Redes sociais

Humanizar sem se expor: o equilíbrio entre conexão e privacidade

A humanização não acontece da noite para o dia, é um processo de construção de confiança, tanto sua quanto da sua audiência

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blogueira gravação de vídeo humanização redes sociais
Foto: Freepik

“Pessoas privadas sabem postar nas redes sociais o dia todo e ainda vivem uma vida sobre a qual você não sabe nada”.

Esses dias li esta frase na web me fazendo refletir sobre a questão da exposição pessoal.

Muito se fala em humanizar as redes sociais, mostrar a pessoa real por trás do cargo ou da marca, criar conexão genuína sem expor intimidade.

Na prática, significa usar linguagem conversacional, compartilhar processos de trabalho, mas também aprendizados pessoais, valores, rotinas, gostos, é incluir detalhes cotidianos que revelem sua personalidade.

É sobre fazer seu público sentir que te conhece como pessoa, não apenas como profissional, mantendo limites saudáveis entre o pessoal e o íntimo.

Frequentemente, profissionais confundem humanizar com abrir as portas da sua intimidade, compartilhar cada detalhe da vida pessoal, perder sua privacidade quando o objetivo real é gerar conexões.

Ao decidir se expor em redes sociais, o primeiro passo consiste em elaborar de forma clara quais recortes da vida privada poderiam ser expostos sem causar desconforto.

Um exemplo simples é o fato de mostrar a casa. Alguns cantos escolhidos a dedo podem se tornar o cenário da casa, estes locais serão sempre os mesmos, como uma lente ampliando um canto de um todo.

O lar em si estará protegido, apesar dos seguidores terem a sensação de conhecerem o local onde se vive. Um canto da sala, um hall bem decorado, um espelho, uma obra de arte, um móvel de antiquário, a vista da varanda ou um recorte do jardim. Existe uma distância entre a sensação do expectador te conhecer e o recorte que de fato ele conhece.

Além da escolha dos recortes que serão exibidos, existem alguns outros pontos a serem observados:

O primeiro é o timming e a consistência. A rede precisa ser dinâmica, não deixar vácuos de comunicação. As pessoas se acostumam com sua presença online se ela for constante, consistente e se ela respeitar um certo timming de produção de conteúdo.

O segundo é o poder das interações. Responder a comentários de forma personalizada, produzir conteúdos sugeridos ou agradecer colaborações. O interlocutor identifica que existe alguém humano do outro lado da tela que atende a algumas das suas demandas.

E, finalmente, talvez o ponto mais sensível: a vulnerabilidade calculada. Expor desafios e fragilidades sem perder a autoridade. Levar em conta características que seus clientes esperam de você, auxilia neste desafio.

Escolha revelar fragilidades que não prejudicam estas expectativas. Por exemplo, quando o cliente espera um profissional racional e analítico para exercer determinada função, vale evitar falar de dificuldades pessoais para tomadas de decisões ou demonstrar ser uma pessoa frágil e emotiva.

O receio de se expor é natural, mas pode ser superado gradualmente. Começar pequeno: compartilhar um livro que está lendo, um animal de estimação, um esporte, um pensamento que te representa ou uma reflexão profissional simples.

A humanização não acontece da noite para o dia, é um processo de construção de confiança, tanto sua quanto da sua audiência. Lembre-se: o maior risco não é se mostrar humano, mas permanecer invisível.

Humanizar é mostrar humanidade, não intimidade forçada!

Maya J. Gobira Meneghelli

Colunista

Francesa, linguista pela Ufes e mestre em comunicação política pela Universidade Internacional de Valência, pesquisa sociedade e discursos de lideranças femininas. Atua em estratégias de comunicação política e corporativa, media training e posicionamento, além de ser especialista em imagem e comunicação não verbal.

Francesa, linguista pela Ufes e mestre em comunicação política pela Universidade Internacional de Valência, pesquisa sociedade e discursos de lideranças femininas. Atua em estratégias de comunicação política e corporativa, media training e posicionamento, além de ser especialista em imagem e comunicação não verbal.