*Artigo escrito por Andreia Carvalho, doutoranda em Direitos e Garantias Fundamentais, advogada especialista em Direito Ambiental no escritório Ribeiro Fialho Advogados
Estamos vivendo a chamada “Década da Ação” instituída pela Organização das Nações Unidas (2021-2030) cujo objetivo é acelerar a implementação da Agenda 2030 e alcançar os seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Nesse contexto, os efeitos adversos das mudanças climáticas têm causado impactos significativos nas esferas social, ambiental e econômica.
No entanto, ao lado desses desafios, emergem oportunidades concretas para transformar cenários marcados pelo aquecimento global e pelo aumento de eventos climáticos extremos.
Retoma-se, nesse sentido, a expressão “revolução verde”, que nas décadas de 1960 e 1970 referia-se à intensificação da pesquisa e do desenvolvimento agrícola.
Agora, a ideia é ressignificada para abarcar um novo paradigma: a transição para um mercado de trabalho verde, fundamentado em práticas produtivas sustentáveis e tecnologias de baixo carbono, com potencial para melhorar a qualidade ambiental e fomentar o desenvolvimento econômico inclusivo.
Ao abordar temas como energia renovável, mercado de carbono, produtos orgânicos, gestão de resíduos sólidos, soluções baseadas na natureza e economia circular, evidencia-se o enorme potencial de geração de emprego e renda.
Estima-se que, até 2030, o setor de energias renováveis seja responsável por 38 milhões de novos empregos em todo o mundo.
Segmentos como a energia eólica, solar, biocombustíveis e hidrelétricas já demandam profissionais com formação técnica e superior, ampliando a oferta de vagas qualificadas.
O avanço da mobilidade elétrica, com o crescimento da frota de veículos movidos a eletricidade, também impulsiona a necessidade de mão de obra especializada.
Da mesma forma, ações voltadas à recuperação de áreas degradadas abrem novas frentes de trabalho, especialmente nas regiões afetadas por desmatamento.
Para que essas oportunidades se consolidem, é fundamental investir em educação ambiental, capacitação profissional e conscientização da sociedade sobre a importância da adoção de medidas que combatam as mudanças climáticas e promovam o desenvolvimento sócioeconômico.
As empresas, por sua vez, estão cada vez mais comprometidas com essa transição no mercado de trabalho, adotando estratégias alinhadas a uma economia sustentável.
Critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) passaram a orientar decisões de investimento e impulsionar novos modelos de negócio, criando nichos de mercado e carreiras que dialogam diretamente com os princípios da sustentabilidade.
As empresas estão cada vez mais atentas e voltadas para essa transição no mercado de trabalho que tangencia para uma economia mais sustentável, cujas decisões de investimento e estratégias de investimentos consideram os critérios ambientais, sociais e de governança (ESG), que podem gerar novas oportunidades e desenvolvimento de carreiras.
A revolução verde para o mercado de trabalho, portanto, já está em curso. Cabe a nós, poder público, iniciativa privada e sociedade civil, fomentar essa transformação com responsabilidade, inovação, visão de futuro e redução de desigualdades.