Economia

Brasil tenta se reaproximar dos EUA

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Brasília – O governo brasileiro começa nesta quarta-feira, 11, oficialmente o movimento de reaproximação com os Estados Unidos com a primeira viagem de um ministro ao país desde a crise de 2013, quando se descobriu que os americanos tinham um esquema para espionar o governo brasileiro. Após dois anos de desconfianças mútuas, o país volta ao centro da política de exportações brasileiras – que vive um dos seus piores momentos desde 2003.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro Neto, chega a Washington com a missão de retomar negociações paradas e abrir caminho para melhorar a balança comercial com o americanos – em 2014, o Brasil teve déficit de quase US$ 8 bilhões no comércio com os EUA.

Ao decidir que precisa voltar o foco para o mercado externo, a presidente Dilma Rousseff também deixou claro que os EUA precisam ser um parceiro prioritário. Com um mercado rico, tarifas baixas de importação e mostrando fôlego econômico que os europeus ainda não têm, o país pode absorver mais produtos manufaturados e semimanufaturados do que tem feito até agora.

“É um sinal de que o Brasil considera os Estados Unidos um parceiro estratégico. Temos com eles a segunda maior corrente de comércio, mas a mais importante, porque tem qualidade, é de interesse para o Brasil. Para lá exportamos mais manufaturas, é diferente da China, para quem exportamos mais commodities”, afirmou Monteiro, após reunião com industriais na última segunda-feira, no Palácio do Planalto.

Todas as negociações entre Brasil e EUA ficaram paradas nesses dois anos. A intenção é que, nos próximos meses, consiga-se acelerar acordos suficientes para que Dilma e o presidente americano, Barack Obama, tenham o que assinar na visita de Estado que a presidente deve fazer a Washington no segundo semestre deste ano.

Mercado

Depois de um ano de comércio difícil com a Argentina, os Estados Unidos se tornaram o maior mercado para as manufaturas brasileiras, mas os valores ainda estão muito abaixo do melhor período, entre 2003 e 2008.

Dados levantados pela Confederação Nacional da Indústria mostram que em 2008 o Brasil vendia o equivalente a US$ 16 bilhões em manufaturas no mercado americano. No ano seguinte, esse número caiu para US$ 9,3 bilhões e nunca mais voltou ao nível anterior. A CNI calcula um potencial mínimo de US$ 2,3 bilhões em crescimento imediato.

O déficit comercial com os americanos já diminuiu. Fechou em US$ 7,97 bilhões em 2014, com uma corrente de comércio de US$ 62 bilhões. Em 2013, o déficit foi de US$ 11,36 bilhões, o maior desde 2008, último ano em que o Brasil conseguiu vender mais do que comprar dos EUA.

“Quando a relação com os Estados Unidos é incrementada, traz mais oportunidades para a indústria. Eles voltaram a crescer e é importante para nós nos associarmos a esse crescimento. Precisamos ser flexíveis para nos associarmos com os países onde o fluxo de comércio cresce”, disse Monteiro. A tarifa de importação baixa, em média de 5%, facilita o acesso ao mercado americano, segundo o ministro.

O PIB dos Estados Unidos subiu 5% no último trimestre de 2014 e 4,7% no anterior, além das previsões mais otimistas. Já a previsão de crescimento da zona do Euro é de apenas 0,8%.

A CNI cobra que se resolvam temas como o acordo Céus Abertos, que facilita a operação de empresas áreas americanas no Brasil e vice-versa, e o Global Entry, que facilita o fluxo de pessoas, especialmente a negócios. Há ainda pendente um acordo sobre patentes, que permite a aceleração e a concessão nos dois países, e outro para criar mecanismos para cooperação em normas fitossanitárias.

Todos essas discussões estavam bem avançados até a suspensão da visita de Dilma aos EUA, em 2013, por conta do escândalo de espionagem. Agora, mesmo com as informações de que a Casa Branca pode não ter determinado a suspensão da vigilância sobre a presidência brasileira, como fez com a Alemanha, o governo brasileiro decidiu ignorar os melindres diplomáticos e apelar para o pragmatismo comercial.