Economia

Bancos sugerem fontes para financiar infraestrutura

Bancos sugerem fontes para financiar infraestrutura Bancos sugerem fontes para financiar infraestrutura Bancos sugerem fontes para financiar infraestrutura Bancos sugerem fontes para financiar infraestrutura

São Paulo – A necessidade futura de recursos para financiar projetos de infraestrutura no Brasil poderia ser atendida por parte dos valores acumulados no compulsório sobre depósitos à vista e dos depósitos em poupança, de acordo com proposta apresentada por bancos ao governo federal. O modelo estudado prevê que esses recursos, considerados uma fonte de segurança em momentos de risco sistêmico no mercado financeiro nacional, ajudariam a atender parcialmente à demanda potencial de mais de R$ 1 trilhão em um período de até três anos.

De acordo com o diretor da área de Project Finance do Itaú BBA, Alberto Zoffmann, esta é uma das sugestões apresentadas por instituições financeiras ao governo, em resposta a um pedido feito pela própria esfera federal aos bancos em dezembro de 2012. Em linhas gerais, a sugestão dos bancos é de que parte do montante dos compulsórios sobre depósitos à vista encaminhados ao Banco Central seja utilizada para o financiamento de novos projetos de infraestrutura. Hoje, esse recurso não tem qualquer remuneração.

Outra possibilidade seria utilizar uma fatia dos recursos acumulados em depósitos em poupança para o mesmo fim, reduzindo assim uma parte da oferta de recursos repassados ao Banco Central ou utilizados na concessão de empréstimo imobiliário.

A princípio 65% dos depósitos em poupança devem ser aplicados em empréstimo imobiliário, montante que nem sempre consegue ser repassado pelos bancos, segundo o diretor do Itaú BBA. “Uma alternativa seria destinar para o setor de infraestrutura o que não é emprestado ao mercado imobiliário”, sintetizou Zoffmann. Outros recursos, estes provenientes do depósito compulsório sobre o valor da poupança, também poderiam abastecer as demandas do setor de infraestrutura.

O tema ganha relevância diante da expectativa de necessidade crescente de recursos para o setor. Em uma simulação apresentada por Zoffmann, a qual considera a meta do País de garantir crescimento de 5% ao ano do Produto Interno Bruto (PIB) e uma participação de 25% dos investimentos no PIB, os projetos de infraestrutura demandariam R$ 1 trilhão dos bancos em um período entre 2014 e 2016. O cenário apresentado pelo executivo em evento organizado nesta semana pelas federações das indústrias de São Paulo (Fiesp) e Rio de Janeiro (Firjan) leva em consideração que o aumento da demanda por financiamentos não será integralmente atendida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Neste momento não há falta de recursos. Mas é possível que falte no futuro se a agenda (de projetos) andar como gostaríamos”, afirmou Zoffmann. “Falamos em soluções de recursos subsidiados que poderiam complementar a atuação do BNDES”, complementou o diretor do Itaú BBA.

Carteira

Durante sua palestra, Zoffmann destacou os desafios e as oportunidades existentes no atual momento do setor de infraestrutura brasileiro. Os modelos de concessão rodoviários e aeroportuários, já em fase de andamento por parte do governo federal, apresentam um cenário mais atrativo para os investimentos. Os segmentos de portos e ferrovias, por outro lado, ainda são marcados por incertezas.

O portfólio de ativos que o Itaú BBA possui em projetos soma hoje R$ 10 bilhões, de acordo com o executivo. Já a receita da instituição com essa área de projetos deve crescer 47% neste ano, em relação a 2013. No ano passado, a taxa de expansão do Itaú BBA foi de 35% – o executivo não revelou valores.

Essas receitas são oriundas de empréstimos e garantias concedidas, além de atividades nas áreas de assessoria e estruturação financeira de empreendimentos. O Itaú BBA participará, por exemplo, do leilão da BR-153, agendado para a próxima sexta-feira. Zoffmann não revelou, contudo, qual empresa ou consórcio será representado pela instituição.