Conclave em 2 dias

"Novo papa": a história de como foi escolhido Robert Prevost, o Papa Leão XIV

Cardeais se reuniram por dois dias no Vaticano neste conclave de 2025 e a fumaça branca anunciou nesta quarta (8) a identidade do novo papa

Papa Leão XIV - Robert Francis Prevost
Foto: Reprodução/Youtube Vatican News

O mundo testemunhou na tarde desta quarta-feira (8) um momento histórico: o fim do conclave que escolheu o novo papa da Igreja Católica.

Após dois dias de intensas votações na Capela Sistina, no Vaticano, os 133 cardeais reunidos anunciaram a eleição do cardeal norte-americano Robert Francis Prevost como novo pontífice.

Ele adotou o nome de Leão XIV, tornando-se o primeiro papa dos Estados Unidos na história da igreja.

NOVO PAPA: MOMENTO DO ANÚNCIO

A escolha foi anunciada ao meio-dia (horário de Brasília) com a tradicional fumaça branca saindo da chaminé da Capela Sistina e os sinos da Basílica de São Pedro tocando em festa. Minutos depois, o cardeal protodiácono Dominique Mamberti surgiu na sacada central da basílica e proclamou ao mundo o “Habemus Papam”.

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COMO FUNCIONA O CONCLAVE?

O conclave é o processo oficial da Igreja Católica para a eleição de um novo papa. A palavra vem do latim cum clave, que significa “com chave” — uma referência ao isolamento total dos cardeais durante o processo de votação.

O conclave de 2025 começou oficialmente na manhã da última terça-feira, 7 de maio. Reunidos na Capela Sistina, os 133 cardeais eleitores — sendo 108 deles nomeados pelo agora papa emérito Francisco — iniciaram os procedimentos que seguem um rígido protocolo de sigilo e tradição.

Desde o início, os cardeais ficam isolados do mundo exterior: não podem usar celulares, acessar a internet, assistir à televisão ou manter qualquer contato com pessoas de fora. A comunicação é proibida até que o novo papa seja escolhido.

O conclave prevê até quatro votações por dia — duas pela manhã e duas à tarde. Para que um cardeal seja eleito papa, é necessário que ele receba ao menos dois terços dos votos. Caso isso não ocorra nas 33ª ou 34ª rodadas, os dois nomes mais votados passam por um segundo turno obrigatório.

Se, após três dias de votação, não houver consenso, há uma pausa de 24 horas para orações e reflexão.

As votações são acompanhadas pelo famoso ritual das fumaças: após cada sessão, as cédulas são queimadas em um forno especial, que produz fumaça preta (quando não há acordo) ou fumaça branca (quando um papa é eleito). A chaminé da Capela Sistina tornou-se símbolo da expectativa e emoção dos fiéis que acompanham o processo.

BASTIDORES DO CONCLAVE

Antes da votação, cardeais brasileiros apontaram que o conclave poderia ser mais longo do que o habitual, não por desunião, mas pela diversidade do colégio de eleitores — muitos dos quais se conheciam pouco. Informações de bastidores revelaram que um dossiê com 20 nomes “papáveis” circulou entre os cardeais, gerando incômodo e a percepção de tentativa de interferência no processo.

O papa emérito Francisco, ao longo de seu pontificado, buscou descentralizar o poder e nomeou cardeais de regiões periféricas e sub-representadas, como África, Ásia e América Latina. Isso aumentou a diversidade do colégio eleitoral e, consequentemente, o desafio de alcançar consenso rapidamente.

O NOVO PAPA: LEÃO XIV

O escolhido, cardeal Robert Francis Prevost, nasceu nos Estados Unidos e tem uma trajetória marcada pela experiência internacional. Conhecido como “pastor de duas pátrias”, ele serviu como missionário no Peru durante os anos 1980 e fala fluentemente o espanhol.

Prevost ocupava o cargo de prefeito do Dicastério para os Bispos, o que lhe deu grande influência dentro da Cúria Romana, especialmente na nomeação de bispos ao redor do mundo. Sua atuação próxima ao papa Francisco e sua visão pastoral ampla foram vistas como fatores decisivos para sua eleição.

A eleição de um papa norte-americano quebra uma tradição velada da Igreja de evitar nomes dos Estados Unidos para o papado, devido ao peso geopolítico da nação. A decisão pegou muitos analistas de surpresa.

Prevost também esteve envolvido em investigações sobre casos de abuso na Igreja, o que gerou críticas internas sobre sua condução. Ainda assim, sua formação na ordem dos agostinianos e sua postura pastoral o fortaleceram como um nome conciliador e global.

Com a eleição de Leão XIV, a Igreja Católica inicia um novo capítulo, com desafios complexos e a missão de continuar dialogando com um mundo em rápida transformação. A expectativa dos fiéis agora se volta para os primeiros passos do novo papa e suas prioridades para o futuro da fé católica.

Leiri Santana, repórter do Folha Vitória
Leiri Santana

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.