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Não é só tontura: veja cinco sinais que podem indicar labirintite

Entender os sintomas pode ser essencial para identificar a condição precocemente e buscar orientação médica adequada

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(Foto: Reprodução)
(Foto: Reprodução)

A labirintite é uma condição que afeta uma parte sensível e pouco compreendida do corpo humano: o labirinto, estrutura do ouvido interno responsável pelo equilíbrio e pela audição. Embora seja mais conhecida pela tontura intensa que provoca, essa inflamação pode manifestar outros sintomas menos evidentes que muitas vezes passam despercebidos e que, por isso, retardam o diagnóstico.

O labirinto é composto pela cóclea, ligada à audição, e pelos canais semicirculares, que controlam o equilíbrio. Quando há inflamação, geralmente provocada por infecções virais, bacterianas ou até por fatores emocionais, o cérebro recebe sinais contraditórios sobre a posição do corpo, resultando em desequilíbrios e outros sintomas neurossensoriais.

Enquanto a tontura é o sintoma mais relatado, a labirintite pode se manifestar por meio de sinais mais sutis, como zumbido, náusea, sensibilidade ao som, dificuldade de concentração e alterações visuais. Entender essas manifestações pode ser essencial para identificar a condição precocemente e buscar orientação médica adequada.

OS SINTOMAS MAIS FREQUENTES DA LABIRINTITE

1. Zumbido no ouvido

O zumbido é um som percebido nos ouvidos sem que haja estímulo externo. Pode ser um chiado, apito ou sensação de pressão sonora e costuma aparecer de forma intermitente ou contínua. Esse sintoma está associado a distúrbios do ouvido interno, como a labirintite, e pode surgir antes ou depois de episódios de tontura.

Apesar de parecer isolado, o zumbido pode indicar que há uma alteração no funcionamento da cóclea, que é parte do labirinto ligada à audição ou uma inflamação na região. Em alguns casos, o incômodo auditivo pode afetar a qualidade do sono, a concentração e o humor do paciente.

Além de labirintite, o zumbido também pode estar relacionado a outras condições, como perda auditiva, exposição prolongada a sons altos, uso de medicamentos ototóxicos e alterações na circulação sanguínea.

2. Náuseas e vômitos frequentes

As náuseas recorrentes, especialmente aquelas que não têm relação com ingestão de alimentos estragados ou quadros gastrointestinais, também podem ser um sinal de labirintite. Isso ocorre porque o sistema vestibular, que é parte do ouvido interno ligada ao equilíbrio, tem conexões diretas com áreas do cérebro responsáveis pelo controle do reflexo do vômito.

Assim, qualquer distúrbio no labirinto pode estimular essas regiões cerebrais, provocando náusea ou vômito, mesmo na ausência de tontura. Em crises mais intensas, o paciente pode apresentar vômitos em episódios repetidos ao longo do dia, principalmente se estiver em movimento ou tentar levantar-se da cama.

Esse sintoma, muitas vezes confundido com problemas digestivos, pode retardar o diagnóstico correto se não for investigado em conjunto com outras queixas.

3. Sensibilidade a sons (hiperacusia)

A hiperacusia é uma condição em que sons normais passam a ser percebidos como excessivamente altos ou desconfortáveis. Pessoas com labirintite podem desenvolver essa sensibilidade auditiva, pois o labirinto também participa do processamento dos estímulos sonoros.

Esse aumento na sensibilidade pode causar irritabilidade, estresse e até dores de cabeça em ambientes barulhentos. Muitas vezes, esse sintoma é ignorado ou atribuído a fatores externos, como fadiga ou estafa, mas pode sinalizar um quadro de inflamação no ouvido interno.

A hiperacusia costuma surgir de maneira gradual e pode piorar durante as crises de labirintite, quando há desequilíbrio na função sensorial do sistema auditivo.

4. Dificuldade de concentração e confusão mental

Durante ou após uma crise de labirintite, é comum que o paciente apresente um quadro de “mente embaralhada” ou dificuldade em manter a atenção. Isso acontece porque o cérebro precisa dedicar mais esforço para processar informações espaciais confusas vindas do sistema vestibular. Esse esforço cognitivo adicional pode interferir na capacidade de raciocínio, foco e memória de curto prazo.

A sensação pode se assemelhar a um cansaço mental, tornando tarefas simples como ler, escrever ou até manter uma conversa mais desafiadoras. Em alguns casos, esse sintoma é mais evidente em pessoas mais velhas, que já possuem certa redução na reserva cognitiva.

Esse tipo de confusão mental não deve ser confundido com quadros psiquiátricos. Embora a ansiedade possa agravar a labirintite, a disfunção neurossensorial é uma causa física real desse estado alterado de percepção e concentração.

5. Visão turva ou instável

Outro sinal que pode acompanhar a labirintite, mesmo na ausência de tontura típica, é a alteração visual. A visão pode se tornar turva, instável ou duplicada em movimentos rápidos, especialmente ao virar a cabeça ou mudar o foco de um ponto para outro. Isso ocorre devido à falha na coordenação entre os olhos e o sistema vestibular, que trabalham em conjunto para manter a estabilidade da visão.

O sintoma é conhecido como nistagmo quando envolve movimentos involuntários dos olhos e pode ser percebido pelo próprio paciente como uma sensação de que o ambiente está “tremendo” ou oscilando. Em casos mais leves, a queixa pode ser apenas de cansaço visual ou dificuldade de leitura.

Essa relação entre visão e equilíbrio é fundamental para a manutenção da postura e da orientação espacial. Quando há conflito entre os sinais enviados pelo ouvido interno e pelos olhos, o cérebro tem dificuldade para interpretar corretamente o ambiente, gerando confusão sensorial.

QUANDO SUSPEITAR?

A presença desses sintomas, isoladamente, não é suficiente para fechar o diagnóstico de labirintite. No entanto, quando ocorrem em conjunto, especialmente em episódios repetidos e sem causa aparente, levantam a suspeita de uma disfunção no ouvido interno. A investigação costuma envolver exames otoneurológicos, avaliação clínica detalhada e, em alguns casos, testes de imagem para descartar outras causas.

É importante destacar que o termo “labirintite” é frequentemente usado de forma genérica para designar qualquer distúrbio do labirinto, mas, na prática clínica, ele se refere especificamente à inflamação do labirinto, geralmente de origem infecciosa. Outras condições relacionadas, como a doença de Ménière e a vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), têm causas diferentes e exigem abordagens distintas.

A labirintite é uma condição que vai além da tontura. Seus sinais podem ser discretos, mas impactam significativamente a qualidade de vida do paciente. Identificar sintomas como zumbido, náusea, hipersensibilidade a sons, dificuldade de concentração e alterações visuais pode ser o primeiro passo para compreender o que está acontecendo no organismo e buscar um diagnóstico adequado.

Como em grande parte das doenças neurossensoriais, a escuta atenta aos sinais do corpo é essencial. A labirintite não é apenas um problema do ouvido: é uma alteração que envolve múltiplos sistemas e exige atenção integral à saúde.

Kayra Miranda, repórter do Folha Vitória
Kayra Miranda

Repórter

Jornalista pelo Centro Universitário Faesa.

Jornalista pelo Centro Universitário Faesa.