Birra infantil: por trás de todo mau comportamento existe uma necessidade real

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Psi. Renata Bedran

O objetivo da birra não é aborrecer os pais, e sim a forma com que a criança consegue expressar alguma necessidade não foi atendida.

A criança pequena que se joga no chão, faz birra, não está agindo assim para chatear os pais. Ela apenas não consegue expressar sua frustração de outra forma. Ela sequer tem o aparato neurobiológico para planejar uma ação com o propósito de enraivecer os pais. Ela age assim porque não sabe expressar seus sentimentos de outra forma.

O mau comportamento é uma forma de comunicação. A maioria de nós não sabe disso, porque cresceu acreditando que se comportar mal e ser mau eram a mesma coisa, mas a realidade é que todo comportamento tem uma causa. A birra é um comportamento que surge em resposta a algo que está desagradando tal como fome, sede, desconforto físico, aborrecimento, cansaço, tédio, angústia, medo ou até o princípio de uma virose que ainda não manifestou sintomas. Também pode decorrer da criança ainda não saber como se comportar adequadamente, além de uma série de outros estados físicos e emocionais.

Devemos compreender estes estados das crianças e não as repreender. Repreender significa interpretar o comportamento infantil como malcriação, sendo que, na verdade, a criança está apenas expressando uma frustração com as ferramentas de que dispõe. Não é justo nem possível exigir dela um preparo emocional ou um manejo do próprio comportamento para o qual ela ainda não está preparada, para o qual ainda não dispõe de aparato adequado.

Seria mais fácil e simples se as crianças comunicassem as suas necessidades com palavras: “Estou com muitas saudades dos meus amigos, por isso estou nervoso e impaciente!”, ou “O meu irmão chegou e as coisas mudaram aqui em casa, tenho muito medo que você goste mais dele que de mim!”. Mas não é assim que funciona. Elas se comunicam fazendo o que pedimos que não fizessem, reclamando da comida, da cor do céu e do sabor do suco. A resposta não é óbvia, nem em nós, nem neles.

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Psi. Renata Bedran

Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. Graduada em publicidade e marketing pela Emerson College, Boston, USA. Pós graduada em Psicologia Hospitalar e Pós graduada em Educação Positiva. Trabalha orientando os pais de crianças da primeira infância em como educar os filhos com respeito e empatia. Atua também como psicóloga infantil. @psi.renatabedran