
No Espírito Santo, mais de 160 mil idosos continuam trabalhando mesmo após a aposentadoria. Este número representa 24,5% da população com 60 anos ou mais no Estado e um aumento de quase 9% em relação ao ano passado.
Para muitos, como o aposentado e empreendedor José Roberto Araújo, de 73 anos, seguir no trabalho não é apenas uma questão financeira, mas também uma forma de manter a saúde mental, a autonomia e o bem-estar.

Há 18 anos, ele vende pizzas na praça de Jardim da Penha, em Vitória, onde trabalha de quarta a domingo, complementando sua aposentadoria e mantendo uma rotina ativa.
Além de ter mais liberdade, já que sou dono do meu próprio negócio, eu também adoro ter uma atividade. Muita gente vem aqui, conta história, conta sobre a casa, a família. Isso faz parte da realização do bem-estar no meu dia a dia.
José Roberto Araújo, aposentado e empreendedor
Crescimento do trabalho entre idosos
O trabalho entre os idosos no Espírito Santo está em ascensão, com quase 42% atuando por conta própria e cerca de 9% sendo empregadores. No Brasil, mais de 8 milhões de pessoas da terceira idade continuam no mercado de trabalho.
Para muitos, o emprego não é apenas uma questão financeira, mas uma maneira de manter a qualidade de vida e a autonomia, como explica a economista Ana Zen. A expectativa de vida no país, que é de cerca de 76 anos, está fazendo com que mais idosos permaneçam ativos por mais tempo.
A gente tem que pensar na expectativa de vida, dado que nós temos hoje 76 anos aí para a gente trabalhar. Muitos deles estão ativos. E, além disso, temos a renda baixa. Então, eles buscam autonomia financeira para não depender de familiares.
Ana Zen, economista
Apesar da crescente participação dos idosos no mercado de trabalho, a informalidade é um dos principais desafios. Muitas vezes, esses trabalhadores não têm um rendimento estável ou benefícios trabalhistas, o que pode impactar negativamente sua segurança financeira a longo prazo.
Para Ana Zen, essa realidade mostra que muitos idosos optam por trabalhar mais para compensar a baixa renda, muitas vezes abrindo mão do lazer para garantir uma renda extra.
Contribuição para a economia e bem-estar
Apesar das dificuldades enfrentadas, o trabalho dos idosos contribui significativamente para a economia, especialmente em atividades autônomas, como as de José Roberto, responsável por toda a produção e atendimento em sua pizzaria.
“Eu mesmo monto as pizzas, faço os recheios e atendo a clientela. Além de boa conversa, a pizza é uma delícia”, afirma.
*Com informações da repórter Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/Record