
Por Daniel Pereira
Diamante, trevo, trombeta, agulhão, rótula, gota. Muitos são os nomes dados aos dispositivos utilizados em rodovias e que ajudam na finalidade de projetar, construir, gerir e conservar as vias de forma segura, eficiente e sustentável, de forma a possibilitar a fluidez do trânsito, a segurança viária e preservar o meio ambiente local.
Entre as fases de elaboração de projetos, levantamento de custos, iniciativas de conservação, pavimentação, drenagem, sinalização e execução de obras, encontra-se o desafio de tornar a operação mais sustentável, em respeito aos usuários, à fauna e à flora presentes na região.
As iniciativas passam não somente por seguir as diretrizes estabelecidas pelos órgãos competentes, como também fazer a gestão ambiental, por meio de controle de ruídos, gerenciamento da água pluvial, estabelecimento de técnicas de drenagem, e adoção de materiais sustentáveis, como itens mais duráveis e menos abrasivos e com menor geração de resíduos de construção.
O grupo EcoRodovias, controlador da Ecovias 101, concessionária que faz a gestão da BR-101 no Espírito Santo, já adota inúmeras práticas sustentáveis em suas operações, como usinas fotovoltaicas para suprir o consumo de energia, pesagem dos veículos em movimento, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, instalação de pontos de recarga para veículos elétricos, reutilização de pneus velhos na produção de asfalto borracha e uso de material asfáltico reciclado (RAP), entre outras iniciativas.
Nas obras realizadas pela Ecovias 101 na BR-101, é comum a utilização do fresado, elemento oriundo da remoção de partes de um pavimento asfáltico danificado, que é, então, reaproveitado em novas melhorias, substituindo parte dos agregados pétreos. Essa atitude, econômica e sustentável, permite que camadas danificadas do pavimento sejam reutilizadas na manutenção das vias, reduzindo a necessidade de extração de novos materiais.
Reaproveitamento de Materiais e Sustentabilidade
Somente em 2024, foram utilizadas 85 mil toneladas de massa asfáltica para as obras de expansão e para a reabilitação de 168 quilômetros de pavimento. Em relação ao fresado, foram destinadas, no mesmo ano, mais de 41 mil toneladas para as obras de ampliação do trecho sul, execução do dispositivo de retorno no km 293 em Cariacica e restauração do pavimento entre os municípios de João Neiva e Serra.
A lógica do reaproveitamento segue o conceito “cradle to cradle” (C2C), ou do “berço ao berço”, no bom português, criado pelo arquiteto americano William McDonough e pelo engenheiro alemão Michael Braungart, que desafia o pensamento “do berço ao túmulo”, em que há um processo linear de extração, produção e descarte de materiais e produtos.
O mecanismo C2C prevê uma lógica circular de criação e reutilização, em que resíduos se revelam como um novo “berço” para outro material, em fluxos seguros para os seres humanos e para a natureza.
A utilização do fresado reduz a necessidade de extração de novos materiais, minimiza a geração de resíduos, gera economia e reduz o impacto ambiental ao mesmo tempo em que contribui para um melhor desempenho técnico da estrutura de pavimento. É uma solução que atende aos usuários sem perder de vista a sustentabilidade.
Daniel Pereira é gerente de Engenharia da Ecovias 101