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Catador de lixo mostra o que moradores de bairros ricos dos EUA jogam fora e viraliza

Tucker Upper compartilha nas redes sociais os móveis, roupas e itens de luxo que encontra pelas ruas

Leitura: 7 Minutos
Reprodução/Instagram/@tuckerfupper
Reprodução/Instagram/@tuckerfupper

Um morador da Pensilvânia, nos Estados Unidos, vem chamando atenção ao transformar um hábito curioso em conteúdo digital.

Segundo inforações divulgadas pelo Portal R7 Notícias, James Graef, mais conhecido como Tucker Upper, tornou-se influenciador ao compartilhar nas redes sociais os objetos que encontra no lixo de bairros ricos americanos. Entre os achados estão desde móveis em ótimo estado até tênis de marcas de luxo.

Em um cenário de consumo acelerado, no qual objetos descartados ainda têm alto valor, as imagens viralizam facilmente, despertando tanto admiração quanto reflexão.

A ORIGEM DO HÁBITO

A prática de buscar objetos descartados não surgiu por acaso. Desde a infância, Tucker foi incentivado pelo avô a visitar brechós e observar o que vizinhos descartavam. Esse contato inicial despertou nele o gosto por garimpar objetos e perceber valor onde muitos enxergam apenas descarte.

Na adolescência, a atividade ganhou contornos de renda extra. Tucker passou a recolher sucata e revender materiais, unindo necessidade econômica e espírito empreendedor. Aos poucos, o hábito de resgatar itens foi crescendo, até se transformar em estilo de vida e, mais tarde, em conteúdo digital para milhões de internautas.

O QUE É ENCONTRADO NO LIXO DE LUXO

Os objetos encontrados por Tucker variam bastante, mas há um padrão: muitos deles estão em bom estado e poderiam facilmente ser reutilizados. Entre os achados já mostrados nas redes, destacam-se uma bicicleta rara, um conjunto completo de tacos de golfe, uma cômoda intacta e diversos eletrônicos ainda funcionais.

Livros, roupas de grife, sofás e até instrumentos musicais também já apareceram nos vídeos. Parte da decoração da casa de Tucker, inclusive, é composta por móveis resgatados diretamente do lixo das ruas de bairros milionários.

OS BAIRROS VISITADOS

O influenciador costuma procurar itens em áreas conhecidas pelas mansões e alto poder aquisitivo de seus moradores. Entre elas estão Stone Harbor e Avalon, regiões litorâneas de alto padrão. Nessas localidades, a circulação de objetos de luxo é maior, e o descarte de bens em bom estado torna-se mais frequente.

Tucker afirma que o fim do verão é a época mais favorável para encontrar verdadeiras relíquias. Isso porque muitos moradores aproveitam a troca de estação para renovar móveis e roupas, descartando aquilo que não utilizam mais.

MAIS DO QUE DIVERSÃO: UM ATO DE CONSCIÊNCIA

Para Tucker, garimpar no lixo vai além da emoção da descoberta ou da possibilidade de revenda. Ele defende que sua prática é também um ato de consciência ambiental, já que ajuda a evitar o desperdício e prolonga a vida útil de objetos que poderiam parar em aterros sanitários.

O influenciador afirma que o consumismo desenfreado não é sustentável e que reutilizar bens descartados é uma forma de contribuir para um planeta mais equilibrado. Seu discurso encontra eco em debates atuais sobre economia circular, sustentabilidade e reaproveitamento de recursos.

O IMPACTO NAS REDES SOCIAIS

O perfil de Tucker Upper acumula milhares de seguidores no Instagram, YouTube e TikTok. O carisma, aliado ao conteúdo inusitado, conquistou não apenas espectadores curiosos, mas também aqueles que se identificam com a proposta de consumo consciente.

Cada vídeo é uma mistura de entretenimento e crítica social. A audiência acompanha tanto a expectativa da busca quanto a revelação dos objetos encontrados, em uma espécie de “caça ao tesouro moderna”. Essa narrativa ajuda a manter a popularidade do canal e amplia a discussão sobre os limites do descarte e da reutilização.

A CULTURA DO DESPERDÍCIO NOS ESTADOS UNIDOS

Os Estados Unidos estão entre os países que mais produzem lixo no mundo. De acordo com relatórios de agências internacionais, cada americano gera, em média, mais de dois quilos de resíduos por dia. O descarte de móveis, roupas e eletrônicos em bom estado é comum, especialmente em bairros de alta renda.

Essa realidade se conecta ao fenômeno conhecido como dumpster diving, termo em inglês para a prática de buscar alimentos ou objetos descartados em lixeiras e contêineres. Embora seja muitas vezes associado a situações de necessidade, o movimento também é adotado por pessoas que questionam o desperdício e defendem um consumo mais sustentável.

ECONOMIA CIRCULAR E O PAPEL DOS INFLUENCIADORES

Ao transformar a prática em conteúdo, Tucker amplia o alcance da mensagem sobre economia circular — modelo que propõe prolongar o ciclo de vida dos produtos por meio de reuso, reciclagem e reaproveitamento.

Especialistas apontam que influenciadores digitais têm papel relevante ao tornar esse debate mais próximo do público. Ao mostrar, de forma prática, que muitos itens descartados ainda têm utilidade, Tucker ajuda a estimular reflexões sobre os padrões de consumo da sociedade contemporânea.

UMA TENDÊNCIA GLOBAL

A valorização de práticas sustentáveis não se restringe aos Estados Unidos. Em diversos países, iniciativas semelhantes buscam dar novo destino a objetos e reduzir o desperdício. No Brasil, por exemplo, brechós, bazares e aplicativos de compra e venda de usados têm crescido de forma expressiva, impulsionados pela busca por economia e pelo desejo de consumo mais consciente.

A diferença é que, enquanto em alguns locais prevalece a venda e troca, em bairros ricos dos EUA o simples ato de colocar móveis intactos na calçada já gera oportunidades para quem, como Tucker, enxerga valor no que foi descartado.

CONSELHOS PARA QUEM QUER COMEÇAR

Para quem deseja se aventurar no universo do garimpo de rua, Tucker recomenda atenção especial aos dias de coleta em massa organizados pelas prefeituras. Nessas datas, os moradores colocam em calçadas móveis, eletrodomésticos e outros objetos volumosos que não são recolhidos na coleta comum.

Segundo ele, essas ocasiões oferecem a melhor oportunidade para encontrar itens de valor antes que sejam levados pelos caminhões de lixo. O influenciador também reforça a importância da curiosidade: só é possível saber o que há disponível indo até o local.

DESAFIOS E POLÊMICAS

Apesar do sucesso, a prática não está isenta de críticas. Algumas pessoas consideram invasiva ou anti-higiênica a ideia de recolher objetos descartados. Há também debates sobre a legalidade do dumpster diving, já que em algumas cidades dos EUA podem existir restrições específicas ao recolhimento de itens da rua.

Tucker, no entanto, destaca que procura apenas objetos deixados em locais públicos e claramente destinados ao descarte. Para ele, a prática não é apenas legítima, mas necessária em um contexto de consumismo excessivo e impactos ambientais crescentes.

O SIGNIFICADO DE “TESOUROS”

O que chama atenção nos vídeos de Tucker não são apenas os itens de valor material, mas também o simbolismo do que é descartado. Ao mostrar uma cômoda intacta, uma bicicleta rara ou um conjunto de tacos de golfe completo sendo jogados fora, ele revela a lógica de abundância e desperdício que caracteriza parte da sociedade de consumo.

Os “tesouros” encontrados representam, ao mesmo tempo, oportunidades e contradições. São símbolos de status que perdem valor rapidamente, mas também exemplos de como o reuso pode prolongar a utilidade e reduzir impactos ambientais.

Laísa Menezes, repórter do Folha Vitória
Laísa Menezes

Repórter

Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Viçosa, pós-graduanda em Branding pela Universidade Castelo Branco, Alumni do Susi Leaders (Ed. 2023). Atua no Folha Vitória desde maio de 2024.

Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Viçosa, pós-graduanda em Branding pela Universidade Castelo Branco, Alumni do Susi Leaders (Ed. 2023). Atua no Folha Vitória desde maio de 2024.