestão de negócios em Saúde. Formação em Mentoring, Coaching e Advice. @otoclinica_giulliano_luchi