Morten Harket, que ficou mundialmente conhecido como vocalista do A-ha, revelou seu diagnóstico de Parkinson nesta quarta-feira (4). Apesar de ter vindo a público somente agora, a doença foi descoberta em 2024.
O norueguês, de 65 anos, revelou em uma entrevista ao biógrafo Jan Omdahl que já aceitou o diagnóstico e que revelar sua situação de saúde é libertador.
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Não tenho problema em aceitar o diagnóstico. Com o tempo, levei a sério a atitude do meu pai, de 94 anos, em relação à forma como o organismo gradualmente se rende: ‘Uso o que funciona’.
Harket faz parte de 1% da população mundial que vivem com a doença, sendo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quatro milhões de pessoas. O Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo, atrás apenas do Alzheimer.
O que é Parkinson?
Segundo Mariana Grenfell, neurologista da Rede Meridional, o Parkinson é uma doença neurológica crônica e progressiva que afeta principalmente o movimento.
“O Parkinson ocorre quando há uma degeneração de neurônios em uma área do cérebro chamada substância negra, responsáveis pela produção de dopamina — um neurotransmissor essencial para a coordenação motora”, explicou.
De acordo com a especialista, com a queda da dopamina, os sinais entre o cérebro e o corpo ficam desorganizados, resultando em sintomas como tremores, rigidez muscular e lentidão nos movimentos. “O Parkinson vai além do corpo: também pode impactar o sono, o humor e o olfato”, destacou.
O principal fator de risco é a idade: o Parkinson é mais comum a partir dos 60 anos, embora possa surgir antes, chamado de Parkinson de início precoce. Além disso, homens têm uma leve predominância em relação às mulheres, mas indivíduos com histórico familiar, especialmente quando há mutações genéticas, estão em maior risco.
Quais os sintomas de alerta
Guilherme Coutinho, neurologista e coordenador do Serviço de Neurologia do Hospital Santa Rita, explica que os sintomas que antecedem a doença podem anteceder os sinais motores clássicos por anos.
“O diagnóstico muitas vezes aparece de maneira tardia porque os sintomas iniciais são inespecíficos e podem ser atribuídos a envelhecimentos. Além disso, a manifestação clínica ocorre, geralmente, após perda superior a 60% dos neurônios dopaminérgicos da substância negra, o que significa que alterações neurodegenerativas já estão avançadas no momento do diagnóstico clínico, explicou o médico.
Alguns dos sintomas associados ao Parkinson são:
- Distúrbios do sono REM (com comportamentos violentos durante o sono);
- Constipação crônica;
- Redução do olfato;
- Depressão;
- Lentidão dos movimentos (bradicinesia);
- Rigidez muscular;
- Tremor em repouso;
- Instabilidade postural.
Em seu relato, Morten Harket, relata outro sintoma com o qual precisa lidar: os problemas com a voz: “Os problemas com a minha voz são um dos muitos motivos de incerteza quanto ao meu futuro criativo”.
“O comprometimento da coordenação pode afetar a execução instrumental. A rigidez e a lentidão limitam movimentos fluidos e espontâneos no palco. Além disso, pode haver redução da projeção e clareza vocal, impactando diretamente o canto”, explicou o neurologista Guilherme Coutinho.
Possíveis tratamentos
Mariana Grenfell explica que, com o acompanhamento adequado, é possível manter uma rotina ativa e produtiva por muitos anos, mesmo com o diagnóstico.
“A neurologia tem avançado muito em estratégias para preservar o desempenho motor e cognitivo — e o apoio psicológico é essencial para esse processo”, ressaltou.
O próprio vocalista contou em seu pronunciamento que está recebendo tratamento especializado nos Estados Unidos e que, em junho de 2024, foi submetido a um procedimento cirúrgico.
“Em junho de 2024, ele foi submetido a um procedimento neurocirúrgico no qual eletrodos foram implantados profundamente no lado esquerdo do cérebro. Estes são conectados a um pequeno dispositivo semelhante a um marca-passo, colocado sob a pele da parte superior do tórax, que envia impulsos elétricos através dos eletrodos para o cérebro”, detalhou o comunicado.
É possível prevenir o Parkinson?
Ambos os especialistas explicam que não há uma forma comprovada de prevenção, mas algumas abordagens parecem ter efeito neuroprotetor ou modificador de risco.
“A prática de atividade física regular, especialmente exercícios aeróbicos e de coordenação motora, demonstram retardar o surgimento de sintomas. Além de estimular a cognição”, afirmou Guilherme.
Já Mariana acrescenta que outras atitudes como cuidar da saúde intestinal e da alimentação têm ganhado destaque em pesquisas recentes.
“Uma dieta rica em antioxidantes, como frutas, vegetais e alimentos com ômega-3, também pode ajudar a proteger os neurônios. Além disso, manter uma boa qualidade do sono, evitar exposição a substâncias tóxicas e cuidar da saúde intestinal são atitudes que têm ganhado destaque em pesquisas recentes”, completou.
