
A reposição hormonal é uma das alternativas mais procuradas por mulheres que enfrentam os desconfortos da menopausa, como ondas de calor, insônia e mudanças de humor. No entanto, o assunto ainda gera muitas dúvidas e receios, especialmente sobre possíveis riscos como câncer de mama e trombose.
Nos últimos anos, pesquisas científicas têm mostrado que o tratamento pode, sim, ser seguro e benéfico, desde que indicado e acompanhado por um médico especialista. Mas entender quando vale a pena e quais cuidados adotar é essencial antes de iniciar qualquer terapia.
COMO FUNCIONA A REPOSIÇÃO HORMONAL
A reposição hormonal é um tratamento utilizado para equilibrar os níveis de estrogênio e progesterona, hormônios que naturalmente diminuem durante a menopausa. Essa queda é a principal responsável por sintomas como ondas de calor, irritabilidade, ressecamento vaginal e perda de massa óssea.
A terapia pode ser feita de várias formas com comprimidos, adesivos, géis ou implantes e deve ser personalizada de acordo com o histórico clínico de cada mulher. O objetivo é aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida, sem exageros e dentro da faixa segura de dosagem.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o acompanhamento médico é fundamental. A automedicação ou o uso de hormônios sem avaliação individual podem causar desequilíbrios e aumentar riscos que poderiam ser evitados.
REPOSIÇÃO HORMONAL E O RISCO DE CÂNCER DE MAMA
Esse é um dos maiores temores quando o assunto é terapia hormonal. Estudos apontam que o uso prolongado de hormônios combinados (estrogênio + progesterona) pode elevar discretamente o risco de câncer de mama, especialmente em tratamentos feitos por mais de 5 anos.
No entanto, especialistas ressaltam que o risco é muito menor do que se imagina, e depende de vários fatores: idade da paciente, tipo de hormônio utilizado, tempo de uso e histórico familiar.
Para mulheres jovens, com início precoce de menopausa ou sintomas intensos, os benefícios da reposição costumam superar os riscos. Já para quem tem histórico de câncer de mama na família, o ideal é discutir alternativas não hormonais com o ginecologista ou endocrinologista.
REPOSIÇÃO HORMONAL E O RISCO DE TROMBOSE
Outro ponto de atenção é a relação entre a reposição hormonal e a formação de coágulos sanguíneos, que podem levar à trombose venosa. O risco existe, mas depende muito da via de administração e do perfil de saúde da paciente.
De modo geral, a reposição feita por via oral (comprimidos) tende a aumentar levemente a chance de trombose, pois os hormônios passam primeiro pelo fígado, interferindo em fatores de coagulação. Já os métodos transdérmicos, como adesivos e géis aplicados na pele, têm um impacto muito menor, sendo considerados mais seguros para quem tem predisposição.
Especialistas orientam que mulheres fumantes, com sobrepeso, varizes, histórico familiar de trombose ou problemas cardíacos redobrem o cuidado. Nessas situações, o médico pode optar por ajustar as doses ou recomendar alternativas naturais e não hormonais.
Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o segredo está em uma avaliação personalizada, com exames prévios e acompanhamento regular. Dessa forma, é possível usufruir dos benefícios hormonais sem comprometer a segurança cardiovascular.
COMO USAR A REPOSIÇÃO HORMONAL COM SEGURANÇA
Antes de iniciar o tratamento, alguns cuidados são essenciais:
- Consulta médica detalhada: o médico deve avaliar histórico de câncer, doenças hepáticas, trombose, colesterol e pressão arterial.
- Escolha do método ideal: adesivos, géis e implantes geralmente oferecem menor risco cardiovascular.
- Acompanhamento contínuo: exames de sangue, mamografias e avaliações de rotina devem ser realizados periodicamente.
- Estilo de vida saudável: alimentação equilibrada, exercícios regulares e não fumar reduzem significativamente os riscos.
- Alternativas naturais: em alguns casos, fitoterápicos e ajustes no estilo de vida ajudam a aliviar sintomas sem o uso de hormônios sintéticos.
O EQUILÍBRIO É O SEGREDO
A reposição hormonal não deve ser vista como vilã, nem como solução mágica. Quando feita com orientação profissional e no momento certo, pode transformar a qualidade de vida da mulher na menopausa, ajudando a manter energia, humor e saúde óssea em dia.
O mais importante é individualizar o tratamento, entendendo que cada corpo reage de maneira diferente. Com orientação médica, informação de qualidade e acompanhamento regular, é possível desfrutar dos benefícios da reposição com segurança e tranquilidade.
QUEM PODE (OU NÃO) FAZER REPOSIÇÃO HORMONAL?
Nem toda mulher é candidata ideal à terapia hormonal. O tratamento é mais indicado para aquelas que enfrentam sintomas intensos da menopausa, como ondas de calor, insônia, irritabilidade e perda de libido, que afetam diretamente a qualidade de vida.
No entanto, há situações em que o uso deve ser evitado ou realizado com extrema cautela. Mulheres que já tiveram câncer de mama, de endométrio, trombose, embolia pulmonar ou doenças hepáticas graves geralmente não devem iniciar o tratamento.
Nesses casos, o médico pode propor alternativas naturais ou estratégias que reduzam o impacto dos sintomas sem recorrer aos hormônios.
Vale lembrar que cada caso é único, e o que funciona para uma paciente pode não ser adequado para outra. A reposição hormonal deve ser encarada como parte de um plano de saúde integral, e não apenas como uma solução isolada.
SINAIS DE QUE ALGO NÃO VAI BEM
Mesmo quando bem indicada, a reposição hormonal requer atenção aos sinais do corpo. Sintomas como inchaço excessivo, dores de cabeça frequentes, sensibilidade mamária, mudanças de humor e ganho de peso rápido podem indicar desequilíbrio hormonal ou dose inadequada.
Quando isso acontece, o médico deve ser procurado imediatamente para reavaliar o tipo de hormônio, o método de aplicação e os ajustes necessários. Ignorar esses sinais pode aumentar os riscos e comprometer os resultados a longo prazo.
QUANTO TEMPO DURA O TRATAMENTO COM REPOSIÇÃO HORMONAL?
Não existe um tempo fixo. A duração depende da intensidade dos sintomas e da resposta individual de cada paciente. Em média, o tratamento é mantido por três a cinco anos, mas pode ser interrompido ou ajustado a qualquer momento, conforme a orientação médica.
A REPOSIÇÃO HORMONAL ENGORDA?
Não necessariamente. O que pode ocorrer é uma retenção temporária de líquidos nos primeiros meses de uso. No entanto, o ganho de peso está muito mais relacionado ao metabolismo mais lento da menopausa e à falta de atividade física do que aos hormônios em si.
EXISTEM FORMAS NATURAIS DE REPOSIÇÃO HORMONAL?
Sim. Algumas mulheres optam por fitohormônios, substâncias naturais com ação semelhante à dos hormônios humanos, encontradas em alimentos como soja, linhaça e inhame. Embora mais suaves, elas também exigem acompanhamento médico, pois podem interferir em outras condições hormonais.