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Gripe aviária no Brasil: é seguro comer frango e ovos? Especialista explica riscos e cuidados

Especialistas garantem que o consumo desses alimentos continua sendo seguro, desde que sejam respeitadas o modo de preparo

(Foto: Reprodução/Meta IA)
(Foto: Reprodução/Meta IA)

Com o avanço da gripe aviária no Brasil, cresce a preocupação da população quanto ao consumo de produtos de origem avícola, como carne de frango e ovos. A confirmação de novos casos da doença em aves silvestres e de criação gerou alertas nas autoridades sanitárias e impacto no setor produtivo.

Apesar do cenário, especialistas garantem que o consumo desses alimentos continua sendo seguro, desde que sejam respeitadas boas práticas de preparo e manipulação.

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O QUE É A GRIPE AVIÁRIA?

A gripe aviária, também conhecida como influenza aviária, é causada por vírus da família Orthomyxoviridae, do tipo A. Existem diversas subtipos do vírus, sendo o H5N1 um dos mais temidos, tanto pelo potencial de letalidade quanto pela possibilidade, embora rara, de transmissão para humanos. A doença afeta principalmente aves, mas em casos pontuais, mamíferos e seres humanos também podem ser contaminados.

O Brasil, maior exportador de carne de frango do mundo, registrou ao longo de 2023 e 2024 vários focos da doença em aves silvestres e em criações de subsistência. A primeira ocorrência foi confirmada no Espírito Santo, em maio de 2023, e desde então, outras regiões também notificaram casos.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) tem atuado com medidas de controle, como a criação de zonas de vigilância, interdição de propriedades e abate sanitário das aves infectadas.

RISCO DE TRANSMISSÃO PARA HUMANOS

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a principal forma de transmissão para humanos é através do contato direto com aves infectadas, vivas ou mortas ou com superfícies contaminadas por fezes, saliva e secreções. Casos de infecção humana são raros e, geralmente, ocorrem em pessoas que trabalham diretamente com criação ou processamento de aves. Até o momento, não há evidências de transmissão sustentada de humano para humano.

“O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas)”, reforça o governo federal, em entrevista ao g1.

É SEGURO CONSUMIR FRANGO E OVOS?

Em nota técnica recente, o MAPA reafirma que não há risco de transmissão do vírus da gripe aviária por meio da ingestão de carne de frango ou ovos devidamente cozidos. Isso porque o vírus é sensível ao calor, sendo inativado a temperaturas superiores a 70 °C. Dessa forma, o preparo adequado dos alimentos elimina a possibilidade de contaminação.

Apesar disso, a recomendação é que o consumidor siga cuidados básicos de higiene ao manusear produtos de origem animal. Lavar bem as mãos e utensílios que tiveram contato com carne crua, evitar a contaminação cruzada entre alimentos e cozinhar completamente frangos e ovos são práticas fundamentais.

As granjas comerciais, que fornecem a maior parte da carne e ovos consumidos no país, operam sob rigorosas normas de biosseguridade. Essas medidas incluem controle de entrada de pessoas e veículos, uso de roupas e calçados exclusivos, desinfecção de equipamentos e monitoramento sanitário constante. Em criações industriais, a vigilância é intensa, e casos de infecção são rapidamente isolados para evitar a disseminação.

“Até o momento, a transmissão sustentada de gripe aviária entre humanos não foi comprovada. Ou seja, não é comum que uma pessoa com gripe aviária transmita o vírus para outra”, destaca o infectologista Leonardo Weissmann, em entrevista ao g1

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) tem reforçado a confiança na segurança do produto brasileiro. Em comunicados recentes, a entidade destaca que os casos identificados até agora foram em aves silvestres ou de fundo de quintal, e que a produção industrial permanece livre da doença. A ABPA também atua junto a parceiros comerciais para evitar restrições indevidas às exportações.

IMPACTOS ECONÔMICOS E MONITORAMENTO SANITÁRIO

Do ponto de vista econômico, os surtos de gripe aviária causam preocupação. Países importadores podem suspender a compra de produtos avícolas de regiões afetadas, o que impacta diretamente produtores e exportadores. Para mitigar esses efeitos, o governo brasileiro tem se empenhado em manter a transparência nos dados e na adoção de medidas de contenção recomendadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

No campo da saúde pública, o Ministério da Saúde monitora possíveis casos humanos. Em algumas situações, profissionais que tiveram contato com aves infectadas foram colocados sob observação, mas não houve, até agora, confirmação de transmissão para humanos no Brasil. O país segue o protocolo de vigilância internacional, com investigação de sintomas gripais em pessoas expostas a ambientes com aves doentes.

A vigilância também ocorre em aeroportos, portos e pontos de entrada de migrantes, especialmente durante o período de maior incidência de gripe aviária em outros países. O objetivo é detectar precocemente qualquer caso importado e evitar a circulação do vírus entre humanos.

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS SINTOMAS?

Entre os principais sintomas da gripe aviária em humanos, quando ocorrem, estão febre alta, tosse, dor de garganta, dores musculares, dificuldade para respirar e, em casos mais graves, pneumonia.

O tratamento envolve antivirais específicos e suporte hospitalar, com isolamento do paciente. A taxa de letalidade pode ser elevada, mas a ocorrência é rara e limitada a populações de maior exposição.

RECOMENDAÇÕES PARA PRODUÇÕES E POPULAÇÃO RURAL

No ambiente rural, as autoridades orientam que qualquer morte súbita de aves seja comunicada imediatamente ao serviço veterinário oficial. O contato com carcaças ou aves doentes deve ser evitado. Para produtores, a recomendação é reforçar as práticas de biosseguridade, manter aves protegidas do contato com animais silvestres e evitar a entrada de visitantes nas propriedades.

Enquanto isso, os consumidores devem manter a tranquilidade e adotar os cuidados habituais na cozinha. O risco de contrair gripe aviária por meio de alimentos continua extremamente baixo, desde que os produtos sejam de procedência conhecida e preparados de maneira adequada.

A gripe aviária é uma preocupação legítima para a saúde animal e para o setor produtivo, mas não há motivos para alarme quanto ao consumo de carne de frango e ovos no Brasil. A vigilância sanitária atua de forma constante, e a indústria avícola brasileira mantém padrões elevados de controle.

Portanto, embora o cenário exija atenção, especialmente no monitoramento de aves e no cumprimento de protocolos sanitários, o prato de frango assado do almoço de domingo e os ovos mexidos do café da manhã seguem liberados, desde que bem cozidos.

Kayra Miranda, repórter do Folha Vitória
Kayra Miranda

Repórter

Jornalista pelo Centro Universitário Faesa.

Jornalista pelo Centro Universitário Faesa.