Foto: Reprodução / Internet
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O laudo sobre as mortes da modelo Lidiane Aline Lorenço, de 33 anos, e de sua filha, Miana Sophya Santos, de 15, apontou intoxicação por monóxido de carbono (CO) como causa. As duas foram encontradas sem vida no último dia 10, dentro do apartamento onde moravam, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O caso chocou o país e reacendeu o debate sobre os perigos invisíveis desse gás, que pode ser fatal mesmo em pequenas concentrações.

Apesar de episódios como esse chamarem atenção, a intoxicação por monóxido de carbono ainda é pouco compreendida pela população.

O gás é incolor, inodoro e não irritante, o que torna sua detecção quase impossível sem equipamentos específicos. A exposição pode ocorrer em ambientes fechados onde há combustão incompleta, como em aquecedores a gás, fogões e motores.

O QUE É O MONÓXIDO DE CARBONO

O monóxido de carbono (CO) é um gás altamente tóxico resultante da queima incompleta de combustíveis fósseis como gás, carvão, madeira, gasolina e óleo. Ele se forma quando há deficiência de oxigênio no processo de combustão, situação comum em locais sem ventilação adequada.

Quando inalado, o CO entra na corrente sanguínea e se liga à hemoglobina, proteína responsável por transportar oxigênio no sangue, formando a carboxi-hemoglobina. Essa ligação é até 200 vezes mais forte do que a do oxigênio, o que impede o transporte adequado do gás vital para os tecidos e órgãos.

O resultado é uma espécie de “asfixia interna”: mesmo respirando normalmente, a pessoa deixa de receber oxigênio suficiente, o que pode causar danos neurológicos, perda de consciência e morte em questão de minutos, dependendo da concentração do gás no ambiente.

COMO A INTOXICAÇÃO ACONTECE

A intoxicação por monóxido de carbono costuma ocorrer de forma silenciosa. Entre as situações mais comuns estão o uso de aquecedores e chuveiros a gás instalados em banheiros sem ventilação, geradores ligados dentro de casas ou garagens, automóveis ligados em locais fechados e uso de churrasqueiras ou fogareiros em ambientes internos.

Como o gás não tem cheiro nem cor, a vítima geralmente não percebe o perigo. Em concentrações moderadas, os sintomas iniciais podem ser confundidos com um simples mal-estar ou virose. À medida que a exposição continua, o quadro se agrava rapidamente.

De acordo com especialistas, bastam poucos minutos em um ambiente contaminado para que a concentração de CO no sangue atinja níveis perigosos. Crianças, idosos, gestantes e pessoas com problemas cardíacos ou respiratórios são ainda mais vulneráveis.

OS PONTOS DA CASA ONDE O MONÓXIDO DE CARBONO PODE SE ACUMULAR SEM QUE VOCÊ PERCEBA

O monóxido de carbono (CO) é produzido pela combustão incompleta de combustíveis como gás, gasolina, carvão, madeira e diesel. Ele pode ser encontrado em diversas fontes, principalmente em ambientes fechados com má ventilação, como: 

  • Aparelhos que usam combustíveis: Fogões, fornos, aquecedores de água, aquecedores de ambiente (a gás, querosene ou carvão), secadoras de roupa a gás e lareiras. 
  • Veículos e ferramentas: Motores de carros, caminhões, geradores e equipamentos como motosserras e sopradores de folhas, especialmente quando ligados em garagens fechadas. 
  • Incêndios florestais e queimadas: São fontes naturais e antrópicas que emitem CO para a atmosfera. 

SINTOMAS MAIS COMUNS

Os sintomas variam de acordo com o tempo e a intensidade da exposição, mas costumam seguir um padrão progressivo. Entre os sinais mais frequentes estão:

  • Dor de cabeça intensa
  • Tontura e fraqueza
  • Náusea e vômito
  • Sonolência ou confusão mental
  • Falta de ar
  • Batimentos cardíacos acelerados
  • Desmaios ou perda de consciência

Em casos graves, podem ocorrer convulsões, coma e parada cardíaca. Um dos aspectos mais perigosos é que, por ser um gás “silencioso”, a pessoa pode adormecer e não acordar mais, sem perceber o envenenamento.

Outro alerta é que a intoxicação pode afetar várias pessoas ao mesmo tempo, já que o gás se espalha rapidamente em ambientes fechados. Situações em que todos os moradores de uma casa apresentam sintomas semelhantes devem acender o sinal de alerta.

COMO SE PROTEGER DO GÁS INVISÍVEL

A principal medida de prevenção é garantir boa ventilação em locais onde há equipamentos que utilizam combustão. Banheiros com chuveiro a gás devem possuir janelas ou aberturas permanentes, e os aquecedores devem ser instalados por técnicos autorizados, seguindo normas de segurança.

Outra recomendação importante é nunca usar churrasqueiras, aquecedores portáteis ou fogareiros dentro de quartos ou salas. Esses equipamentos consomem oxigênio e liberam monóxido de carbono durante o uso.

Nos carros, o perigo é manter o motor ligado em garagens fechadas, mesmo por poucos minutos. O acúmulo do gás pode ser suficiente para causar intoxicação.

Em alguns países, é obrigatório o uso de detectores de monóxido de carbono, dispositivos semelhantes aos alarmes de fumaça que disparam quando a concentração do gás atinge níveis perigosos. No Brasil, o equipamento ainda é pouco difundido, mas sua adoção vem sendo recomendada por especialistas em segurança residencial.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico da intoxicação é feito por meio de exame de sangue que mede o nível de carboxi-hemoglobina. Em situações de emergência, o atendimento médico é urgente. O primeiro passo é retirar a pessoa imediatamente do ambiente contaminado e garantir a ventilação.

O tratamento envolve o uso de oxigênio suplementar em altas concentrações, geralmente com máscara. Nos casos mais graves, pode ser necessária a oxigenoterapia hiperbárica, procedimento realizado em câmaras especiais que aumentam a absorção de oxigênio e ajudam a eliminar o CO do organismo mais rapidamente.

O tempo de recuperação varia conforme a gravidade da exposição. Mesmo após a melhora inicial, algumas pessoas podem apresentar sequelas neurológicas, como perda de memória, dificuldades cognitivas e alterações de humor.

O ALERTA REFORÇADO PELO CASO NO RIO

A morte de Lidiane e de sua filha trouxe novamente à tona a discussão sobre os riscos da exposição ao monóxido de carbono em ambientes residenciais. Segundo as investigações, o gás pode ter vazado de um aquecedor instalado no apartamento.

Casos semelhantes já foram registrados no Brasil e em outros países, principalmente durante o inverno, quando há maior uso de aquecedores. As tragédias geralmente ocorrem de forma repentina, durante o banho ou enquanto as vítimas dormem.

O episódio serve de alerta para a importância da manutenção regular dos aparelhos a gás e da atenção à ventilação dos cômodos. O simples cuidado de deixar uma janela aberta pode ser decisivo para evitar acidentes.

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Kayra Miranda, repórter do Folha Vitória
Kayra Miranda

Repórter

Jornalista formada pela Faesa, com foco em beleza, saúde e bem-estar. Entusiasta do esporte e curiosa por novos temas.

Jornalista formada pela Faesa, com foco em beleza, saúde e bem-estar. Entusiasta do esporte e curiosa por novos temas.