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Adeus, lipoaspiração: nova cirurgia vira febre e é a mais feita no muito. Mas pode?

Segundo levantamento da ISAPS, blefaroplastia lidera ranking global de cirurgias estéticas em 2024; veja o motivo por trás desse aumento

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Blefaroplastia remove o excesso de pele das pálpebras e melhora o aspecto cansado do olhar/Foto: Canva
Blefaroplastia remove o excesso de pele das pálpebras e melhora o aspecto cansado do olhar/Foto: Canva

A cirurgia plástica para correção das pálpebras, conhecida como blefaroplastia, tornou-se o procedimento estético mais realizado no mundo em 2024.

Pela primeira vez na história, a tradicional lipoaspiração foi superada, sinalizando uma mudança significativa nas prioridades estéticas globais.

De acordo com o relatório anual da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), foram realizadas mais de 2,1 milhões de blefaroplastias em todo o mundo, o que representa um crescimento de 13,4% em relação a 2023. A cirurgia, antes considerada complementar, agora ocupa o centro do palco no universo dos procedimentos estéticos.

O QUE É A BLEFAROPLASTIA

A blefaroplastia é uma cirurgia que visa remover o excesso de pele, músculo e gordura das pálpebras superiores e/ou inferiores, corrigindo sinais de envelhecimento, como flacidez, bolsas e quedas palpebrais. Pode ser feita por razões estéticas ou funcionais, como nos casos em que a pele caída interfere na visão periférica.

A operação é geralmente realizada sob anestesia local com sedação, com duração média de 60 a 90 minutos. As incisões são feitas em locais estratégicos, como as dobras naturais da pálpebra ou abaixo da linha dos cílios, o que permite uma cicatrização discreta.

A recuperação é considerada rápida: edemas e hematomas tendem a regredir nas primeiras semanas, com retorno às atividades cotidianas em cerca de 10 a 14 dias. O resultado definitivo aparece após cerca de três meses.

O relatório da ISAPS traz outro dado surpreendente: a blefaroplastia é agora a cirurgia estética mais realizada por homens. Na população masculina, ela superou procedimentos como a ginecomastia (remoção de tecido mamário) e a lipoaspiração.

Entre as mulheres, a blefaroplastia aparece em segundo lugar, atrás apenas da lipoaspiração, seguida pelo aumento de mamas.

Para a cirurgiã plástica Dra. Elodia Ávila, especialista em longevidade, esse crescimento reflete uma mudança profunda no comportamento estético:

“Essa cirurgia tem sido cada vez mais procurada porque faz uma diferença imediata no rosto. O olhar é uma das regiões mais afetadas pelo envelhecimento. Ao rejuvenescê-lo, o rosto ganha leveza e harmonia”, afirma.

O HISTÓRICO DA CIRURGIA DE PÁLPEBRAS

A blefaroplastia tem origens milenares. Registros de procedimentos similares remontam à medicina egípcia e indiana, mas a cirurgia moderna começou a se desenvolver de forma segura e padronizada a partir do início do século XX.

Na década de 1950, cirurgiões plásticos começaram a aprimorar a técnica, associando-a a outros procedimentos faciais. Com os avanços em anestesia, suturas finas e técnicas menos invasivas, a blefaroplastia se tornou um dos procedimentos com maior índice de satisfação entre os pacientes.

Hoje, a cirurgia é considerada relativamente simples e segura, com baixo índice de complicações, desde que realizada por profissionais qualificados.

FACE EM FOCO: MUDANÇA NAS PREFERÊNCIAS ESTÉTICAS

O relatório da ISAPS aponta que os procedimentos da região da cabeça e face — que incluem blefaroplastia, rinoplastia, lifting facial, otoplastia e implantes de queixo — somaram mais de 7,4 milhões de intervenções em 2024, com crescimento de 4,3%.

Essa tendência tem explicações práticas e culturais. A exposição da face em ambientes digitais, como videoconferências, redes sociais e plataformas de streaming, aumentou a percepção estética sobre o rosto. Em um cenário de comunicação visual constante, olhos cansados ou caídos são percebidos como sinais de desânimo ou envelhecimento.

Além disso, muitos pacientes que investem em procedimentos não invasivos — como botox e preenchimentos com ácido hialurônico — acabam recorrendo à blefaroplastia como uma solução complementar e definitiva para o rejuvenescimento do olhar.

“A cirurgia de pálpebras finaliza o trabalho que o botox ou o preenchedor não conseguem resolver. É o toque cirúrgico para um resultado mais duradouro e natural”, pontua Dra. Elodia Ávila.

A QUESTÃO DA NATURALIDADE

Um dos principais atrativos da blefaroplastia é a naturalidade dos resultados. Quando bem indicada e realizada, ela não altera os traços do paciente, mas suaviza as expressões, conferindo aparência mais descansada.

Além disso, a tendência de resultados sutis tem afastado o estigma de cirurgias plásticas que deixam rostos esticados ou artificialmente transformados.

Segundo dados da ISAPS, os índices de satisfação com a blefaroplastia estão entre os mais altos da cirurgia estética. Complicações sérias são raras, desde que a cirurgia seja feita em ambiente hospitalar e com cirurgião membro da sociedade especializada.

A DEMANDA ENTRE OS MAIS JOVENS

Embora seja mais comum entre pessoas com mais de 40 anos, a blefaroplastia tem atraído pacientes mais jovens, principalmente os que apresentam bolsas de gordura abaixo dos olhos por causas genéticas.

Nesses casos, a indicação é mais estética do que funcional. A cirurgia permite corrigir assimetrias ou características que impactam a autoestima, mesmo em pessoas com menos sinais de envelhecimento.

Além disso, há uma crescente procura por procedimentos que previnam sinais futuros — uma abordagem conhecida como cirurgia preventiva ou estética funcional.

FUTURO DA CIRURGIA ESTÉTICA: TECNOLOGIA E PERSONALIZAÇÃO

Especialistas projetam que o futuro da cirurgia plástica estará cada vez mais pautado por tecnologias de imagem 3D, inteligência artificial e técnicas minimamente invasivas.

Softwares de simulação estética já são utilizados para prever os resultados da blefaroplastia antes da cirurgia. Isso permite maior alinhamento entre expectativa e resultado final.

A personalização dos procedimentos — considerando o biotipo facial, estrutura óssea e dinâmica muscular — também tende a crescer, reduzindo erros e exageros.

UMA NOVA ERA PARA A CIRURGIA FACIAL

A ascensão da blefaroplastia como cirurgia estética mais realizada do mundo não é um fenômeno isolado. Ela reflete uma revalorização da estética facial, mais conectada à identidade pessoal e à expressão emocional do que aos padrões corporais tradicionais.

Além disso, trata-se de um procedimento que une eficiência clínica, sutileza estética e acessibilidade técnica, o que a torna uma opção viável para um número crescente de pessoas ao redor do mundo.

“A cirurgia das pálpebras não é mais um detalhe. Ela se tornou central. E com os avanços na técnica, o que antes era tabu ou sinal de vaidade excessiva, hoje é encarado como um cuidado com a saúde emocional e visual”, finaliza a especialista Dra. Elodia Ávila.

OUTRAS CIRURGIAS PLÁSTICAS EM ASCENSÃO EM 2025

Além da blefaroplastia, o relatório da ISAPS 2024 aponta outras cirurgias estéticas que vêm registrando forte crescimento em diversos países. A seguir, um panorama das mais relevantes:

Enxerto de gordura facial (lipofilling facial)
Apresentou um crescimento de mais de 19% no último ano. O procedimento utiliza a própria gordura do paciente, retirada de áreas como abdômen ou coxas, para preencher sulcos, olheiras e devolver volume ao rosto de maneira natural e duradoura.

Rinoplastia (cirurgia do nariz)
Com aproximadamente 1 milhão de procedimentos realizados em 2024, a rinoplastia permanece entre as mais procuradas globalmente. O destaque vai para as técnicas estruturadas e preservadoras, que buscam refinar o nariz mantendo sua funcionalidade e naturalidade.

Lipoaspiração de alta definição (Lipo HD)
Embora tenha perdido a liderança, a lipoaspiração ainda figura entre os procedimentos mais realizados. A versão HD, voltada para definir musculatura abdominal e corporal com mais precisão, é especialmente procurada por pacientes que buscam contornos atléticos.

Laísa Menezes, repórter do Folha Vitória
Laísa Menezes

Repórter

Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Viçosa, pós-graduanda em Branding pela Universidade Castelo Branco, Alumni do Susi Leaders (Ed. 2023). Atua no Folha Vitória desde maio de 2024.

Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Viçosa, pós-graduanda em Branding pela Universidade Castelo Branco, Alumni do Susi Leaders (Ed. 2023). Atua no Folha Vitória desde maio de 2024.