O manejo dos resíduos sólidos emerge como um dos desafios cruciais do século XXI, conforme destacado pelo relatório “Panorama Global do Manejo de Resíduos em 2024”, uma colaboração entre a ONU e a International Solid Waste Association. O documento projeta que, se as práticas atuais persistirem, os custos globais para o gerenciamento de resíduos sólidos poderão atingir a cifra alarmante de 640,3 bilhões de dólares até 2050. Este valor incorpora as despesas não apenas com a gestão direta dos resíduos, mas também com as repercussões ocultas em saúde pública, poluição e mudanças climáticas decorrentes da disposição inadequada e do tratamento de mais de 3 bilhões de toneladas de resíduos.

Repensar nossa relação com os resíduos

A pesquisa enfatiza a necessidade urgente de repensar nossa relação com os resíduos, propondo a adoção de uma economia circular como solução viável. Este modelo econômico busca não apenas prolongar a vida útil dos produtos, mas também reintegrar materiais ao ciclo produtivo, reduzindo assim o volume de lixo e as emissões de gases de efeito estufa. A implementação bem-sucedida de práticas de economia circular poderia reduzir os custos de gestão para 270,2 bilhões de dólares, além de potencialmente gerar um benefício líquido de 109,1 bilhões de dólares.

O relatório também aponta para o crescimento previsto de resíduos sólidos urbanos, que poderia alcançar 3,8 bilhões de toneladas, reforçando a importância da reciclagem e da reutilização. A circularidade, portanto, não se limita à recuperação de produtos em si, mas se estende às embalagens e outros materiais descartáveis. Analogias com processos naturais, como a decomposição de restos orgânicos que nutrem o solo e são reutilizados pelo ecossistema, ilustram o conceito de circularidade e reforçam a mensagem de que nada na natureza se perde, tudo se transforma.

Circularidade

A circularidade emerge como um conceito revolucionário na gestão de resíduos, propondo um ciclo de vida sustentável para produtos e embalagens. A analogia do meio ambiente, onde restos de frutas se transformam em adubo, ilustra o princípio “do berço ao berço”, onde cada elemento é perpetuamente reciclado. Contudo, os resíduos não respeitam fronteiras e demandam uma liderança global para evitar que, até 2050, enfrentemos um aumento de 56% na geração de resíduos sólidos urbanos, saltando de 2,12 bilhões para 3,8 bilhões de toneladas. Este cenário alarmante, destacado pelo relatório do PNUMA, “Além da era do desperdício: transformando o lixo em recurso”, exige ação imediata para redefinir nosso relacionamento com o descarte e reciclagem.

Felipe Mello

Colunista

Biólogo, mestre em Desenvolvimento Sustentável e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência em projetos nas diversas vertentes que envolvem o desenvolvimento sustentável. É coautor de um livro sobre Gestão de Projetos Socioambientais e de diversos capítulos de livros e artigos técnico científicos publicados na área da sustentabilidade. Atua ainda como Head de Conteúdo ESG na Rede Vitória.

Biólogo, mestre em Desenvolvimento Sustentável e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência em projetos nas diversas vertentes que envolvem o desenvolvimento sustentável. É coautor de um livro sobre Gestão de Projetos Socioambientais e de diversos capítulos de livros e artigos técnico científicos publicados na área da sustentabilidade. Atua ainda como Head de Conteúdo ESG na Rede Vitória.