2026: A virada da TI com menos suporte reativo e mais foco na experiência do usuário

Durante anos, o sucesso da TI foi medido por números, volume de chamados, tempo médio de atendimento e cumprimento de SLA. Esses indicadores foram importantes e continuam sendo, mas já não são suficientes. À medida que avançamos para 2026, o IT Service Management vive uma virada silenciosa, porém profunda: a transição da eficiência operacional para a entrega de valor percebido.

O foco migra do “consertar rápido” para o evitar que o problema aconteça.

A Inteligência Artificial acelera esse movimento, mas não da forma que muitos imaginam. Não se trata de substituir pessoas, e sim de liberar tempo, energia e inteligência humana para aquilo que realmente importa: resolver problemas de forma definitiva, antecipar falhas e melhorar a experiência de quem usa tecnologia todos os dias para trabalhar.

O Service Desk deixa de ser apenas reativo. Com IA assumindo demandas repetitivas, roteamento e automações básicas, os times passam a colaborar mais, compartilhar conhecimento em tempo real e atuar de forma preventiva. O foco migra do “consertar rápido” para o evitar que o problema aconteça. Esse é o verdadeiro salto de maturidade.

Nesse cenário, métricas tradicionais como SLA e CSAT já não contam toda a história. Elas medem processo, não sentimento. Por isso, ganham espaço os XLAs, indicadores que capturam percepção, esforço, confiança e impacto no dia a dia das pessoas. A pergunta-chave muda: como o usuário se sentiu durante a experiência?

O que é XLA (Experience Level Agreement)

XLA é a evolução natural do SLA. Enquanto o SLA mede se a TI cumpriu o combinado, o XLA mede como o usuário se sentiu com o serviço. É a virada de chave da TI operacional para a TI orientada à experiência. É um modelo de gestão que avalia a qualidade dos serviços de TI com base na experiência real do usuário, e não apenas em tempos, volumes ou regras contratuais.

Em vez de perguntar “resolvi dentro do prazo?”, o XLA pergunta: “Isso resolveu o problema do usuário de forma simples, rápida e sem esforço?”

Ele considera fatores como:

  • Satisfação
  • Esforço do usuário
  • Percepção de valor
  • Emoção associada ao atendimento
  • Impacto no trabalho ou no negócio

SLA x XLA

SLAXLA
Tempo de respostaFacilidade para resolver
Tempo de soluçãoSensação de fluidez
Volume de chamadosRedução de atrito
Cumprimento de contratoValor percebido
Métrica internaMétrica centrada no usuário

É possível cumprir 100% dos SLAs e ainda assim frustrar o usuário. O XLA existe exatamente para corrigir isso.


Principais indicadores usados em XLA

Na prática, XLA não é um indicador único, mas um conjunto de sinais da experiência.

1. CSAT – Customer Satisfaction

Pergunta direta após o atendimento: “O quanto você ficou satisfeito com este atendimento?”

Escala simples (1 a 5 ou 0 a 10).

2. CES – Customer Effort Score

Mede o esforço: Foi fácil resolver seu problema?”

Esse é um dos indicadores mais poderosos, especialmente em Service Desk. Quanto menor o esforço, melhor a experiência.

3. NPS – Net Promoter Score

Avalia a lealdade: “Você recomendaria este serviço?”

Muito usado em visão macro (mensal ou trimestral).

4. Sentimento do Atendimento (XLA emocional)

Análise qualitativa dos comentários dos usuários:

  • Positivo
  • Neutro
  • Negativo

Pode ser manual no início e depois automatizada com IA.


Como aplicar XLA

1. Comece simples (não complique)

XLA não substitui o SLA, ele complementa. Mantenha seus SLAs e adicione 1 ou 2 indicadores de experiência.

Exemplo inicial:

  • CSAT pós-atendimento
  • CES por tipo de chamado

2. Mude a pergunta certa

Troque perguntas genéricas por perguntas que geram insight.

❌ “O atendimento foi bom?”
✅ “Seu problema foi resolvido sem retrabalho?”
✅ “Quanto esforço você precisou fazer?”


3. Meça por jornada, não só por chamado

Um erro comum é medir apenas o ticket isolado. No XLA, você avalia:

  • Primeiro contato
  • Reabertura
  • Tempo até voltar a produzir
  • Quantas interações foram necessárias

Um chamado rápido, mas com 5 interações, gera baixa experiência.


4. Crie metas de experiência (não só de tempo)

Exemplos reais de metas XLA:

  • CES ≥ 4,5
  • CSAT ≥ 90%
  • Índice de sentimento positivo ≥ 85%
  • Redução de reabertura em 20%

Essas metas falam mais sobre qualidade percebida do que sobre velocidade bruta.


5. Use XLA para gestão, não para punição

XLA não é ferramenta de cobrança individual. Ele serve para:

  • Melhorar processos
  • Ajustar fluxos
  • Identificar gargalos
  • Treinar o time corretamente
  • Priorizar automações

Quando XLA vira punição, ele morre.


6. Leve XLA para a cultura

XLA não é só métrica, é mentalidade. Algumas mudanças culturais claras:

  • Menos foco em fechar chamado
  • Mais foco em resolver de verdade
  • Menos scripts engessados
  • Mais autonomia com responsabilidade
  • Mais escuta ativa

Times maduros perguntam: “Isso resolveu a vida do usuário?”


Exemplo prático em Service Desk

Antes (SLA):

“Resolvido em 2h dentro do prazo.”

Depois (XLA):

  • Usuário precisou ligar 3 vezes
  • Foi transferido 2 vezes
  • Não entendeu a solução
  • Comentário: “Resolveu, mas foi cansativo”

Resultado:

  • SLA OK
  • XLA baixo

O dado de XLA aponta onde melhorar, algo que o SLA nunca mostraria.


Onde XLA mais gera impacto

  • Service Desk e Suporte Técnico
  • NOC e Operações
  • TI Corporativa
  • Outsourcing de TI
  • CX Digital
  • Ambientes híbridos e remotos

Especialmente em Outsourcing, XLA vira diferencial competitivo real.


XLA é quando a TI deixa de medir apenas eficiência operacional e passa a medir valor percebido

Outro ponto crítico é cultural. Organizações que não conseguem extrair valor da IA normalmente não têm um problema tecnológico, mas sim de mentalidade. IA não é mágica, nem solução instantânea. Ela exige dados confiáveis, gestão do conhecimento madura, liderança preparada e uma cultura de aprendizado contínuo.

O futuro do ITSM não é sobre mais ferramentas, mais bots ou mais dashboards. É sobre orquestração inteligente, empatia, colaboração entre áreas e alinhamento real com o negócio. A TI deixa de ser vista como centro de custo e passa a atuar como parceira estratégica, habilitando produtividade, engajamento e resultados.

Em 2026, os melhores times de TI não serão os que resolvem mais chamados. Serão os que impedem que eles existam e entregam experiências tão boas que o usuário quase esquece que a TI está ali. Quase.


A tecnologia pode ser uma valiosa aliada para todos nós, desde que seja utilizada de maneira equilibrada e segura, garantindo que todos nós tenhamos acesso seguro e informações confiáveis.

Compartilhe com a gente as suas experiências, ou se precisar esclarecer alguma dúvida entre em contato, será uma satisfação para nós poder te ajudar de alguma forma. Fique sempre ligado no Folha Digital.

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Jackson Galvani

Empresário no mercado de tecnologia, foi eleito um dos melhores Gerentes de TI do Brasil, é Coordenador da ExpoTI, Palestrante e Presidente do HDI-Brasil no ES. www.jacksongalvani.com.br

Empresário no mercado de tecnologia, foi eleito um dos melhores Gerentes de TI do Brasil, é Coordenador da ExpoTI, Palestrante e Presidente do HDI-Brasil no ES. www.jacksongalvani.com.br