Se a sua pele está vermelha e inchada, você precisa ficar alerta aos sinais! Pode ser mordida de barata.
Embora a ideia de uma mordida de barata possa parecer improvável ou até um mito urbano, casos relatados em ambientes médicos e estudos entomológicos mostram que esse tipo de ocorrência é possível, principalmente em ambientes com infestação severa, má higiene ou durante o sono, quando a pessoa está imóvel e vulnerável.
Apesar de ser uma situação incomum, a mordida da barata pode causar sintomas como vermelhidão, inchaço, coceira e dor local.
Em indivíduos mais sensíveis, as reações podem se agravar, principalmente se houver histórico de alergias ou se a lesão infeccionar.
Entender como identificar, quais os riscos reais e o que fazer nesses casos é fundamental para prevenir complicações.
SIM, BARATAS PODEM MORDER
As baratas são insetos onívoros e oportunistas, adaptados a ambientes urbanos. Elas costumam se alimentar de resíduos orgânicos, restos de comida e materiais em decomposição. No entanto, em situações extremas — principalmente quando estão em grande número e há escassez de alimento — podem se tornar agressivas e morder pele humana exposta, principalmente unhas, lábios, pálpebras, mãos e pés.
Estudos da área de entomologia, como os publicados pela Entomological Society of America, indicam que espécies como a Periplaneta americana (barata-americana) e a Blattella germanica (barata-alemã) são as que mais interagem com seres humanos, e há relatos documentados de mordidas em pessoas dormindo, principalmente em regiões tropicais.
É importante frisar que esse comportamento é incomum e geralmente está relacionado a ambientes com alta infestação, umidade, lixo acumulado ou más condições sanitárias.
COMO IDENTIFICAR UMA MORDIDA DE BARATA?
Uma mordida de barata pode ser confundida com outros tipos de lesões cutâneas, como picadas de insetos (mosquitos, percevejos, pulgas), reações alérgicas ou até infecções de pele.
Os sinais mais comuns incluem:
- Vermelhidão intensa ao redor da lesão;
- Inchaço localizado (edema leve a moderado);
- Coceira ou sensação de queimação na pele;
- Dor ou desconforto ao toque;
- Marcas pequenas de dentes, que podem se assemelhar a arranhões ou erosões lineares;
- Crosta ou início de infecção secundária, se a área não for higienizada corretamente.
Em geral, a lesão aparece em regiões expostas durante o sono, como rosto, mãos ou pés. Em casos mais graves, especialmente em pessoas com pele sensível ou imunocomprometidas, a área pode evoluir para um quadro de celulite infecciosa ou apresentar linfangite (veias inflamadas e doloridas próximas à mordida).
QUAIS OS RISCOS DE UMA MORDIDA DE BARATA?
Além da lesão local e da irritação na pele, o maior risco associado à mordida de barata está relacionado à contaminação bacteriana. Como esses insetos circulam por esgotos, lixo e locais contaminados, eles podem carregar diversos agentes patogênicos, como:
- Salmonella spp.
- Escherichia coli
- Staphylococcus aureus
- Pseudomonas aeruginosa
Essas bactérias podem ser transferidas para a pele humana no momento da mordida ou por meio da saliva do inseto, o que aumenta a chance de infecção, especialmente se a área for coçada ou ficar exposta.
Há também o risco de reações alérgicas, uma vez que a saliva e os excrementos das baratas contêm proteínas que são potentes alérgenos. Segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), a exposição frequente a resíduos de baratas está associada ao aumento de crises asmáticas em crianças e adultos sensíveis.
Embora a transmissão de doenças graves por mordida direta seja rara, o ambiente que propicia esse tipo de ocorrência é, por si só, um risco à saúde — e deve ser tratado com seriedade
O QUE FAZER EM CASO DE MORDIDA?
Se você suspeita que sofreu uma mordida de barata, o mais importante é não entrar em pânico e seguir os cuidados básicos de primeiros socorros. Veja o passo a passo recomendado:
- Lave o local com água e sabão neutro, de forma abundante, para remover resíduos e reduzir o risco de infecção.
- Evite coçar a região, mesmo que esteja coçando intensamente, pois isso pode facilitar a entrada de bactérias.
- Aplique uma compressa fria por alguns minutos, se houver inchaço ou dor.
- Use pomadas com ação anti-inflamatória ou antibiótica, apenas com orientação médica ou farmacêutica.
- Observe sinais de agravamento, como aumento da vermelhidão, calor local, presença de pus ou febre.
- Procure atendimento médico caso a lesão piore em 24-48 horas ou se você tiver histórico de alergias severas.
Em casos leves, o quadro costuma regredir em poucos dias. Já em situações mais graves, pode ser necessário uso de antibióticos ou acompanhamento com dermatologista.
QUANDO PROCURAR AJUDA MÉDICA IMEDIATA
Embora a maioria das mordidas evolua bem com higiene e tratamento local, algumas situações exigem atenção imediata:
- Febre associada à lesão;
- Dor intensa ou irradiação da dor;
- Linhas vermelhas saindo da área (sinal de linfangite);
- Inchaço crescente;
- Piora do quadro após 48 horas;
- Alergia prévia a picadas de insetos.
Pessoas imunocomprometidas, como diabéticos, transplantados ou com doenças autoimunes, também devem buscar orientação médica mais rapidamente, pois estão mais suscetíveis a infecções.
COMO PREVENIR INFESTAÇÕES E EVITAR MORDIDAS?
A melhor forma de evitar mordidas de baratas é eliminar os fatores que atraem esses insetos para dentro de casa. Algumas medidas recomendadas por profissionais de controle de pragas incluem:
- Manter a casa limpa, especialmente a cozinha, sem restos de alimentos expostos;
- Não deixar louça suja durante a noite;
- Vedar frestas, ralos e buracos por onde baratas possam entrar;
- Descartar lixo diariamente e manter a lixeira sempre fechada;
- Evitar o acúmulo de papelão, caixas e jornais, locais onde as baratas se escondem;
- Utilizar telas protetoras em janelas e portas;
- Fazer dedetização periódica, especialmente em locais úmidos ou com histórico de infestação.
A vigilância constante e a limpeza são as armas mais eficazes para evitar o contato com baratas e os riscos associados a elas.
O QUE DIZ A CIÊNCIA SOBRE O CONTATO HUMANO COM BARATAS?
As baratas são consideradas pragas urbanas de alto impacto, não apenas por causarem repulsa, mas por representarem riscos reais à saúde pública. Diversos estudos mostram que elas são vetores mecânicos de microrganismos e podem contaminar alimentos, utensílios e ambientes com seus dejetos e secreções.
Um estudo publicado no Journal of Medical Entomology revelou que mais de 40 espécies diferentes de bactérias já foram identificadas em baratas urbanas coletadas em hospitais e domicílios. Essas bactérias estavam presentes em suas patas, asas e intestino.
Além disso, segundo o World Health Organization (WHO), há evidências crescentes de que as baratas contribuem para a exacerbação de doenças respiratórias em ambientes urbanos — não só pela mordida, mas pela presença constante de resíduos no ar.
CONVIVER COM BARATAS NÃO É NORMAL
Ainda que muitas pessoas convivam com baratas no dia a dia sem maiores complicações, é importante reforçar que a presença frequente desses insetos indica falhas estruturais ou sanitárias no ambiente. Mais do que uma questão de nojo ou estética, trata-se de um problema de saúde.
Se há relatos de baratas circulando à noite, voando em cômodos ou se aproximando de alimentos e pessoas, isso deve ser tratado com seriedade. A prevenção continua sendo a forma mais segura e eficaz de evitar incidentes como mordidas e doenças relacionadas.