Economia

Alta do dólar já causa preocupação no governo

Interlocutores no Executivo dizem que a maior preocupação da equipe econômica é que a insistência da alta possa atrapalhar os planos do Planalto de dar prosseguimento à redução dos juros

Alta do dólar já causa preocupação no governo Alta do dólar já causa preocupação no governo Alta do dólar já causa preocupação no governo Alta do dólar já causa preocupação no governo
Alta do dólar já causa preocupação no governo
A moeda fechou mais uma vez em alta Foto: Divulgação

Brasília – A alta do dólar nos últimos dias já começa a preocupar o governo. O Palácio do Planalto monitora a oscilação e o próprio presidente Michel Temer tem acompanhado a movimentação da moeda americana. Após o dólar fechar mais uma vez em alta ontem, 14, o Banco Central anunciou que atuará com força no mercado de câmbio na volta do feriado com uma operação que terá efeito comparável à venda de US$ 1,5 bilhão no mercado futuro nas primeiras horas de negócios de amanhã.

Ontem, 14, o dólar persistiu na trajetória de alta e, mesmo com uma intervenção do BC, a moeda terminou em alta de 1,15%, a R$ 3,4444. A moeda americana tem subido diariamente desde a inesperada eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Apenas em novembro, o dólar já subiu 8% ante o real. É essa escalada que já começa a preocupar o governo Temer.

Interlocutores no Executivo dizem que a maior preocupação da equipe econômica é que a insistência da alta possa atrapalhar os planos do Planalto de dar prosseguimento à redução dos juros. Depois de quatro anos, a taxa caiu 0,25 ponto no mês passado, para 14%. Economistas dizem que o dólar mais alto encarece os preços em reais, o que gera inflação e atrapalha o corte de juros – fator considerado fundamental para a retomada do crescimento.

Para o governo, a alta do dólar não tem a ver com a situação doméstica. A equipe econômica defende que o movimento seria apenas uma reação ao chamado “efeito Trump”. Essa turbulência no cenário internacional, na avaliação desses interlocutores, é a única responsável pela oscilação da moeda. O problema é que esse fator acaba por atrapalhar a recuperação da economia. Atualmente, o cenário brasileiro não apresenta dados positivos que a equipe econômica esperava alcançar no fim deste ano. Além disso, são grandes as incertezas sobre 2017.

Leilões. Enquanto o governo demonstra desconforto com o dólar, o BC anunciou na noite de segunda-feira que atuará com mais força na quarta, com dois leilões de moeda. A ação do BC será realizada através dos chamados contratos de swap cambial tradicional.

A partir das 9h30, serão oferecidos até 10 mil contratos de swap em um leilão que equivale à venda de US$ 500 milhões. Após as 11h30, será ofertado outro lote com até 20 mil contratos, ou US$ 1 bilhão. Esses contratos são adquiridos especialmente por instituições financeiras e investidores que buscam se proteger da oscilação do câmbio. Quem detém esses instrumentos financeiros recebe do BC a oscilação do dólar até o vencimento do título.

A estratégia do Banco Central segue o mesmo roteiro visto na sexta-feira da semana passada, quando o dólar disparou e chegou a se aproximar de R$ 3,50. Nos leilões programados para a quarta-feira, a primeira operação – de US$ 500 milhões – será com novos contratos oferecidos pelo BC ao mercado. Na oferta seguinte – de US$ 1 bilhão – a instituição renovará operações antigas, mas que também terão efeito comparável à venda de dólares no mercado futuro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.