Família que ama a adoção!

Amor que contagia: servidor público segue exemplo da irmã e adota duas crianças

Em 2016, Thatiana e Luan adotaram duas meninas, irmãs. Quase 10 anos depois, o irmão dela, Vinícius, e a esposa também adotaram duas irmãs

Thatiana, Luan, Ana Carolina, Ana Vitória e Joaquim. Em destaque, Vinícius e Morgana. Foto: arquivo pessoal
Thatiana, Luan, Ana Carolina, Ana Vitória e Joaquim. Em destaque, Vinícius e Morgana. Foto: arquivo pessoal

Uma corrente de amor que atravessa irmãos de sangue e filhos de coração. Essa pode ser a frase que mais traduz a formação de uma família capixaba muito especial da Serra, que viu a adoção como o caminho para construir um lar. É uma história para nos inspirar neste domingo, 25 de maio, Dia Nacional da Adoção.

Tudo começou em 2016, quando a servidora pública Thatiana de Oliveira e seu marido, o bombeiro militar Luan Lopes de Oliveira, adotaram duas irmãs: Ana Carolina e Ana Vitória.

Quase 10 anos depois, o irmão de Thatiana, Vinícius Rocha Silva e sua esposa, Morgana Boostel, ambos servidores públicos, também adotaram duas irmãs, em abril deste ano.

Leia também:
> Adoção: mais de 100 crianças esperam por uma família no ES
> Corrente do Bem ajuda pai de três filhos a recuperar os dentes
> Projeto do Ifes cria robô que ensina matemática para alunos autistas

Irmãos de sangue, Thatiana e Vinícius compartilham da mesma ideia: família é construída com amor, que pode vir do ventre, mas, principalmente, do coração.

“Abrigo não é lugar para a criança viver. O lugar certo é com a família, sendo cuidada e amada”, defende Thatiana.

Seguindo o exemplo da irmã, Vinícius e sua esposa Morgana contaram ao Folha Vitória que sequer tentaram ter filhos por gravidez biológica. Para eles, o caminho sempre foi óbvio: a adoção.

Para nós, sempre foi um sonho ter filhos, e por adoção, nem pensamos em outra possibilidade. Quando a gente pensa sobre família, pensamos em torná-la mais diversa, mais complexa, a partir de experiências que a gente já vivenciou, vendo nossas sobrinhas. Então, foi por espontaneidade, foi por escolha, nem tentamos por via biológica.

Morgana Boostel, servidora pública

Diferente de Vinícius e Morgana, Thatiana e Luan tentaram a gravidez biológica, porém, lidavam com problemas de fertilidade. Foi o ponto de partida para entrarem no mundo da adoção. Três anos após adotarem as irmãs, no entanto, veio mais uma surpresa: a gravidez do Joaquim, o caçula da família.

“Torcemos muito para que as pessoas vejam a adoção de outro jeito, desconstruam, porque é uma espera sem data. É uma gravidez que não tem data para acabar”, disse Thatiana.

Seguindo o exemplo

Há um mês com as filhas ao lado, Vinícius conta que a adaptação tem sido muito tranquila e as meninas já conhecem e brincam com os primos.

Ele avalia que é um desafio aprender a ser pai e dobrar a quantidade de pessoas na casa de uma hora para outra, mas, ao mesmo tempo, é motivo de muita felicidade.

A gente já vivenciou a experiência da adoção pela minha irmã mais nova e a receptividade foi muito boa. Foi tudo muito natural essa aproximação, e todos foram super amorosos, carinhosos e receptivos, como estão sendo com minhas filhas.

Vinícius Rocha Silva, servidor público

Tanto Vinícius quanto Thatiana passaram pelo processo de forma rápida, não chegaram a ficar nem um ano na fila de espera. Segundo Thatiana, isso se deve ao fato de que eles não fizeram exigências de adoção.

“Nossa avó paterna ‘adotou’ sobrinhos, filhos de primo… sempre a vimos acolhendo essas crianças. Até mesmo por essa vivência, quando fomos habilitados para a adoção, aceitamos grupo de irmãos e isso facilita o processo. Todo mundo achou que íamos ficar muito tempo na espera, mas foi rápido”, contou.

Thatiana, Ana Vitória, Luan, Joaquim e Ana Carolina. Foto: arquivo pessoal

Amor e adaptação

Vinícius e Morgana ainda estão no período de adaptação com as filhas, que chegaram há um mês na nova família. Até mesmo por isso, a identidade das irmãs será preservada nesta reportagem.

Para o período de adaptação, Vinícius teve direito à licença paternidade de 20 dias, enquanto Morgana garantiu a licença maternidade por seis meses para cuidar das meninas, que têm 4 e 8 anos.

“Tem sido muito importante para a gente esse período, para a nossa adaptação. A gente sabe que muitas pessoas precisam judicializar esse benefício para ter garantia. Estamos muito gratos porque conseguimos organizar a rotina e as novas vivências”, explicou Morgana.

Que a história se repita com cada vez mais crianças

No Espírito Santo, 115 crianças e adolescentes estão na fila da adoção à espera de uma família e um lar. No Brasil, este número chega a mais de 5 mil. Por trás das estatísticas, estão menores que tiveram seus vínculos familiares interrompidos e agora aguardam a chance de recomeçar por meio da adoção.

Dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), revelam que, nos últimos cinco anos, 808 crianças e adolescentes ganharam um novo lar no Espírito Santo.

Para iniciar o processo de adoção, o primeiro passo é procurar a Vara da Infância e da Juventude da comarca onde reside o interessado, e realizar o registro no banco de dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA).

Carol Poleze, repórter do Folha Vitória
Carol Poleze

Repórter

Jornalista pela Universidade Vila Velha (UVV) e mestranda em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Passou por veículos nacionais como Broadcast/Agência Estado, Estadão e BandNews FM. Atua como repórter do Folha Vitória desde 2023.

Jornalista pela Universidade Vila Velha (UVV) e mestranda em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Passou por veículos nacionais como Broadcast/Agência Estado, Estadão e BandNews FM. Atua como repórter do Folha Vitória desde 2023.