
Um estudo realizado na Índia voltou a chamar atenção da comunidade científica ao revelar o alto valor nutricional do chamado “leite de barata” — uma substância produzida pela espécie Diploptera punctata, um inseto vivíparo cujo embrião se alimenta de um líquido rico em proteínas, açúcares e aminoácidos essenciais.
Embora a ideia possa causar estranhamento, a pesquisa conduzida pelo Instituto de Biologia Regenerativa e de Células-Tronco da Índia indica que esse composto tem densidade nutricional muito superior à de leites convencionais e até mesmo ao leite de búfalo, considerado um dos mais concentrados em nutrientes.
Os cientistas analisaram o líquido ao longo de 54 dias e observaram que ele contém quatro vezes mais proteínas e calorias do que o leite de vaca. A substância é formada por cristais proteicos altamente energéticos, o que a levou a ser apontada como um potencial superalimento.
De onde vem o leite de barata?
Diferentemente das baratas comuns, a Diploptera punctata é vivípara: seus embriões se desenvolvem dentro do corpo da fêmea e se alimentam de uma secreção nutritiva produzida por ela, semelhante ao leite dos mamíferos. No entanto, produzir essa substância em larga escala é praticamente inviável. De acordo com o estudo, seriam necessárias mais de mil baratas para obter apenas 100 ml do composto.
Potenciais usos e limitações
A composição rica em aminoácidos completos fez com que o leite de barata fosse citado como possível aliado no combate à desnutrição global. Ainda assim, os especialistas reforçam que seu uso é experimental e não há evidências suficientes que garantam segurança para consumo humano.
Barreiras éticas e culturais
A maior dificuldade para a popularização do composto seria a aceitação pública. Além do fator repulsa, a extração do líquido diretamente do trato digestivo de fêmeas e embriões levanta questionamentos éticos e de sustentabilidade. Por isso, pesquisadores estudam formas de reproduzir os cristais proteicos em laboratório, utilizando biotecnologia para substituir completamente o uso de insetos.
Vai ter leite de barata nas prateleiras do supermercado?
Mesmo longe de chegar às prateleiras, o leite de barata reforça uma tendência global: a busca por fontes alternativas e sustentáveis de proteína. Assim como farinhas de insetos e algas, a substância ilustra como a ciência está explorando soluções inovadoras para a alimentação em um mundo que exige menor impacto ambiental.
O tema causa estranhamento, mas mostra como avanços científicos podem transformar elementos improváveis em possíveis recursos nutricionais do futuro.