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Vizinhos não querem os Nardoni no bairro em que vivem, em SP

A liberdade do casal Nardoni causa polêmica em São Paulo. Moradores organizam abaixo-assinado e rejeitam a convivência com os condenados por assassinato

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Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá
Foto: Reprodução

Moradores do bairro de Santana, região de classe alta na Zona Norte de São Paulo, estão divididos com a presença de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, agora vivendo em regime aberto. O casal, condenado pela morte de Isabella Nardoni em 2008, retornou a uma vida mais próxima da normalidade, mas não sem resistência: vizinhos se sentem incomodados com a situação.

LIBERDADE CONDICIONAL GERA SENTIMENTO DE IMPUNIDADE

Enquanto parte da vizinhança apoia a ideia de ressocialização, alegando que cumprir pena inclui voltar ao convívio social, outros tantos dizem sentir medo, indignação e insegurança. Muitos reclamam que a convivência é desconfortável e que ver o casal circulando mesmo discretamente parece um “erro de justiça”, afirma uma das moradoras.

A MOBILIZAÇÃO: ABAIXO-ASSINADO E PEDIDOS FORMAIS

Para expressar sua insatisfação, moradores já reuniram mais de duas mil assinaturas em um abaixo-assinado enviado ao Ministério Público. Eles pedem medidas como a imposição de tornozeleira eletrônica, avaliação psiquiátrica do casal e até regressão de regime, entendendo que a progressão não está sendo coerente com o impacto psicológico que a presença deles causa.

Apesar disso, a Justiça reafirmou que Alexandre e Anna estão dentro das condições legais permitidas para liberdade. Recurso segue em análise, mas por ora não há mudança de decisão.

PADRÃO DE VIDA DISCRETO, MAS VISIBILIDADE REAL

Embora o casal tente manter uma rotina reservada, eles foram vistos em espaços públicos, fazendo compras e algumas outras pequenas interações. Isso tem alimentado o desconforto dos moradores, que além de manifestarem seu mal-estar, também fazem vídeos do casal em meio às suas atividades cotidianas.

RELEMBRANDO O CASO ISABELLA NARDONI

O crime que chocou o Brasil aconteceu em março de 2008, em São Paulo. Isabella Nardoni, de apenas 5 anos, foi jogada do sexto andar do prédio onde o pai, Alexandre Nardoni, vivia com a madrasta, Anna Carolina Jatobá.

A investigação apontou que a menina sofreu agressões antes da queda. O caso gerou enorme repercussão nacional, mobilizando a opinião pública e atraindo uma intensa cobertura da imprensa.

Em 2010, Alexandre Nardoni foi condenado a 31 anos de prisão, e Anna Carolina Jatobá a 26 anos e 8 meses, ambos por homicídio qualificado. Eles nunca confessaram o assassinato. A decisão da Justiça foi vista como um marco na luta contra a impunidade em crimes contra crianças.

Depois de mais de uma década presos, os dois conseguiram progressão de regime e atualmente cumprem pena em liberdade condicional. Foi justamente esse retorno ao convívio social que reacendeu a polêmica e a rejeição por parte dos vizinhos.

LINHA DO TEMPO DO CASO NARDONI

  • Março de 2008 – Isabella Nardoni, de 5 anos, morreu após ser jogada do sexto andar de um prédio na Zona Norte de São Paulo. O caso choca o país.
  • Abril de 2008 – Após investigação policial, Alexandre Nardoni (pai) e Anna Carolina Jatobá (madrasta) foram presos preventivamente.
  • Março de 2010 – O julgamento aconteceu em São Paulo, com ampla cobertura da mídia. Alexandre é condenado a 31 anos de prisão e Anna Carolina a 26 anos e 8 meses, ambos por homicídio qualificado.
  • 2017 – Anna Carolina Jatobá obtém progressão para o regime semiaberto.
  • 2019 – Alexandre Nardoni também consegue o direito ao regime semiaberto.
  • 2022 – Ambos passam a gozar de saídas temporárias em datas comemorativas.
  • 2025 – O casal conquista a progressão para o regime aberto, podendo viver fora da prisão sob condições legais.

O QUE DIZ A LEI SOBRE A LIBERDADE DO CASAL NARDONI

Segundo advogados criminalistas, o regime aberto ou semiaberto não significa impunidade. No Brasil, a progressão de regime é um direito garantido pela Lei de Execução Penal para qualquer condenado que cumpra determinados requisitos, como:

  • cumprimento de parte da pena (fração varia conforme o crime);
  • bom comportamento durante a prisão;
  • ausência de faltas graves.

No caso do casal Nardoni, ambos já cumpriram mais de 15 anos da pena, o que juridicamente lhes dá direito à progressão. Porém, na prática, muitos brasileiros sentem que isso não é suficiente para apagar a gravidade do crime. Especialistas lembram que a ressocialização é parte essencial da justiça, mas casos como esse geram forte resistência social.

Para os moradores do bairro, o desconforto não é apenas com a presença física do casal, mas com a lembrança constante de um episódio que chocou o país. 

ELES PODEM PERDER O DIREITO À LIBERDADE?

Sim. Eles continuam cumprindo a pena, mas em regime aberto, o que significa que devem seguir regras como manter endereço fixo, não sair da cidade sem autorização e comparecer periodicamente à Justiça. Caso descumpram alguma das condições impostas pela Justiça ou cometam nova infração, podem regredir para o regime fechado.

O CASO PODE VOLTAR A SER JULGADO?

Não. O processo já foi julgado e a sentença é definitiva. O que pode mudar é apenas a forma de cumprimento da pena. O uso da tornozeleira eletrônica, como os moradores querem, também não pode ser pedido atualmente, já que a Justiça entende que não é necessário.

Jonathan Robert

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Trabalha com SEO e conteúdo desde 2020. Entre os interesses estão tecnologia, viagens, turismo, entretenimento e bem-estar.

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Trabalha com SEO e conteúdo desde 2020. Entre os interesses estão tecnologia, viagens, turismo, entretenimento e bem-estar.