Depois de uma redução no período mais crítico da pandemia de Covid-19, a violência no trânsito voltou a crescer nas rodovias brasileiras. Dados divulgados esta semana pela Fundação Dom Cabral revelam que, em 2024, o número de acidentes superou os registros de 2018.
De acordo com o levantamento, foram contabilizados mais de 56 mil acidentes nas principais rodovias do país no ano passado, contra 51,4 mil ocorrências em 2018. A pesquisa utilizou informações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Mais de 1,7 mil acidentes no ES
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No Espírito Santo, os números também acendem um alerta. Em 2024, foram registrados quase 1,4 mil acidentes na BR-101 e cerca de 380 ocorrências na BR-262. Embora o crescimento total esteja abaixo da média nacional, os dados mostram um avanço preocupante nos casos mais graves.
Entre 2018 e 2024, os acidentes graves aumentaram 13% no Estado, enquanto o número de mortes subiu 10% no mesmo período. Somente no ano passado, 160 pessoas perderam a vida em acidentes nas rodovias federais que cortam o Espírito Santo.
Um dos episódios mais trágicos ocorreu em julho de 2024, na BR-262, em Ibatiba, quando uma van invadiu a contramão e colidiu com um ônibus que transportava torcedores do Corinthians. O acidente deixou três mortos.
O autônomo João Luiz Francisco é um dos sobreviventes e atualmente depende de muletas para se locomover, após perder o movimento do tornozelo no acidente. “Estávamos voltando do jogo no Mineirão, Corinthians x Cruzeiro. Eu só me lembro de ter parado em um posto e depois acordado no hospital”, relatou.
Maioria dos acidentes em pista simples
O estudo também aponta que mais da metade dos acidentes acontece em pistas simples. Para o coordenador de logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, a combinação entre infraestrutura viária deficiente e comportamento imprudente dos motoristas está entre os principais fatores para o aumento da violência no trânsito.
Todas as vezes que nós pudermos duplicar as pistas melhor, porque a diferença entre acidentes mais graves em pistas simples, e mais graves em pistas duplicadas, é muito grande.
Paulo Resende, coordenador de logística da Fundação Dom Cabral
*Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record
