Imagem do cometa interestelar 3I/ATLAS em 21 de julho, captada pelo Hubble. Foto: Reprodução / Nasa
Imagem do cometa interestelar 3I/ATLAS em 21 de julho, captada pelo Hubble. Foto: Reprodução / Nasa

O cometa 3I/ATLAS, de origem interestelar, tem chamado a atenção da comunidade científica por apresentar uma composição química fora do padrão. Segundo o jornal argentino La Nación, a Nasa teria acionado um protocolo de defesa planetária e emitido alertas após observar um comportamento considerado anômalo do objeto.

A informação foi divulgada também no boletim técnico MPEC (2025-U142), publicado na última terça-feira (21) pelo Minor Planet Center de Harvard.

De acordo com o comunicado, a Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN) coordenará um exercício especial de treinamento entre 27 de novembro de 2025 e 27 de janeiro de 2026, com o objetivo de aprimorar a precisão das medições orbitais do cometa. A rede destacou que o 3I/ATLAS apresenta “desafios únicos”, o que torna essencial prever com segurança sua trajetória nas próximas semanas.

Com uma rota hiperbólica, o cometa deve atingir o periélio — ponto em que sua distância ao Sol é mínima — em 29 de outubro de 2025. A CNN Brasil entrou em contato com a Nasa para obter esclarecimentos sobre os alertas; a matéria será atualizada assim que houver retorno.

Composição química fora do comum

Detectado em 1º de julho de 2025 pelo telescópio ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert Survey System), localizado em Río Hurtado, no Chile, o 3I/ATLAS apresentou características químicas surpreendentes. Observações realizadas com o Telescópio Espacial James Webb (JWST) mostraram que sua coma — a nuvem de gás e poeira que envolve o núcleo — é dominada por dióxido de carbono (CO₂), uma concentração inédita em cometas conhecidos.

Os dados indicam que o 3I/ATLAS contém cerca de oito vezes mais dióxido de carbono do que água, superando em mais de seis vezes o limite de variação esperado. Com velocidade superior a 210 mil km/h, os cientistas correm contra o tempo para obter o máximo de informações sobre sua composição antes que ele se afaste novamente do Sistema Solar.

Além de confirmar a origem extrassolar do objeto, o JWST estimou que o cometa possui um núcleo sólido entre 320 metros e 5,6 quilômetros de diâmetro. Também foi detectada emissão de água (na forma de OH) mesmo a mais de três unidades astronômicas do Sol — cerca de 450 milhões de quilômetros de distância.

Possivelmente o cometa mais antigo já registrado

Modelos computacionais desenvolvidos pela equipe responsável por sua descoberta sugerem que o 3I/ATLAS pode ser o cometa mais antigo já observado. Estima-se que ele tenha mais de sete bilhões de anos — o que o tornaria mais velho que o próprio Sistema Solar.

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3i atlas: NASA captura foto de objeto misterioso interestelar na superfície de Marte

Foto: Olivier Hainaut et al./Observatório Europeu do Sul

Em meio ao deserto avermelhado de Marte, uma fotografia capturada por um dos rovers da NASA reacendeu teorias e especulações para além dos horizontes terrestres. Segundo relatos recentes, o veículo teria registrado um objeto que alguns analistas afirmam ter origem interestelar — possivelmente vínculo ao cometa 3I/ATLAS, recém-descoberto e que vem atraindo atenção da comunidade científica.

O suposto “encontro” despertou imediata curiosidade e ceticismo: seria só uma pedra com formato curioso? Um fragmento de hardware? Ou, de fato, indício de algo que cruzou vastas distâncias antes de tocar solo marciano?

O cometa 3I/ATLAS e sua trajetória “extrassolar”

O cometa 3I/ATLAS ganhou notoriedade por ser o terceiro objeto interstelar oficialmente detectado dentro do nosso Sistema Solar, após ʻOumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019).
A trajetória dele é hiperbólica — isto é, ele não está “aprisionado” gravitacionalmente pelo Sol — o que confirma sua origem além do nosso sistema planetário.

De acordo com previsões astronômicas, sua aproximação máxima com Marte ocorreria em 3 de outubro de 2025, com efeito de observações planetárias planejadas para registrar o momento.
Satélites orbitando Marte, como o ExoMars TGO e outras sondas da ESA, já preparavam-se para capturar imagens e dados do cometa durante a passagem.

Observações recentes também notaram que o cometa 3I/ATLAS está começando a formar uma cauda visível, algo que reforça a hipótese de que ices começam a sublimar conforme se aproxima do Sol.

A polêmica captura marciana

Segundo os entusiastas e alguns comunicados informais, as imagens obtidas pelo rover mostrariam um “traço alongado” ou “objeto tubular” sobre a superfície, que alguns interpretam como possível vestígio de 3I/ATLAS ou fragmento relacionado. Em algumas especulações, cita-se inclusive que se trataria de uma projeção composta de múltiplas exposições (ou um “rastro cumulativo”) do objeto em movimento.

Contudo, até o momento não há confirmação oficial da NASA de que o objeto fotografado seja, de fato, ligado ao cometa interestelar. A agência segue mantendo cautela e evitando tirar conclusões precipitadas.

Alguns pontos a considerar:

  • Pareidolia: o fenômeno psicológico de enxergar padrões familiares (como rostos, objetos ou estruturas) em formas aleatórias é bastante conhecido no contexto marciano. Já houve casos documentados de rovers registrando “rochas com formato de capacete”, “tartarugas”, “livros” etc.
  • Limitações técnicas: câmeras dos rovers têm resoluções e ângulos restritos, especialmente em distâncias grandes ou sob condições de luz adversas. O objeto pode ser um artefato óptico, sombra ou deformação da superfície.
  • Trajetória e distância: o cometa passará a dezenas de milhões de quilômetros de Marte — não “tocará” a superfície. Isso torna improvável que qualquer fragmento dele possa efetivamente impactar ou “ser capturado” no solo marciano. 
  • Hipóteses radicais: no debate público, alguns envolvidos extrapolam para teorias audaciosas, como a possibilidade de 3I/ATLAS ser uma nave extraterrestre maquinal. O físico Avi Loeb, por exemplo, é conhecido por especulações desse tipo, embora a comunidade científica majoritária as considere altamente improváveis frente aos dados disponíveis. 

O que dizem os especialistas e o que esperar

Fontes da NASA consultadas por veículos científicos mantêm postura cautelosa: afirmam que “imagens curiosas” são rotina na missão marciana e que cada nova fotografia passa por rigoroso processo de validação. Eventos como esse servem justamente para estimular revisões técnicas e cruzamento de dados com satélites orbitais.

Astrônomos já estudam a possibilidade de sondas orbitais de Marte efetivamente captarem o 3I/ATLAS em múltiplos ângulos, ajudando a determinar sua composição, trajetória exata e origem.
Se for confirmado que o “objeto no solo” tenha qualquer relação com o cometa — algo ainda bastante especulativo — isso poderá abrir novas perspectivas sobre material interestelar depositado em superfícies planetárias.

Leia a matéria completa em: folhavitoria.com.br

Kayra Miranda, repórter do Folha Vitória
Kayra Miranda

Repórter

Jornalista formada pela Faesa, com foco em beleza, saúde e bem-estar. Entusiasta do esporte e curiosa por novos temas.

Jornalista formada pela Faesa, com foco em beleza, saúde e bem-estar. Entusiasta do esporte e curiosa por novos temas.