Economia

Após críticas, migração do FAT deve ser gradual

Após críticas, migração do FAT deve ser gradual Após críticas, migração do FAT deve ser gradual Após críticas, migração do FAT deve ser gradual Após críticas, migração do FAT deve ser gradual

O relator da proposta de Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), estuda alternativas para dar mais tempo ao fim do repasse obrigatório dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Incluída no parecer da reforma, a medida destina o dinheiro hoje repassado à instituição para o pagamento de aposentadorias e pensões.

Depois das muitas críticas, a ideia, agora, é fazer com que o fim do repasse seja gradual, segundo apurou o Estado. Dessa forma, o “desmame” do BNDES seria feito ao longo de um período, ainda em análise. Se a proposta for mantida, o BNDES perderia R$ 217 bilhões em 10 anos.

A Constituição Federal determina que 40% dos recursos do FAT sejam transferidos ao BNDES para bancar financiamentos das empresas. O restante é usado para o pagamento do seguro-desemprego e abono salarial. Quando falta dinheiro para essas despesas, o Tesouro cobre o buraco, mas o órgão já avisou que não pretende mais fazê-lo. No ano passado, o rombo do FAT superou R$ 9 bilhões.

Esse ajuste no texto da reforma pode ser feito por meio de um voto complementar ao parecer do relator – após o prazo de discussão da proposta, previsto para terminar na próxima quarta-feira, e antes da votação da reforma na Comissão Especial.

Apesar das pressões para flexibilização as regras de transição para aposentadoria de servidores públicos e políticos, o relator pretende fazer apenas ajustes em seu parecer – mas eles não englobam esses dois temas. Uma definição sobre esses pontos pode ficar para a hora da votação na comissão ou mesmo no plenário. Nesse caso, porém, o parlamentar terá que “mostrar a cara” e assumir a paternidade das emendas que atenderem o lobby dos servidores e da classe política.

Estados e municípios. Esforços de articulação política ainda estão sendo feitos para a inclusão dos Estados e municípios no parecer. Mas fontes envolvidas nas negociações admitem que o trabalho de convencimento dos líderes continua árduo. Como mostrou o Estado, policiais, bombeiros e professores também pressionam por mudanças.

A interlocutores, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), informou estar “a caminho” um acordo para a votação da reforma no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar, marcado para 18 de julho. As discussões envolvem lideranças dos partidos e representantes do governo, e há um clima de otimismo em relação ao prazo.

Em encontro com investidores, Maia manifestou confiança nesse calendário, mas reconheceu que ainda não tinha todos os votos “planilhados”. Ele designou o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e alguns “deputados jovens” para ajudar nesse mapeamento.

A equipe econômica, por outro lado, tem reforçado a necessidade de concluir a votação para que outras medidas para a retomada do crescimento econômico possam deslanchar – entre elas o fim dos monopólios estatais nas áreas de refino e de gás natural.

O cumprimento desse cronograma é relevante inclusive para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para os dias 30 e 31 de julho.

A avaliação é a de que essa sinalização é importante para o comitê, que aguarda o avanço da reforma para avaliar a possibilidade de redução da taxa básica de juros (Selic), hoje em 6,5% ao ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.