Com o sucesso do Ozempic, outras canetas injetáveis começaram a ganhar espaço entre quem busca controlar o diabetes tipo 2 e também entre pessoas que lutam contra o excesso de peso. No entanto, nomes como Olire, Wegovy, Lirux e Mounjaro ainda geram dúvidas: afinal, o que muda de uma para outra?
A endocrinologista Dra. Lorena Lima Amato explica que, embora tenham mecanismos parecidos, as canetas não são iguais e devem ser indicadas de forma individualizada. “A diferença está no princípio ativo, na potência e na frequência de aplicação. O ideal é que o tratamento seja sempre acompanhado por um médico, que avaliará o melhor protocolo para cada paciente”, orienta.
AS PRINCIPAIS CANETAS INJETÁVEIS: O QUE MUDA ENTRE ELAS
Olire, Lirux, Ozempic, Wegovy e Mounjaro fazem parte do grupo de medicamentos conhecidos como análogos de GLP-1, que imitam um hormônio natural do intestino responsável por controlar o apetite e os níveis de glicose no sangue.
- Olire e Lirux: ambos contêm liraglutida, aplicada diariamente. A diferença está na indicação em bula: Olire é voltado para obesidade, enquanto Lirux é destinado ao diabetes tipo 2.
- Ozempic e Wegovy: têm o mesmo princípio ativo, a semaglutida, mas o primeiro é indicado para diabetes, e o segundo para emagrecimento. São injeções semanais e mais potentes que a liraglutida.
- Mounjaro: traz uma molécula mais nova, a tirzepatida, que atua em dois hormônios (GLP-1 e GIP), promovendo melhor controle glicêmico e maior perda de peso.
A versão com tirzepatida indicada apenas para obesidade se chama Zepbound, mas ainda não está disponível no Brasil.
POTÊNCIA E EFICÁCIA: HÁ UMA MELHOR QUE A OUTRA?
Segundo a endocrinologista, as canetas diferem em grau de potência e frequência de uso:
- Liraglutida (Olire, Lirux) é a menos potente e exige uso diário.
- Semaglutida (Ozempic, Wegovy) tem aplicação semanal e efeito mais prolongado.
- Tirzepatida (Mounjaro) é a mais potente do grupo atualmente, oferecendo resultados superiores no controle de peso e glicose.
Apesar disso, a especialista reforça: “Não existe uma caneta ideal para todos. A escolha depende do quadro clínico, dos efeitos colaterais toleráveis e dos objetivos do tratamento.”
EFEITOS COLATERAIS MAIS COMUNS
Como todas atuam de forma semelhante no sistema digestivo, os efeitos colaterais esperados também são parecidos:
- náuseas;
- azia e sensação de estômago cheio;
- diarreia ou constipação;
- vômitos ocasionais.
Esses sintomas costumam ser transitórios e diminuem com o tempo, conforme o corpo se adapta à medicação. “É importante respeitar o período de adaptação e não aumentar a dose por conta própria”, alerta a médica.
CUIDADOS ANTES DE INICIAR O USO
Antes de começar qualquer tratamento com canetas injetáveis, é fundamental uma avaliação médica completa. Pessoas com problemas gastrointestinais, refluxo severo ou histórico de pancreatite devem ter acompanhamento mais próximo.
A medicação precisa ser ajustada à realidade de cada paciente. Não é indicada para quem tem certas doenças inflamatórias intestinais, por exemplo, e jamais deve ser usada sem prescrição, reforça a endocrinologista.
O PAPEL DA ORIENTAÇÃO MÉDICA
A automedicação é um dos maiores riscos associados à popularização dessas canetas. O uso sem acompanhamento pode sobrecarregar o organismo, gerar efeitos adversos severos e até comprometer outros tratamentos.
Por isso, a especialista orienta: “Mesmo que o medicamento pareça o mesmo que o do amigo ou influenciador, as condições clínicas são diferentes. Só o médico pode definir a dose, a frequência e o acompanhamento adequados.”
POR QUE AS CANETAS FAZEM TANTO SUCESSO?
Além da eficácia clínica, a popularidade dessas medicações se deve à praticidade e ao impacto visível nos resultados. A aplicação subcutânea, feita uma vez por dia ou por semana, facilita a adesão ao tratamento, especialmente para quem já tentou dietas restritivas sem sucesso.
Esses medicamentos atuam diretamente nos centros cerebrais que controlam a fome e a saciedade, ajudando a reduzir o apetite e o consumo calórico de forma mais natural. Ao mesmo tempo, diminuem a resistência à insulina e melhoram o metabolismo da glicose, beneficiando também quem tem pré-diabetes.
No entanto, os especialistas alertam que o uso isolado das canetas não é suficiente. Elas devem estar associadas a mudanças de hábitos, como alimentação equilibrada, sono adequado e prática regular de atividade física. Sem isso, o efeito tende a ser passageiro — e o peso perdido pode voltar rapidamente após a interrupção.
USO ESTÉTICO OU TERAPÊUTICO? ENTENDA A DIFERENÇA
Muitos pacientes procuram essas canetas com foco exclusivamente estético, o que preocupa os profissionais de saúde. A endocrinologista Lorena Amato explica que essas medicações foram desenvolvidas com finalidade médica, e não apenas para perda de peso estética.
“Elas têm um papel importante no tratamento da obesidade, que é uma doença crônica e multifatorial. Mas quando usadas de forma indiscriminada, sem acompanhamento, podem gerar frustrações, efeitos indesejados e até riscos à saúde”, destaca.
Por isso, antes de iniciar qualquer protocolo, o médico deve avaliar histórico familiar, condições metabólicas, exames hormonais e estilo de vida do paciente. O objetivo é garantir que o tratamento seja eficaz e seguro a longo prazo, evitando recaídas.
EXPECTATIVAS REAIS: QUANTO TEMPO ATÉ VER RESULTADOS?
Segundo a médica, a resposta varia conforme o tipo de caneta e a condição clínica do paciente. Em geral:
- os primeiros efeitos, como menor apetite e saciedade precoce, aparecem nas duas primeiras semanas;
- a redução significativa de peso costuma ocorrer entre 8 e 12 semanas de uso;
- e o melhor controle glicêmico tende a se estabilizar após três meses de acompanhamento regular.
O importante, segundo a especialista, é encarar o processo como parte de um tratamento contínuo, e não como uma solução imediata.
POSSO USAR CANETAS COMO OZEMPIC OU MOUNJARO APENAS PARA EMAGRECER, MESMO SEM TER DIABETES?
Sim, desde que haja indicação médica. Essas canetas também são aprovadas para o tratamento da obesidade, que é uma condição crônica e multifatorial. Porém, o uso deve ser sempre acompanhado por um endocrinologista, que vai avaliar histórico clínico, exames e possíveis riscos.
QUEM DEVE EVITAR O USO DAS CANETAS INJETÁVEIS?
Pessoas com histórico de pancreatite, doenças intestinais inflamatórias, problemas renais graves ou gestantes devem evitar o uso. Além disso, quem sente desconforto digestivo intenso deve suspender e procurar o médico imediatamente.