
As bicicletas elétricas se tornaram populares no Espírito Santo devido à praticidade, ao baixo custo e ao uso sem esforço intenso. Porém, o aumento no número desses veículos circulando pelas cidades tem acendido um sinal de alerta.
Apenas este ano, o Samu já registrou 177 atendimentos relacionados a acidentes com bikes elétricas no Estado, sendo 154 na Região Metropolitana. Vila Velha lidera com 72 ocorrências. As bikes podem chegar a 32 km/h, mas em Vitória o limite máximo permitido é de 20 km/h.
Primeira morte envolvendo bike elétrica na Grande Vitória
No último mês, na Enseada do Suá, em Vitória, uma idosa de 82 anos foi atingida por uma bicicleta elétrica enquanto ia comprar remédio para o marido, de 86 anos. Segundo a família da vítima, a ciclista estava na contramão e em alta velocidade.
Conceição Anceschi Pissinali ficou 22 dias internada na UTI, mas não resistiu. Foi o primeiro caso de morte registrada em decorrência de atropelamento por bicicleta elétrica na Grande Vitória. A Polícia Civil não informou se a mulher que conduzia o veículo será denunciada. A reportagem não conseguiu localizá-la.

Outro caso recente envolve Bernard Costa, de 14 anos, que ficou em coma após descer uma ladeira com uma bicicleta elétrica sem freio. Ele não usava capacete. A família informou que o adolescente, morador de Colatina, está em casa e segue em recuperação.

Ele só pegou a bicicleta para passear. Infelizmente, aconteceu essa tragédia. A bike não era dele e estava sem freio. Todos os amigos também andavam sem capacete, mas depois disso começaram a usar, viram que não é brincadeira
Pedro Costa, pai de Bernard
Uso cresce, mas exige cuidados
A bancária Fabíola Donadelo trocou o carro pela bike elétrica para ir trabalhar, mas reforça que a atenção precisa ser redobrada:
Eu tento andar sempre de capacete. Me preocupo em respeitar o limite da ciclovia e de velocidade. A gente precisa ter atenção com tudo: pedestres no celular, quem faz exercício, bikes convencionais e elétricas ao mesmo tempo.
O que diz a legislação
Infrações cometidas com bicicletas elétricas ou autopropelidas não são enquadradas pelo Código de Trânsito, mas podem gerar responsabilização na esfera penal em casos de acidentes.
Já para motonetas elétricas, scooters e ciclomotores, é obrigatório: Carteira de habilitação, emplacamento, circular apenas em vias permitidas e não podem andar em ciclovias.
O Batalhão de Trânsito reforça que muitos dos condutores são adolescentes e jovens sem conhecimento das regras.
“Vemos aumento no número desses veículos. É uma tecnologia positiva, mas é preciso conscientização por parte dos usuários. Muitos condutores são menores de idade e não têm preparo ou habilitação”, completou o Tenente Lucas Lourenço, BPTran.
Audiência pública na Ales discute o tema nesta segunda
Uma audiência pública marcada para esta segunda-feira (17) vai discutir o uso de bicicletas elétricas. O evento acontece às 9 horas na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). O objetivo é debater propostas concretas de conscientização e fiscalização relacionadas ao uso desse tipo de veículo.
“Vivemos em uma cidade que cresce e se transforma, e, com esse crescimento, aumenta também a complexidade do trânsito. É imprescindível que todos os usuários das vias públicas compreendam seus direitos e deveres para garantir um trânsito mais seguro, humano e responsável”, afirma o vereador Aylton Dadalto, que puxa o debate sobre o tema na Assembleia.