A menopausa ainda é, para muitas mulheres, um tema cercado de dúvidas, medos e tabus. Mesmo sendo uma fase natural da vida, marcada pelo fim do ciclo reprodutivo feminino, ela traz mudanças físicas, emocionais e hormonais que impactam diretamente o bem-estar.
Para esclarecer os principais aspectos desse processo, o Folha Vitória tirou dúvidas com o médico também graduado em Nutrição Diego Motta, que explicou de sintomas, tratamentos até soluções com reposição hormonal e cuidados com a alimentação.
O QUE É A MENOPAUSA E QUANDO ELA ACONTECE?
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A menopausa é definida como a última menstruação da mulher, ocorrendo quando ela permanece 12 meses consecutivos sem menstruar. É um marco biológico do fim da fase reprodutiva e costuma acontecer entre os 45 e 55 anos, embora possa ocorrer antes ou depois dessa faixa.
“O diagnóstico é feito após um ano completo sem ciclos menstruais. Mas os sintomas e mudanças hormonais começam antes, na fase chamada de climatério, que pode durar anos e já traz impactos importantes para o corpo e a mente”, explica Diego.
Segundo o especialista, quando a menopausa ocorre antes dos 40 anos, ela é considerada precoce — o que exige atenção redobrada e investigação médica.
SINTOMAS MAIS COMUNS DA MENOPAUSA
Durante o climatério e a menopausa, o corpo passa por uma queda significativa nos níveis dos hormônios estrogênio e progesterona. Essa alteração hormonal é responsável por uma série de sintomas físicos e emocionais.
Entre os mais comuns estão:
- Ondas de calor (fogachos)
- Suor noturno
- Irritabilidade e ansiedade
- Insônia
- Ressecamento vaginal e perda de libido
- Dificuldade de concentração e lapsos de memória
Além desses sinais, também são relatadas mudanças físicas, como:
- Acúmulo de gordura abdominal
- Perda de massa muscular
- Queda de cabelo
- Maior risco de osteoporose
- Aumento da propensão a doenças cardiovasculares
“É um período que pode ser desafiador, não apenas fisicamente, mas também emocionalmente. Por isso, é fundamental que o tratamento envolva mais do que apenas a reposição hormonal. Precisamos de um olhar amplo sobre o bem-estar da mulher”, reforça o médico especialista.
COMO ALIVIAR OS SINTOMAS DA MENOPAUSA?
Segundo Diego, o tratamento deve ser individualizado e multidisciplinar. A reposição hormonal pode ser muito eficaz, mas não é a única abordagem disponível. “A escolha do tratamento depende do histórico da paciente, da intensidade dos sintomas e da presença ou não de contraindicações médicas.”
As principais estratégias terapêuticas incluem:
- Reposição hormonal (quando indicada)
- Mudanças na alimentação
- Prática regular de exercícios físicos
- Regulação do sono
- Controle do estresse
- Suporte psicológico e emocional
- Suplementação nutricional, quando necessário
“O olhar não pode ser apenas hormonal. É preciso cuidar da mulher como um todo”, destaca o doutor.
IMPLANTES HORMONAIS: UMA OPÇÃO PARA ALGUMAS MULHERES
Entre os métodos modernos de reposição hormonal está o uso de implantes hormonais, que vêm ganhando popularidade nos últimos anos. Eles são aplicados sob a pele e liberam hormônios de forma contínua por períodos que variam de 3 a 6 meses, dependendo do tipo.
“Eles oferecem praticidade e conforto, especialmente para mulheres que têm dificuldade em seguir tratamentos diários. Mas é importante lembrar: não são indicados para todas. O uso deve ser criterioso e monitorado com exames regulares”, afirma Diego.
Essa opção pode ser válida dentro de uma estratégia mais ampla de saúde, desde que seja avaliada por um médico com experiência na área.
TODA MULHER PODE FAZER REPOSIÇÃO HORMONAL?
A resposta é não. Existem contraindicações importantes, e a decisão deve sempre ser feita com base em exames e histórico clínico.
“Casos de câncer de mama, histórico de trombose, doenças hepáticas e algumas condições cardiovasculares podem impedir o uso da reposição hormonal. Por isso, o acompanhamento médico é indispensável”, alerta o especialista.
A avaliação inclui exames laboratoriais, perfil metabólico, risco cardiovascular e a análise do estilo de vida da paciente. A segurança é sempre a prioridade.
A IMPORTÂNCIA DA SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NA MENOPAUSA
Como médico e nutricionista, Diego destaca que muitos sintomas podem ser amenizados com o ajuste correto de vitaminas e minerais, que muitas vezes estão em níveis baixos nessa fase da vida.
Entre os nutrientes mais importantes para mulheres na menopausa estão:
- Vitamina D – essencial para os ossos, imunidade e até humor
- Complexo B – atua na energia, metabolismo e cognição
- Magnésio – ajuda na regulação do sono, estresse e dores musculares
- Ômega 3 – tem ação anti-inflamatória e protege o coração
- Cálcio – essencial para a prevenção da osteoporose
- Ferro – muitas mulheres entram na menopausa com estoques baixos, por anos de sangramentos intensos
“A suplementação adequada melhora a disposição, a saúde do cabelo, a cognição e o metabolismo como um todo”, diz Diego.
MENOPAUSA ENGORDA? MITO OU VERDADE?
É verdade que o metabolismo desacelera durante a menopausa, e os hormônios favorecem o acúmulo de gordura — especialmente na região abdominal. Também ocorre uma tendência natural à perda de massa muscular, o que contribui para o ganho de peso.
Mas o médico é enfático: engordar não é inevitável.
“Com alimentação adequada, prática de exercícios — especialmente musculação — e acompanhamento profissional, é possível manter ou até melhorar a composição corporal. A menopausa pode ser, inclusive, uma oportunidade de recomeço para a saúde”, afirma.
UMA NOVA FASE, COM MAIS CONSCIÊNCIA E CUIDADO
Diego Motta deixa uma mensagem clara e otimista para as mulheres que estão passando por essa transição:
“A menopausa não é o fim da feminilidade, da saúde ou da qualidade de vida. Pelo contrário, pode ser um momento de fortalecimento, de reconexão com o corpo e de tomada de decisões conscientes. Com o cuidado certo, essa fase pode ser uma das mais fortes e transformadoras da vida da mulher.”
DICAS PARA CUIDAR DE SI NA MENOPAUSA
Encarar a menopausa com leveza e autocompaixão é essencial. Priorize uma rotina de autocuidado que inclua uma alimentação rica em nutrientes, atividades físicas prazerosas — como caminhadas, dança ou musculação — e momentos de descanso genuíno.
Valorize o sono, mantenha o corpo hidratado e, sempre que possível, invista em práticas que promovam bem-estar emocional, como a meditação ou a terapia.
Cultivar uma rede de apoio, conversar com outras mulheres que vivem essa fase e buscar orientação médica qualificada faz toda a diferença. Acima de tudo, lembre-se: cuidar de si é um ato de amor — e a menopausa pode ser o ponto de partida para uma vida ainda mais plena, consciente e empoderada.
