Economia

Ao contrário de Bolsonaro, agronegócio quer construir pontes com Joe Biden

Os porta-vozes do setor avaliam que é preciso ressaltar que o produtor brasileiro está enquadrado no que é estabelecido pelo Código Florestal

Ao contrário de Bolsonaro, agronegócio quer construir pontes com Joe Biden Ao contrário de Bolsonaro, agronegócio quer construir pontes com Joe Biden Ao contrário de Bolsonaro, agronegócio quer construir pontes com Joe Biden Ao contrário de Bolsonaro, agronegócio quer construir pontes com Joe Biden
Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro pode até não ter reconhecido o democrata Joe Biden como o governante eleito dos Estados Unidos e ainda chamar o futuro mandatário de “candidato a chefe de Estado”, mas os representantes do agronegócio não pensam assim. Eles avaliam que o País precisa reverter a imagem negativa de desmatamentos em alta e baixa proteção ambiental.

“Estamos no limiar de uma mudança de comando na maior economia do mundo, os Estados Unidos, com a eleição de Biden. O Brasil é eficiente e competitivo e não tem o que temer na nova gestão, mas um país não é amigo de pessoas, tem negócios com outros países”, afirma o ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e atual da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Cesario Ramalho.

Ele lembra que o agro é responsável por quase um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e que os produtos nacionais são competitivos, também quando comparados aos dos EUA. “Biden deve colocar os Estados Unidos novamente no Acordo de Paris (de combate às mudanças climáticas), o que é importante para termos um debate equilibrado.”

Os comentários foram feitos no Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex), que começou nesta quinta, 12, e termina nesta sexta, 13. No evento, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), os líderes deixaram refletir o mal-estar causado pela fala de Bolsonaro na terça-feira, em que o presidente provocou Biden, após receber críticas sobre queimadas na Amazônia.

Virando o disco

Os porta-vozes do setor avaliam que é preciso ressaltar que o produtor brasileiro está enquadrado no que é estabelecido pelo Código Florestal. Para eles, a vitória de Biden significa, ainda, um retorno do multilateralismo e o fortalecimento de órgãos, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), que foi desprestigiada pelo governo do atual presidente, Donald Trump.

“O Brasil precisa aproveitar para virar o disco, agora que Biden entrou. É uma agenda que deve ser atacada de frente, com muito diálogo. Não se pode confrontar o mundo nessa área (ambiental)”, diz Marcos Jank, professor sênior de agronegócio no Insper e coordenador do centro Insper Agro Global.

“Biden traz os Estados Unidos de volta aos trilhos”, diz. Ele completa que as preocupações sanitárias mudaram de patamar com a crise provocada pelo novo coronavírus, mas que o Brasil tem um sistema integrado de produção superior ao de outros emergentes.

O discurso de confronto do governo em relação à China, principal parceiro comercial do País, também é criticado. “É burrice, países não têm amigos. É preciso ter relação cordial tanto com a China quanto com os Estados Unidos e devemos estar juntos para enfrentarmos os desafios do protecionismo”, diz Francisco Turra, ex-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e ex-ministro da Agricultura.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.