
O mês de agosto é marcado pela campanha Agosto Verde Claro, voltada à conscientização sobre os linfomas, tipo de câncer que afeta o sistema linfático, estrutura fundamental para a defesa do organismo.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil deve registrar mais de 15 mil novos casos de linfoma em 2025, somando as diferentes variantes da doença.
Embora seja menos falado do que outros tipos de câncer, os linfomas estão entre os tumores hematológicos mais comuns no país. Eles podem afetar pessoas de diferentes idades, com sintomas que, muitas vezes, passam despercebidos nas fases iniciais.
A campanha tem como objetivo reforçar o conhecimento sobre os principais sinais de alerta e estimular o diagnóstico precoce, que impacta diretamente as chances de cura.
ENTENDENDO OS LINFOMAS: DE HODGKIN E NÃO-HODGKIN
Os linfomas são divididos em dois grandes grupos: Linfoma de Hodgkin (LH) e os Linfomas Não-Hodgkin (LNH). A principal diferença entre eles está na forma como as células cancerosas se organizam e se espalham.
No caso do Linfoma de Hodgkin, o avanço da doença costuma seguir uma progressão ordenada de um grupo de linfonodos para outro. Já os Linfomas Não-Hodgkin apresentam um padrão de disseminação mais desorganizado, podendo afetar diferentes áreas do organismo simultaneamente.
Ambos os tipos têm origem nos linfócitos, células responsáveis pela defesa imunológica. Quando sofrem mutações genéticas, essas células passam a se reproduzir de maneira descontrolada, formando tumores que comprometem o sistema linfático e, por consequência, a imunidade.
FATORES DE RISCO E ORIGENS AINDA DESCONHECIDAS
A ciência ainda não determinou completamente as causas que levam ao desenvolvimento dos linfomas. No entanto, alguns fatores de risco já são reconhecidos e podem aumentar a probabilidade do surgimento da doença. Entre eles:
- Infecção pelo vírus Epstein-Barr (associado à mononucleose);
- Infecção pelo HTLV-1, vírus que afeta células do sangue;
- Presença da bactéria Helicobacter pylori, relacionada a úlceras gástricas;
- Imunossupressão causada por medicamentos ou doenças como HIV/AIDS;
- Histórico de transplantes e uso prolongado de imunossupressores.
Além disso, fatores genéticos e ambientais também são investigados como possíveis gatilhos. Em idosos, por razões ainda não totalmente esclarecidas, a incidência de Linfomas Não-Hodgkin duplicou nos últimos 25 anos.
DIAGNÓSTICO ENVOLVE VÁRIOS EXAMES
Detectar os linfomas nem sempre é tarefa simples. Como muitos de seus sintomas podem ser confundidos com outras condições benignas, o diagnóstico pode demorar. Ele costuma envolver:
- Exame físico, especialmente avaliação de linfonodos aumentados;
- Exames de sangue, que podem revelar anemia ou alterações nos leucócitos;
- Tomografias e PET scans, para localizar áreas afetadas;
- Biópsia de linfonodos, essencial para identificar o tipo de célula cancerosa.
A variedade de subtipos (existem dezenas entre os Linfomas Não-Hodgkin) exige um diagnóstico preciso para definir o tratamento ideal.
TRATAMENTO INCLUI QUIMIOTERAPIA, IMUNOTERAPIA E TRANSPLANTE
O tratamento dos linfomas varia conforme o tipo, estágio e saúde geral do paciente. Entre as abordagens terapêuticas mais utilizadas estão:
- Quimioterapia, frequentemente combinada com medicamentos imunoterápicos;
- Imunoterapia, que utiliza anticorpos para atacar células doentes;
- Radioterapia, em casos localizados;
- Transplante de medula óssea, para casos resistentes ou recidivantes.
Nos últimos anos, o desenvolvimento de novas terapias-alvo e imunobiológicos tem proporcionado melhores taxas de resposta, inclusive em pacientes com linfomas agressivos.
SINTOMAS PODEM SER CONFUNDIDOS COM OUTRAS DOENÇAS
Um dos maiores desafios no enfrentamento dos linfomas é a inespecificidade dos sintomas iniciais. Em muitos casos, os primeiros sinais se manifestam de forma sutil ou são confundidos com infecções comuns.
Por isso, é essencial atenção a sintomas persistentes ou que se agravem com o tempo. Os sinais clássicos de alerta para linfomas incluem:
ÍNGUAS AUMENTADAS
O aumento de linfonodos – popularmente chamados de “ínguas” – é um dos principais sinais da doença. Eles podem ser percebidos no pescoço, axilas ou virilha, geralmente de forma indolor.
SUDORESE NOTURNA
A transpiração intensa durante a noite, mesmo em ambientes frescos, é um sinal característico dos linfomas. Pode ser acompanhada de febre baixa ou sensação de calor inexplicável.
FEBRE PROLONGADA
Febre sem causa aparente, que persiste por semanas, deve sempre ser investigada. No caso dos linfomas, pode ocorrer de forma intermitente.
EMAGRECIMENTO SEM MOTIVO
Perder peso sem alterações na dieta ou prática de exercícios é outro sintoma que acende alerta. Em alguns casos, a perda pode ser rápida e significativa.
COCEIRA GENERALIZADA
Menos comum, mas igualmente relevante, a coceira na pele (prurido) pode ser sintoma de linfomas, especialmente quando não há lesões visíveis que justifiquem o incômodo.
INCIDÊNCIA VARIA POR IDADE
A distribuição etária dos linfomas é diferente conforme o subtipo:
- O Linfoma de Hodgkin costuma afetar jovens entre 15 e 39 anos, além de idosos acima de 65.
- Já os Linfomas Não-Hodgkin são mais frequentes a partir dos 60 anos.
A identificação precoce é essencial em todas as faixas etárias, mas especialmente entre os idosos, onde a resposta ao tratamento pode ser mais delicada devido à presença de comorbidades.
HISTÓRIA DE PACIENTES REFORÇA IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE
Casos de pacientes diagnosticados com linfoma frequentemente relatam uma jornada longa até o diagnóstico, reforçando a necessidade de atenção médica diante de sintomas persistentes. O relato de Márcia Matos, aposentada que enfrentou a doença aos 60 anos, exemplifica essa realidade: de ínguas e suor noturno a transfusões de sangue e sessões de quimioterapia.
Situações como a dela evidenciam que, mesmo diante de sintomas comuns, a persistência e a intensificação de sinais devem sempre ser levadas a sério.
ALERTA PARA PROFISSIONAIS E PACIENTES
A campanha do Agosto Verde Claro também visa engajar profissionais de saúde, que muitas vezes são os primeiros a identificar alterações nos exames ou queixas dos pacientes. Estímulo à formação contínua e ao uso de protocolos de investigação são estratégias fundamentais para encurtar o tempo entre os primeiros sintomas e o diagnóstico.
Do lado dos pacientes, o conhecimento dos sinais de alerta e a busca por avaliação médica ao notar alterações persistentes no corpo podem fazer toda a diferença.
IDENTIFICAÇÃO PRECOCE
A identificação precoce de alterações no corpo, especialmente em relação aos sintomas descritos, pode ser determinante para o sucesso no tratamento dos linfomas.
Diante de sinais persistentes como ínguas aumentadas, suores noturnos, febres recorrentes, coceira inexplicada ou emagrecimento sem motivo, é fundamental procurar orientação médica especializada.
Somente um profissional da saúde poderá realizar os exames necessários para um diagnóstico preciso e indicar o tratamento mais adequado.