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Pressão arterial normal em 3 dias? Veja o truque natural que funciona!

Receitas com alho e limão prometem baixar a pressão em tempo recorde, mas o que dizem os estudos? Descubra o que realmente funciona

Leitura: 7 Minutos
Veja como regular a sua pressão em casa/Reprodução
Veja como regular a sua pressão em casa/Reprodução

A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, afeta mais de 30% da população adulta no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde.

É uma condição silenciosa: muitas vezes não apresenta sintomas, mas pode levar a complicações sérias como AVC, infarto e insuficiência renal.

A pressão é considerada normal quando está abaixo de 120×80 mmHg. Entre 120×80 e 139×89 mmHg, já é considerada pré-hipertensão. A partir de 140×90 mmHg, o diagnóstico é de hipertensão arterial.

O VÍDEO QUE PROMETE NORMALIZAR A PRESSÃO EM 3 DIAS

Nas redes sociais, vídeos virais têm sugerido um “truque natural” capaz de normalizar a pressão em apenas três dias. A receita costuma ser simples:

“Receita natural da pressão”:

  • 1 dente de alho cru amassado
  • Suco de meio limão
  • ½ copo de água morna
  • Tomar em jejum por três dias

Usuários afirmam que a mistura reduz a pressão rapidamente e dispensa o uso de remédios. Mas o que diz a ciência?

OS INGREDIENTES TÊM ALGUM EFEITO COMPROVADO?

Alho (Allium sativum):
Estudos científicos indicam que o alho possui compostos sulfurados (como a alicina), que podem ter ação vasodilatadora — ou seja, ajudam os vasos a relaxarem, facilitando o fluxo de sangue e reduzindo a pressão. Uma meta-análise publicada no Journal of Clinical Hypertension mostrou que suplementos de alho podem reduzir a pressão sistólica em média de 5 a 8 mmHg, especialmente em pessoas com hipertensão leve.

Limão:
O limão é rico em vitamina C e flavonoides, que atuam como antioxidantes e têm leve ação anti-inflamatória. Embora não tenha efeito direto na pressão, pode auxiliar na proteção dos vasos sanguíneos.

Água morna:
Não há evidência científica de que água morna afete diretamente a pressão arterial. Porém, ingerida em jejum, pode facilitar a absorção de compostos do alho e do limão.

AFINAL, A RECEITA FUNCIONA?

Parcialmente, sim — mas com muitas ressalvas.

O alho tem evidência clínica de efeito anti-hipertensivo leve a moderado, mas isso depende:

  • Da quantidade consumida diariamente (geralmente de 600mg a 1200mg de extrato seco padronizado)
  • Da forma de preparo (cru é mais potente que cozido, mas pode causar desconforto gástrico)
  • Da duração do uso (estudos mostram efeito após 6 a 12 semanas, não em apenas 3 dias)

Portanto, embora o consumo de alho possa ajudar a reduzir a pressão arterial, não há nenhuma evidência científica séria de que isso ocorra em apenas três dias com uma dose única e caseira.

O QUE REALMENTE PODE REDUZIR A PRESSÃO EM POUCOS DIAS?

Se a pessoa estiver com uma pressão elevada por fatores como:

  • Estresse agudo
  • Consumo excessivo de sal
  • Sedentarismo recente
  • Sono ruim

Então mudanças no estilo de vida podem sim gerar quedas rápidas na pressão. Veja práticas com respaldo clínico:

  1. Reduzir sal da alimentação: cortar alimentos ultraprocessados e embutidos pode baixar a pressão em até 5 mmHg em poucos dias.
  2. Beber mais água: ajuda na regulação do volume sanguíneo e na função renal.
  3. Caminhada diária de 30 minutos: pode reduzir até 10 mmHg em algumas pessoas, segundo a American Heart Association.
  4. Respiração profunda e meditação: técnicas de relaxamento comprovadamente reduzem o tônus simpático e ajudam na queda da pressão.
  5. Banho morno antes de dormir: promove vasodilatação periférica e pode auxiliar no controle da pressão noturna.

TRATAMENTO NATURAL ≠ ABANDONAR REMÉDIOS

Especialistas reforçam que nenhuma receita natural substitui o tratamento prescrito por médicos, especialmente em casos de hipertensão grau 2 ou com outras comorbidades. O maior risco está no abandono de medicamentos com base em promessas de curas rápidas.

O uso do alho e de outros compostos naturais pode ser feito em conjunto com a medicação, com supervisão, e até contribuir para redução de doses no futuro — mas isso deve ser avaliado caso a caso.

QUEM NÃO DEVE USAR A RECEITA CASEIRA?

Apesar de natural, a mistura com alho cru não é indicada para todos:

  • Pessoas com problemas gástricos (gastrite, refluxo, úlceras)
  • Usuários de anticoagulantes (alho pode potencializar o efeito e aumentar risco de sangramentos)
  • Hipotensos (quem tem pressão já baixa)
  • Gestantes e lactantes (sem evidência suficiente de segurança)

Nestes casos, o uso pode causar efeitos adversos e deve ser evitado ou acompanhado por um profissional.

A CIÊNCIA CONFIRMA: O ALHO AJUDA, MAS COM TEMPO

Uma revisão publicada em 2020 no Integrated Blood Pressure Control compilou 12 estudos sobre o uso de alho para hipertensão.

A conclusão foi de que o alho reduz tanto a pressão sistólica quanto a diastólica, especialmente em hipertensos não tratados ou com pressão limítrofe. Porém, os efeitos aparecem após algumas semanas e dependem da padronização do extrato, o que não ocorre com dentes crus em casa.

PRESSÃO ARTERIAL É COISA SÉRIA: MEDIR É FUNDAMENTAL

Mesmo usando receitas naturais, o mais importante é monitorar a pressão arterial regularmente, com aparelho digital confiável e nas condições corretas:

  • 5 minutos de repouso antes da medição
  • Braço apoiado na altura do coração
  • Evitar cafeína, esforço físico ou cigarro 30 minutos antes

Esses cuidados garantem leituras reais e ajudam a perceber variações pequenas, que podem indicar melhora — ou piora — silenciosa.

  1. A receita com alho, limão e água morna pode ter efeito benéfico, mas não há provas de que normaliza a pressão em 3 dias.
  2. Mudanças de estilo de vida têm impacto real sobre a pressão, inclusive em poucos dias, quando associadas a alimentação leve, exercícios e sono de qualidade.
  3. Qualquer tratamento natural deve ser complementar e não substitutivo do acompanhamento médico.
  4. O alho tem potencial terapêutico real, mas precisa de constância e quantidades adequadas.
  5. A pressão arterial deve ser monitorada frequentemente e todo resultado deve ser avaliado por um profissional de saúde.

OUTRAS DICAS PARA REGULAR A PRESSÃO

Controlar a glicose no sangue é fundamental para prevenir complicações como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e problemas renais.

A base do controle glicêmico começa com a alimentação: priorizar alimentos com baixo índice glicêmico, como vegetais, legumes, grãos integrais e proteínas magras, ajuda a evitar picos de açúcar no sangue.

Reduzir o consumo de açúcares simples, farinhas refinadas e alimentos ultraprocessados também é essencial.

Além da dieta, praticar atividade física regularmente — mesmo caminhadas leves de 30 minutos por dia — melhora significativamente a sensibilidade à insulina, facilitando a entrada da glicose nas células.

Dormir bem, controlar o estresse e manter uma rotina equilibrada também contribuem para manter os níveis glicêmicos estáveis. Pessoas em risco ou com pré-diabetes devem monitorar com frequência a glicemia em jejum e, se possível, após as refeições, para entender como o corpo reage a diferentes alimentos.

Em alguns casos, suplementos como fibras solúveis, canela ou vinagre de maçã podem ter efeitos positivos, mas devem ser utilizados com orientação profissional.

O mais importante é compreender que o controle da glicose exige constância, autocuidado e, quando necessário, acompanhamento médico individualizado para prevenir o avanço da doença e melhorar a qualidade de vida.

Laísa Menezes, repórter do Folha Vitória
Laísa Menezes

Repórter

Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Viçosa, pós-graduanda em Branding pela Universidade Castelo Branco, Alumni do Susi Leaders (Ed. 2023). Atua no Folha Vitória desde maio de 2024.

Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Viçosa, pós-graduanda em Branding pela Universidade Castelo Branco, Alumni do Susi Leaders (Ed. 2023). Atua no Folha Vitória desde maio de 2024.