Economia

Estados e municípios perderão R$ 4,5 bi por ano com reforma do IR, diz secretário da Receita

O secretário da Receita Robinson Barreirinhas afirmou em audiência na Câmara que não haverá alta de arrecadação com o projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil

Estados e municípios perderão R$ 4,5 bi por ano com reforma do IR, diz secretário da Receita Estados e municípios perderão R$ 4,5 bi por ano com reforma do IR, diz secretário da Receita Estados e municípios perderão R$ 4,5 bi por ano com reforma do IR, diz secretário da Receita Estados e municípios perderão R$ 4,5 bi por ano com reforma do IR, diz secretário da Receita
O  secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, acredita que estados e municípios vão perder arrecadação com isenção de IR. Crédito: Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil
O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, acredita que estados e municípios vão perder arrecadação com isenção de IR. Crédito: Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil

O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, afirmou nesta terça-feira, 27, que o projeto de lei que amplia o Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil deve gerar uma perda de R$ 4,5 bilhões por ano aos governos regionais. Nesse sentido, R$ 1,5 bilhões será o peso para os estados e R$ 3 bilhões aos municípios. Do mesmo modo, meses atrás, Barreirinhas já havia adiantado que o valor seria menor que R$ 5 bilhões.

Ao lado do presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, o secretário da Receita Federal indicou ainda que, entre 2015 e 2022, houve um ganho de Estados e municípios em termos de retenção. Nesse sentido ele disse que isso ocorreu “simplesmente porque não houve a correção da faixa”.

O secretário da Receita também destacou que a renda de Estados e municípios é de dois tipos: via fundo de participação e via retenção na fonte, ou seja, com arrecadação direta. “Em relação ao primeiro ponto, o efeito é absolutamente neutro, porque o que deixa de entrar nos fundos de participação por conta da isenção da renda mais baixa é compensado pelo que vai entrar na fonte de renda pela renda mais alta. Aquele IR entra igualmente no Fundo de Participação do Estado e do Municípios. Então o efeito em relação ao fundo é absolutamente neutro”, afirmou.

“A rigor não é neutro. Por quê? Porque, no ano passado, o fundo de participação dos Estados e dos municípios apresentou um crescimento real de aproximadamente 10%. Neste ano, pedi os dados para o Tesouro, o aumento será de 9% a 11%. E por que isso? Por causa de medidas que foram tomadas no Congresso Nacional para aumentar a arrecadação do IR”, completou.

Compreensão para perda de receita

O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, pediu à Comissão Especial uma compensação direta da perda de Estados e municípios com o projeto. “Confio na Câmara, no Parlamento Brasileiro, que haja uma compensação efetiva (do impacto do projeto do imposto de renda para os municípios). Nós queremos uma compensação direta. Não indireta. Nós não confiamos, infelizmente, na questão da federação. Quando prometem o dinheiro, depois não é a compensado”, indicou.

Ele frisou que uma forma direta de compensar os municípios seria aumentar em 0,5% do Fundo de Participação dos Municípios. “Vai dar a perda de R$ 5 bilhões. É uma forma direta e concreta (de compensar municípios). E é estruturante, porque é por população, não beneficia esse ou aquele município. É uma forma de recuperação”, disse.

Ziulkoski alegou que, mesmo com as compensações propostas pelo governo Lula, 1,7 mil municípios perderão recursos, a maioria deles municípios de pequeno porte. “A CNM trabalha pela compensação financeira de todos os municípios”.

Estudo da CNM estima que o projeto do IR, sem as novas compensações a serem discutidas no Congresso, geraria uma perda anual de R$ 9,5 bilhões aos cofres municipais. A perda seria entre R$ 4,9 bilhões na arrecadação própria e R$ 4,6 bilhões de FPM. “Esse impacto alcançaria todos os Municípios do país, fragilizando uma posição fiscal que já se encontra em situação delicada”, diz a entidade.

Arrecadação

Barreirinhas garantiu à Comissão Especial do Imposto de Renda na Câmara que não há alta de arrecadação com o projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, no acumulado de quatro anos.

“No período global, abrangido por essa medida que, no nosso entender, não pode ser analisada isoladamente, há um equilíbrio, há uma tendência a convergir para essa neutralidade. Em quatro anos de impacto, não há um ganho efetivo, não há aumento da arrecadação. No ano de 2026 há um valor maior, que ele é compensado, de certa forma, por um valor menor neste ano. Em 2027 haverá uma redução substancial dos valores por conta da aplicação do redutor”, explicou.

Tributação injusta

O secretário da Receita repetiu, durante a audiência, que a tributação no Brasil é injusta — um dos argumentos que baseiam o projeto de lei do governo.

“Hoje, uma pessoa de alta renda tem uma alíquota efetiva de em torno de 2,5%. E o que ele paga de Imposto de Renda no final do ano representa 2,5% das suas rendas, enquanto um trabalhador paga em torno de 9% da sua renda. Repare, por exemplo, um professor de ensino médio tem uma alíquota efetiva de 9,6%. Um policial militar, quase 10%. E por que ocorre essa distorção? Porque quando você pega toda a população brasileira, 70% da sua renda é renda do trabalho, o que é natural”, indicou.