Jun 2021
21
Luan Sperandio
DATA BUSINESS

porLuan Sperandio

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Principal frente da oposição não quer impeachment

Na história recente, os brasileiros vivenciaram dois pedidos de afastamento de seus presidentes. O primeiro de Fernando Collor, em 1992, e o segundo de Dilma Rousseff, em 2016.

Um impeachment gera um candidato natural para o jogo político, como ocorre em democracias presidencialistas em todo o mundo, que é o vice. Mas, em ambos os casos, isso não ocorreu por situações específicas. Seus substitutos, Itamar Franco e Michel Temer não foram candidatos presidenciais porque no primeiro caso, uma eventual eleição não era permitida à época. Então, o Ministro da Fazenda de Itamar, Fernando Henrique Cardoso, quem acabou ganhando a popularidade eleitoral diante do Plano Real.

Já com Temer, além da falta de popularidade inicial, houve o “Joesley day”, dia em que foi divulgado o áudio do dono da JBS ligando o peemedebista à Lava-Jato, o que impediu que Temer tentasse a disputa eleitoral.

Eventual impeachment de Jair Bolsonaro, a princípio, criaria um sucessor natural para 2022: o hoje vice Hamilton Mourão, embaralhando o cenário eleitoral.

Diante desse cenário, não interessa para a oposição petista impichar Jair Bolsonaro pois o cenário base hoje é que eles estarão no segundo turno. Para que arriscar?

Ao PT apenas interessa enfraquecer o atual presidente

A queda antecipada de Bolsonaro poderia, portanto, alavancar um terceiro candidato para o pleito do próximo ano, podendo ameaçar as chances de vitória dos petistas. Nesse sentido, o afastamento do presidente  não interessa à principal força da esquerda brasileira.

Assim, com exceção dos partidos de centro que visam uma “terceira via” para vencer o bolsonarismo e o petismo, não há interesse por impeachment em Brasília: apenas por desgastá-lo a fim de enfraquecer e facilitar a disputa em 2022.

Para além disso, mesmo se houvesse interesse da oposição petista, eventual impeachment se mostra com chances remotas. A questão do tempo inviabilizaria a execução desta pauta, já que a corrida pelo Planalto deverá começar antecipadamente em 2022.

Apesar de instável, a base de Bolsonaro no Congresso foi fortalecida desde 2020, como se comprova a partir de votações com quórum de PEC em projetos de interesses do governo, como foi com a MP da Eletrobras. Por fim, quem dá início ao processo de impeachment é o presidente da Câmara, hoje o aliado Arthur Lira. Todas essas peças no tabuleiro — a falta de interesse da oposição, a proximidade das eleições e a conjuntura em Brasília favorável — tornam eventual impeachment um cenário bastante remoto.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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