Com o avanço da idade, manter o controle da saúde metabólica e cardiovascular torna-se uma prioridade para muitas pessoas. Entre os maiores desafios enfrentados pela população com mais de 60 anos estão o diabetes tipo 2 e a hipertensão arterial, duas condições crônicas que exigem acompanhamento constante, mudanças de hábitos e, em alguns casos, tratamento medicamentoso.
Enquanto a medicina tradicional cumpre seu papel essencial, cresce o interesse por alternativas naturais que possam complementar esses cuidados. Entre elas, os chás se destacam por sua simplicidade, fácil preparo e propriedades terapêuticas.
Mas nem todo chá é indicado para pessoas com diabetes e pressão alta ao mesmo tempo. Alguns ingredientes naturais, apesar de populares, podem elevar a pressão arterial ou interferir com medicamentos.
Diante disso, uma série de ervas e combinações específicas têm ganhado atenção por apresentarem ação reguladora da glicemia sem comprometer a saúde cardiovascular. Essas opções vêm sendo utilizadas como suporte complementar para quem busca equilíbrio metabólico e bem-estar de forma natural e segura.
A RELAÇÃO ENTRE CHÁS, GLICEMIA E PRESSÃO ARTERIAL
Muitos chás possuem compostos bioativos que influenciam diretamente os sistemas endócrino e circulatório. Polifenóis, flavonoides e antioxidantes presentes em determinadas plantas têm demonstrado, em estudos, propriedades hipoglicemiantes e hipotensoras, ou seja, capazes de auxiliar na redução dos níveis de açúcar no sangue e da pressão arterial.
No entanto, é essencial ter cautela. Alguns chás comumente usados para controlar a glicemia, como o chá verde ou o mate, podem conter cafeína, que tende a elevar a pressão arterial em pessoas sensíveis. Por isso, a escolha deve considerar os dois aspectos da saúde: o controle do diabetes e a estabilidade da pressão.
ERVAS SEGURAS PARA QUEM TEM DIABETES E HIPERTENSÃO
Entre as opções mais recomendadas para o público 60+ que convive com diabetes e hipertensão, algumas plantas se destacam pela ação dupla, regulando a glicemia e ajudando na dilatação dos vasos sanguíneos ou na eliminação de sódio pelo organismo.
CHÁ DE HIBISCO
O hibisco é amplamente conhecido por sua ação diurética, que ajuda a eliminar o excesso de líquidos e, por consequência, pode auxiliar na redução da pressão arterial. Além disso, possui antocianinas e polifenóis que contribuem para o controle glicêmico.
Estudos apontam que o chá de hibisco pode favorecer a melhora da sensibilidade à insulina e ajudar na redução de triglicerídeos e colesterol, fatores importantes para diabéticos. No entanto, o consumo deve ser moderado e feito sem adoçantes, especialmente para quem faz uso de medicamentos diuréticos ou para pressão.
CHÁ DE FOLHA DE AMORA
A folha de amora tem se consolidado como uma das opções mais eficazes no suporte ao controle da glicose, principalmente entre pessoas idosas. Rica em flavonoides e compostos fenólicos, a planta apresenta efeito hipoglicemiante comprovado em diferentes estudos. Além disso, não há contraindicação específica para hipertensos.
A infusão da folha de amora pode ser consumida duas vezes ao dia, preferencialmente antes das refeições. É suave, não contém cafeína e pode ser combinada com outras ervas de efeito calmante.
CHÁ DE JAMBOLÃO
O jambolão, fruto da árvore Syzygium cumini, também é conhecido por suas propriedades de controle glicêmico. As folhas da planta, em especial, têm sido estudadas por sua capacidade de auxiliar na regulação da produção de insulina.
O chá de folhas de jambolão tem sabor levemente adstringente e pode ser uma opção para substituir bebidas industrializadas. Além de contribuir para a estabilização da glicose, não apresenta efeitos colaterais conhecidos sobre a pressão arterial, sendo considerado seguro para o consumo de idosos com histórico de hipertensão.
CHÁ DE CANELA COM CRAVO (EM DOSES MODERADAS)
Embora a canela seja associada ao aumento da pressão arterial em grandes quantidades, o uso controlado de chá de canela com cravo pode trazer benefícios importantes para diabéticos. A canela é rica em antioxidantes e apresenta efeito potencial na redução da glicemia de jejum.
A combinação com o cravo intensifica os efeitos anti-inflamatórios e digestivos. No entanto, para pessoas hipertensas, a recomendação é limitar o consumo a uma xícara por dia e sempre observar a resposta do organismo. Pessoas que utilizam medicamentos para pressão devem consultar um médico antes de incorporar esse chá na rotina.
COMO PREPARAR OS CHÁS DE FORMA SEGURA
A preparação correta dos chás é tão importante quanto a escolha da planta. A infusão, método mais indicado para folhas e flores, preserva as propriedades ativas sem extrair compostos indesejados, como taninos em excesso.
A proporção segura costuma ser de 1 colher de sopa da erva seca para cada xícara de água quente (cerca de 200 ml). A água deve ser aquecida até começar a ferver, mas o fogo deve ser desligado antes da fervura total. A erva é então adicionada, a infusão é tampada e o chá deve descansar por cerca de 10 minutos antes de ser coado e consumido.
Para raízes ou cascas, como ocorre em algumas versões do jambolão, o ideal é fazer uma decocção: ferver a planta na água por alguns minutos para extrair os princípios ativos.
A IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO E DO CONSUMO REGULAR
Os efeitos dos chás não são imediatos como os de medicamentos, mas sim progressivos. Por isso, o consumo deve ser contínuo e acompanhado por medições periódicas da glicose e da pressão arterial. Essa rotina ajuda a identificar se a bebida está colaborando positivamente com o tratamento convencional.
É importante também respeitar a quantidade. Ingerir grandes volumes de chá ao longo do dia pode sobrecarregar os rins ou interferir na absorção de nutrientes. O ideal é limitar o consumo a duas ou três xícaras por dia, salvo orientação contrária de um profissional de saúde.
OUTROS CUIDADOS COMPLEMENTARES
Embora os chás possam ser aliados poderosos no controle do diabetes e da hipertensão, eles não substituem hábitos fundamentais para a saúde da pessoa idosa. Uma alimentação rica em vegetais, frutas com baixo índice glicêmico, grãos integrais e proteínas magras é essencial.
A prática regular de exercícios físicos moderados, como caminhadas, também ajuda a controlar a glicose e a pressão. Além disso, o controle do estresse e a qualidade do sono são aspectos muitas vezes negligenciados, mas que impactam diretamente a saúde metabólica.