O Espírito Santo desponta como uma nova fronteira na “corrida tecnológica” mundial. Estudos da Ufes identificaram cério (Ce) e samário (Sm) no solo capixaba, dois dos 17 elementos do grupo das terras raras, essenciais para tecnologia, defesa, energia e veículos elétricos.
O que são Terras Raras?
Terras raras constituem um grupo de 17 elementos químicos da Tabela Periódica, compostos por:
- 15 lantanídeos: do lantânio (La) ao lutécio (Lu).
- Mais ítrio (Y) e escândio (Sc), que, apesar de não pertencerem à série dos lantanídeos, apresentam propriedades químicas semelhantes.
Esses elementos compartilham características eletrônicas muito próximas, especialmente relacionadas à configuração dos orbitais 4f e 5d. Por isso, possuem propriedades magnéticas, catalíticas e ópticas únicas, que os tornam estratégicos para diversas aplicações tecnológicas.
Por que o nome “raras”?
O nome “terras raras” não significa escassez absoluta, já que muitos desses elementos são relativamente abundantes na crosta terrestre. O cério, por exemplo, é mais comum que o cobre. O termo “raro” se deve ao fato de que esses elementos dificilmente aparecem em jazidas concentradas e economicamente exploráveis, pois geralmente estão dispersos em baixos teores e misturados entre si.
Exemplos de elementos e usos tecnológicos
- Neodímio (Nd): fabricação de ímãs permanentes de alta potência, usados em turbinas eólicas, veículos elétricos e discos rígidos.
- Praseodímio (Pr): ligas metálicas e óxidos para vidros especiais e filtros de soldagem.
- Cério (Ce): catalisadores automotivos e polimento de vidros e lentes.
- Lantânio (La): baterias de hidreto metálico (NiMH) e lentes de câmeras.
- Samário (Sm): ímãs de samário-cobalto, lasers e aplicações nucleares.
- Ítrio (Y): lasers, fósforos de telas de TV e LED, cerâmicas de alta resistência.
- Térbio (Tb) e Érbio (Er): dopagem de fibras ópticas e dispositivos de comunicação.
- Disprósio (Dy): reforço de ímãs para suportar altas temperaturas em motores elétricos.
Do ponto de vista técnico, terras raras são elementos estratégicos para a indústria de alta tecnologia por apresentarem propriedades físico-químicas singulares, especialmente relacionadas à óptica, magnetismo e catálise. Por isso, são fundamentais para transição energética, defesa, telecomunicações, medicina e eletrônicos avançados.
Presença no Espírito Santo
No ES, reservas se concentram principalmente em areias negras litorâneas (Guarapari, Anchieta) e na região serrana. A monazita, mineral portador de terras raras, ocorre nessas praias e contém cério, lantânio, além de elementos radioativos como tório e urânio.
O Espírito Santo está situado na Região Sudeste do Brasil, entre o litoral atlântico e a serra da Mantiqueira.
Território: o estado possui área aproximada de 46.000 km², o que equivale a apenas 0,54% do território nacional. Trata-se de um dos menores estados do Brasil em extensão territorial.
População: a população é estimada em cerca de 4,2 milhões de habitantes (IBGE 2024). A maior parte dos capixabas vive na Região Metropolitana da Grande Vitória (Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana), que concentra mais da metade da população do estado.
Capital e principais cidades: a capital é Vitória, localizada em uma ilha. Outras cidades relevantes são Vila Velha, Serra, Cariacica, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Colatina e Aracruz.
Densidade demográfica: o Espírito Santo apresenta aproximadamente 91 habitantes por km², uma das maiores densidades populacionais do Brasil, resultado de seu território pequeno aliado à concentração populacional.
Geografia: o estado conta com um litoral de mais de 400 km de praias, além de um relevo marcado pela combinação de planícies costeiras, vales e regiões serranas, com destaque para a Pedra Azul e o Pico da Bandeira.
Economia: a economia capixaba é diversificada, com destaque para portos, mineração, petróleo, celulose, agricultura e siderurgia. O Porto de Tubarão e o Complexo de Tubarão (Vitória/Vila Velha) estão entre os maiores do mundo em exportação de minério de ferro.
Minerais e extração
Os principais minerais que contêm terras raras são:
Monazita: fosfato que pode conter cério, lantânio, neodímio, samário, mas também tório e urânio, o que torna sua extração mais complexa devido à radioatividade.
Bastnasita: fluorcarbonato rico em cério, lantânio, neodímio, praseodímio.
Xenotímio e argilas iônicas: também fontes relevantes de ETRs.
Importância estratégica e tecnológica
As terras raras são fundamentais para a produção de ímãs superpotentes utilizados em carros elétricos e turbinas eólicas, como os que empregam neodímio e disprósio, além de estarem presentes em telas de celulares, lasers, catalisadores, equipamentos de defesa, aplicações em energia limpa, medicina e diversos outros setores.
No Espírito Santo, a presença de elementos como cério e samário coloca o estado no radar de potenciais cadeias de valor agregado, abrangendo desde a extração até o refino e a aplicação tecnológica.
Desafios e oportunidades
A extração de terras raras enfrenta barreiras técnicas e ambientais, envolvendo processos químicos complexos, riscos de contaminação e altos custos. Embora o Brasil possua grandes reservas, ainda enfrenta desafios logísticos e tecnológicos para competir com a China, que lidera a produção e o refino desses elementos. Mesmo assim, investimentos em laboratórios e na produção de ímãs no país já demonstram avanços, ainda que mais concentrados em Minas Gerais.
O Espírito Santo pode se transformar em um polo estratégico na nova era tecnológica, graças à presença de cério e samário em seu solo. Dar sequência a essa promessa envolve vencer desafios técnicos, ambientais e geopolíticos, mas também pode abrir caminhos para inovação industrial, sustentável e soberania tecnológica no Brasil.
A tecnologia pode ser uma valiosa aliada para todos nós, desde que seja utilizada de maneira equilibrada e segura, garantindo que todos nós tenhamos acesso seguro e informações confiáveis.
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