Artigo escrito por José Neto Rossini Torres é gestor comercial e assessor de investimentos alta renda. Advogado e autor dos livros “Investe Logo: Compartilhando experiências com o investidor iniciante” e “O Caminho para o sucesso na Assessoria de Investimentos: Processo, Relacionamento e Intensidade”.
Em dias de grandes decisões no futebol, como as finais da Copa do Brasil, é comum ouvirmos que tudo será decidido nos 90 minutos. A narrativa esportiva nos convence de que títulos se ganham no momento em que a bola começa a rolar. Quando cada toque, passe ou chute pode mudar o destino de uma temporada. Essa perspectiva do “resultado imediato” presente nas manchetes, nas transmissões e nas conversas de bar pode nos cegar para uma verdade mais profunda. Os campeonatos, como a vida, se ganham muito antes do apito inicial.
No futebol, o título começa a ser construído na pré-temporada, nos treinos, na preparação física e mental, na análise do adversário bem como na construção de um elenco que sabe o que fazer sob pressão. Não é diferente no campo das finanças pessoais e dos investimentos. O grande autor Morgan Housel, em seu livro The Psychology of Money, nos lembra que o sucesso financeiro tem mais a ver com comportamento, paciência e consistência do que com fórmulas mágicas ou acertos técnicos pontuais.
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Housel demonstra, por meio de histórias e exemplos, que o dinheiro não é apenas números e planilhas. Mas decisões tomadas por seres humanos, carregadas de emoções, experiências bem como vieses cognitivos. Cada escolha financeira, seja poupar, investir, gastar ou proteger o patrimônio, é um reflexo do nosso modelo mental do mundo. Ou seja, moldado por nossa história, medos bem como expectativas.
Investimentos exigem disciplina
Assim como um treinador prepara seu time antes da grande final, o investidor disciplinado planeja sua estratégia muito antes de um evento de mercado (ou deveria se preparar). Uma carteira bem estruturada não nasce de uma decisão impulsiva no auge da euforia ou do pânico. Nasce da construção lenta e constante de hábitos que favorecem a consistência. Que é, nesse sentido, poupar primeiro, gastar depois, investir com foco no longo prazo, aceitar que surpresas e volatilidade fazem parte do jogo. Bem como manter a disciplina mesmo quando os resultados imediatos não aparecem.
O futebol nos ensina que o momento decisivo não é apenas o último apito, mas todo o processo que precede esse instante. Morgan Housel nos ensina que, nas finanças, o resultado de uma vida equilibrada e próspera é construído no dia a dia, com escolhas simples, persistentes e inteligentes, muito antes do momento de “decisão” que o mercado ou a vida nos apresenta.
Assim como um treinador sábio, o investidor inteligente entende que o jogo começa fora dos olhos da audiência, e que a grande vitória é fruto de preparo, disciplina e visão de longo prazo.
Equipe de Jornalismo
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