Saúde

Uso de plasma sanguíneo pode ser a 'cura' da covid-19

Procedimento consiste na transfusão do plasma de um paciente curado para um cidadão infectado

Foto: Divulgação
É preciso identificar qual é o melhor doador e o melhor receptor.

O Ministério da Saúde tem apoiado instituições e monitorado diariamente várias pesquisas com o objetivo de identificar um tratamento efetivo para a covid-19. Entre elas, uma que utilizará o plasma sanguíneo convalescente de pacientes recuperados da doença. O procedimento consiste na transfusão do plasma (a parte líquida do sangue) de um paciente curado para um cidadão infectado. Nessa terapia, espera-se que os anticorpos presentes no plasma forneçam imunidade às pessoas com a doença.

Esses estudos buscam a diminuição dos sintomas da infecção e da carga viral no organismo, resultando em uma menor utilização de leitos de UTIs. Ainda não há tratamento comprovado que cure o paciente com a covid-19. Os cuidados ofertados atualmente são de suporte e tratamento de sintomas, como febre, tosse e dores no corpo.

De acordo com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, a comunidade científica busca de forma acelerada alternativas terapêuticas, que vão de medicamentos a procedimentos. “Um desses procedimentos que já foi testado em outras epidemias é a transfusão de plasma convalescente”, disse o secretário.

Denizar Vianna explicou que esse não é um procedimento simples. “É preciso identificar qual é o melhor doador e o melhor receptor. Há toda uma preocupação com a qualidade do plasma porque não podemos transfundir condições que possam causar danos para o indivíduo”, explicou. Segundo ele, não basta identificar um artigo publicado, é preciso passar por avaliação metodológica. “Temos que avaliar se o estudo é pertinente, se tem validade e se responde à hipótese que foi formulada. Os técnicos do Ministério da Saúde estão preparados para isso”, concluiu.

O secretário anunciou ainda que teve início nesta semana uma força-tarefa com instituições filantrópicas e universidades públicas para chegarem rapidamente a uma resposta para o uso do plasma sanguíneo. “Nós, como formuladores de políticas de saúde, temos a responsabilidade de fundamentar toda essa política em evidências científicas”, ressaltou Denizar Vianna.

Estudo 

O ensaio clínico é conduzido em vários centros de pesquisa ao mesmo tempo para testar a segurança e a eficácia de diferentes tipos de tratamentos em pacientes distribuídos aleatoriamente. Devem ser incluídos 400 indivíduos, sendo que 200 receberão o plasma de pessoas curadas e 200 não receberão esse tratamento.

Os pesquisadores farão o acompanhamento por três meses, mas a expectativa é que os resultados preliminares sejam divulgados em um mês. Após esse prazo, será possível expandir o estudo para mais centros de saúde ou elaborar um protocolo de assistência minimamente controlado a ser utilizado no contexto de pesquisa. Participam do estudo os centros de excelência em pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein, o Hospital Sírio Libanês, a Universidade de São Paulo (USP) e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.

Estudos anteriores são promissores, porém, desenvolvidos com número limitado de pacientes e, por isso, mais evidências científicas precisam ser produzidas para avaliar o uso do plasma em pacientes infectados por SARS COV-2.