João Victor e a cadela Maya. Fotos: Reprodução/Arquivo Pessoal
João Victor e a cadela Maya. Fotos: Reprodução/Arquivo Pessoal

A Justiça rejeitou o pedido feito pela família da influenciadora Márcia Merlo para que a cadela Maya, do filho dela, um adolescente autista e com deficiência intelectual, possa circular na área comum do condomínio onde mora, em Jardim Limoeiro, na Serra. Também rejeitou o pedido para suspender multa imposta pelo condomínio.

O condomínio aplicou multa de R$ 1 mil em função do adolescente João Victor Merlo, de 15 anos, ter transitado com a cadela Maya entre a portaria em uma área comum do local. A cadela, uma golden retriever, é utilizada pelo garoto como tratamento terapêutico.

Na decisão, tomada na segunda-feira (20), o juiz Carlos Alexandre Gutmman, da 1ª Vara Cível da Serra, reconheceu a importância terapêutica do animal, mas destacou que não existe, na legislação brasileira, norma que garanta aos cães de suporte emocional os mesmos direitos assegurados aos cães-guia.

O magistrado também observou que o laudo médico que atesta a necessidade do cão de apoio emocional foi emitido após a aquisição do animal. A medida, segundo ele, “reforça a necessidade de uma análise mais detalhada do caso antes da decisão definitiva”.

Ao analisar o pedido da família, o juiz entendeu que não havia urgência “nem risco de dano irreparável que justifique suspender” imediatamente a norma do condomínio que exige que os animais sejam transportados no colo ou em carrinho.

Além disso, na decisão, ele destaca que o direito de ir e vir do menor não está sendo impedido, já que o condomínio apenas estabelece uma forma específica para o trânsito dos animais. E também afirma que o carrinho não é capaz de “inviabilizar o tratamento”.

Pelo exposto, indefiro os pedidos de tutela provisória de urgência dos autores, consistentes na autorização para trânsito da cadela ‘Maya’ com guia/peitoral pelas áreas comuns, na suspensão da exigibilidade das multas aplicadas e na determinação de abstenção de abordagens pelo condomínio.

Juiz Carlos Alexandre Gutmman, da 1ª Vara Cível da Serra

O magistrado também indeferiu o pedido da família de que o processo transite em segredo de Justiça.

Mãe desabafa: “Vamos lutar”

Em entrevista ao jornal Cidade Alerta, da TV Vitória/Record, Márcia Merlo desabafou sobre o caso:

Primeiro tomei um susto, depois fui tomada por uma dor e uma revolta sem tamanho e acho que a única palavra que posso definir é que estou consternada. Onde deveria haver acolhimento existe barreira, o que deveria ser simples vira uma luta, e o que deveria ser inclusão dá lugar ao desrespeito”.

Márcia Merlo, mãe de João Victor

Ela declarou ainda que a família vai lutar até “onde for permitido lutar”: “Vamos recorrer no tribunal, vamos ao Ministério Público, porque se tem algo que uma família sabe fazer é lutar”.

Condomínio diz que regra é antiga

Em nota encaminhada à reportagem, o Condomínio Villaggio Limoeiro ressalta que o juiz registrou na decisão que a norma que está sendo questionada pela família não é recente, e está “presente em regimentos anteriores desde 2015, e foi reafirmada em Assembleia Geral Extraordinária realizada em outubro de 2024, o que reforça sua legitimidade democrática”.

Destaca também que, conforme a decisão judicial, “a regra não proíbe a posse de animais, mas apenas regulamenta seu trânsito em áreas de uso coletivo, visando preservar a higiene, segurança e o sossego dos demais moradores”.

Na resposta, o condomínio também diz que, com o pedido de tutela de urgência indeferido, permanece em vigor o Regimento Interno aprovado em assembleia, que determina que os animais devem circular nas áreas comuns no colo ou em carrinho.

O condomínio finaliza declarando que “atua dentro da legalidade e com total transparência, zelando pelo equilíbrio entre o direito individual e o interesse coletivo, em respeito às decisões aprovadas democraticamente por seus condôminos”.

*Com informações do repórter Caio Dias, da TV Vitória/Record

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão

Produtora Web

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória