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Morte de Isabella Nardoni, assassinada por Anna Jatobá e Nardoni, tem reviravolta depois de 17 anos

Polícia poderá investigar Antônio Nardoni por possível participação no assassinato de Isabella Nardoni, assassinada pelo pai e madrasta

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Anna Carolina Jatobá, condenada pela morte de Isabella Nardoni, cumpre pena em regime aberto e leva uma vida cercada de polêmicas e críticas públicas/Foto: Reprodução
Isabella Nardoni foi assassinada em 2008, em caso que mobilizou o Brasil e volta a ter desdobramentos 17 anos depois/Foto: Reprodução

O assassinato de Isabella Nardoni, em 29 de março de 2008, tornou-se um dos crimes mais emblemáticos da história recente do Brasil.

A menina, de apenas 5 anos, morreu após ser jogada do sexto andar do edifício London, na zona norte de São Paulo.

As investigações apontaram que o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, foram responsáveis pela morte da criança.

O caso teve ampla cobertura da imprensa, mobilizou a opinião pública e levou a julgamentos que ganharam repercussão internacional.

O Brasil acompanhou cada detalhe, desde as investigações até a condenação do casal, em 2010.

O NOVO DESDOBRAMENTO

Em setembro de 2025, uma nova reviravolta trouxe o caso de volta aos noticiários. A Associação do Orgulho LGBTQIAPN+ apresentou ao Ministério Público de São Paulo uma representação que pede a investigação de Antônio Nardoni, avô paterno de Isabella.

Segundo reportagem publicada por Fábia Oliveira, no portal Metrópoles, a denúncia baseia-se em um relato de um policial penal que teria acompanhado Anna Carolina Jatobá durante o cumprimento da pena. O servidor afirma que Jatobá teria admitido, em conversa, que o sogro teve participação direta no crime.

De acordo com o documento, Antônio Nardoni teria atuado de forma efetiva ou instigadora no assassinato, em um momento em que Isabella ainda apresentava sinais vitais antes de ser arremessada da janela.

A DENÚNCIA AO MINISTÉRIO PÚBLICO

O texto encaminhado ao Ministério Público sugere que o avô teria prestado auxílio consciente aos autores do crime, inclusive colaborando na criação de um álibi para proteger Alexandre e Anna Carolina.

Um trecho da representação afirma:

“Segundo o relato da servidora pública, o referido indivíduo teria prestado auxílio consciente aos autores do crime, colaborando com a criação de álibi para acobertar os réus.”

Até 2025, Antônio Nardoni não havia sido investigado formalmente no processo que condenou o filho e a nora. O novo pedido, caso aceito, poderá reabrir linhas de investigação 17 anos após a morte da menina.

A POSIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO

O deputado estadual Agripino Magalhães Júnior, presidente da Associação do Orgulho LGBTQIAPN+, defendeu a iniciativa de buscar nova apuração. Em entrevista à coluna de Fábia Oliveira, ele disse que a sociedade não pode aceitar a impunidade e reforçou que o caso exige justiça contínua.

Magalhães classificou o crime como brutal e imperdoável e afirmou que Alexandre Nardoni e Anna Jatobá não deveriam circular em liberdade, mesmo após a progressão de regime. Para ele, a investigação de Antônio Nardoni é parte do processo de responsabilização e de reparação da memória de Isabella.

COMO FOI A NOITE DO CRIME

As investigações apontaram que Isabella sofreu agressões antes de ser jogada pela janela. De acordo com a polícia, a madrasta teria asfixiado e agredido a menina. Alexandre, em seguida, teria cortado a tela de proteção do quarto do casal e arremessado a filha.

Laudos indicaram que Isabella ainda estava com sinais vitais quando caiu. Ela foi socorrida, mas morreu a caminho do hospital.

O caso rapidamente ganhou espaço nos noticiários, com transmissões ao vivo do prédio e análises diárias sobre a investigação. A comoção pública foi tão intensa que o julgamento tornou-se um marco no sistema judicial brasileiro.

O JULGAMENTO DE ALEXANDRE E ANNA JATOBÁ

O júri popular ocorreu em março de 2010, dois anos após o crime. O julgamento durou cinco dias e recebeu ampla cobertura da mídia. Ao final, o tribunal condenou Alexandre Nardoni a 31 anos, 1 mês e 10 dias de prisão por homicídio triplamente qualificado e fraude processual.

Anna Carolina Jatobá foi condenada a 26 anos e 8 meses pelos mesmos crimes. Ambos iniciaram o cumprimento da pena em regime fechado.

O julgamento ficou marcado pela atuação incisiva do Ministério Público, pela comoção dos jurados e pelo acompanhamento da opinião pública, que lotou os arredores do Fórum de Santana, em São Paulo.

PROGRESSÃO DE PENA E VIDA EM LIBERDADE

Ao longo dos anos, tanto Alexandre quanto Anna Carolina obtiveram benefícios previstos pela lei penal. Jatobá deixou a prisão em 2023, passando a cumprir a pena em regime aberto. Alexandre obteve o mesmo benefício em dezembro de 2024.

Atualmente, o casal vive junto no bairro de Santana, zona norte de São Paulo. O retorno deles à vida em sociedade, no entanto, continua a gerar debates e revolta em parte da população.

REPERCUSSÃO SOCIAL E POLÍTICA

A possível investigação de Antônio Nardoni reacende a indignação pública em torno do crime. A sociedade brasileira acompanhou de perto o caso em 2008 e, passados 17 anos, ainda o considera um símbolo da luta por justiça.

O novo pedido também gera discussão no meio jurídico, já que envolve a reavaliação de um caso considerado encerrado após condenações definitivas. Para especialistas, será necessário analisar se os novos relatos têm consistência suficiente para abrir um inquérito.

O PAPEL DA IMPRENSA NO CASO

O assassinato de Isabella Nardoni foi um marco no jornalismo policial brasileiro. A cobertura intensa, em tempo real, levou milhões de pessoas a acompanhar cada detalhe do caso. Jornais, televisões e portais de notícias transformaram a tragédia em um dos assuntos mais comentados de 2008.

Ao mesmo tempo, o caso levantou discussões sobre os limites da exposição midiática, especialmente em crimes que envolvem crianças e repercussão nacional. Ainda hoje, a morte de Isabella é lembrada como um episódio que mobilizou tanto o sistema judiciário quanto a opinião pública.

CRIMES CONTRA CRIANÇAS: UM ALERTA CONSTANTE

Casos como o de Isabella reforçam a importância de políticas públicas voltadas para a proteção da infância. Organizações não governamentais e entidades de direitos humanos lembram que o Brasil ainda enfrenta altos índices de violência contra crianças e adolescentes.

Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, denúncias de violência infantil registradas pelo Disque 100 representam milhares de casos por ano, incluindo maus-tratos, negligência, abuso e até homicídios.

Esse contexto mostra que, apesar da comoção gerada por crimes emblemáticos, a violência contra menores permanece como um desafio urgente a ser enfrentado pelo Estado e pela sociedade.

O QUE ACONTECE AGORA

Com a representação apresentada, caberá ao Ministério Público de São Paulo avaliar se há elementos suficientes para iniciar uma investigação formal sobre Antônio Nardoni. Caso isso ocorra, a polícia poderá reabrir parte do caso para analisar a suposta participação do avô da menina no crime.

Enquanto isso, a família materna de Isabella e setores da sociedade civil continuam a acompanhar de perto cada movimentação, reforçando que a luta por justiça segue viva, mesmo 17 anos depois.

Laísa Menezes, repórter do Folha Vitória
Laísa Menezes

Repórter

Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Viçosa, pós-graduanda em Branding pela Universidade Castelo Branco, Alumni do Susi Leaders (Ed. 2023). Atua no Folha Vitória desde maio de 2024.

Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Viçosa, pós-graduanda em Branding pela Universidade Castelo Branco, Alumni do Susi Leaders (Ed. 2023). Atua no Folha Vitória desde maio de 2024.