
A economia do Espírito Santo deve manter trajetória e crescer 1,9% no ano que vem. A projeção é do Observatório Findes, que reúne dados que apontam para onde a economia capixaba vai caminhar. De acordo com o Indicador de Atividade Econômica (IAE-Findes), o Estado deve encerrar 2025 com expansão de 3,9%. Para 2026, o ciclo positivo da atividade econômica se mantém, mas em menor intensidade.
Caso as projeções se confirmem, 2026 marcará o quarto ano consecutivo de alta do Produto Interno Bruto do Espírito Santo. O desempenho previsto também supera a média nacional, estimada em 2,3% para 2025 e 1,8% para 2026, conforme o Boletim Focus do Banco Central. Os dados foram apresentados nesta quinta (18), na sede da Findes.
O presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo, Paulo Baraona, destacou que 2025 foi de desafios relevantes para o setor produtivo. Segundo ele, o cenário de juros elevados e a taxação imposta pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras afetaram diretamente a economia capixaba, que destina quase um terço de suas exportações ao mercado norte-americano.
“Passamos por desafios em 2025 e acredito que vamos vencer alguns em 2026. Ano que vem poderemos ter boas notícias em relação à BR- 262 e também a F-118, que o Governo Federal já anunciou a colocação do edital na rua. São dois grandes investimentos em infraestrutura que são extremamente importantes para o nosso Estado. Isso ajuda a concretizar os R$ 65 bilhões de investimentos na indústria, porque precisa de infraestrutura”, argumentou Baraona.

Desafios externos e novas oportunidades
Apesar do ambiente adverso, o ano também foi de busca por novas oportunidades comerciais. Baraona ressaltou a assinatura de um Memorando de Entendimento com a Decom Mission, entidade europeia voltada ao descomissionamento de plataformas de petróleo e gás. O acordo busca ampliar a cooperação entre empresas capixabas e europeias nesse segmento estratégico.
A expectativa da Findes é aprofundar essas conexões em 2026, com a possível visita da Decom Mission ao Espírito Santo. Um evento sobre o assunto deve acontecer em março no Estado. A federação também trabalha na estruturação de projetos para descomissionamento, com potencial de fortalecer cadeias produtivas como logística, metalmecânica, economia circular e ambiental.
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, a economia capixaba apresentou crescimento de 2,5% frente ao mesmo período de 2024. O resultado ficou acima da expansão do PIB brasileiro, que avançou 2,4% no mesmo intervalo, segundo dados consolidados do IAE-Findes.
Indústria sustenta crescimento
Todos os setores econômicos registraram crescimento de janeiro a setembro, com destaque para a agropecuária, que avançou 16%. A indústria cresceu 3,7% e os serviços, 0,6%, sendo estes dois últimos os principais responsáveis pela sustentação do desempenho econômico do Estado ao longo do ano.
A economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório da Indústria, Marília Silva, explicou que o crescimento ocorreu mesmo em um ambiente de aperto monetário. Segundo ela, a expansão se concentrou em setores menos sensíveis aos juros, como a agropecuária e a indústria extrativa. Enquanto os serviços se sustentaram pelo mercado de trabalho aquecido.
“Acho que a taxa de juros foi um dos grandes temas econômicos deste ano e seguirá sendo no ano que vem. Quando a gente olha para o mercado, vê que existe uma expectativa de redução dessa taxa de juros ao longo do ano que vem. Do mesmo modo lastreada no fato de que a inflação entrou no teto da meta. Ou seja, o que chamamos a atenção é que, ainda que haja reduções, como o mercado espera, a gente chegaria ao final do ano com uma taxa de 12%, que ainda é muito alta”, disse Marília Silva.

Indústria extrativa
A indústria extrativa teve desempenho expressivo, com crescimento de 12,2% entre janeiro e setembro. Nesse sentido, a pelotização de minério de ferro avançou 7,8%, enquanto a produção de petróleo e gás natural cresceu 14,9%, impulsionada principalmente por campos offshore, responsáveis por 96,5% da produção estadual.
Dados da Agência Nacional do Petróleo indicam que a produção média de petróleo no Estado alcançou 186,6 mil barris por dia no período. Do mesmo modo, o principal destaque foi o campo de Jubarte, associado ao avanço da produção da plataforma Maria Quitéria, operada pela Petrobras, além de outros campos marítimos relevantes.
Agropecuária lidera avanço setorial
Na agropecuária, o crescimento de 16% foi impulsionado principalmente pela agricultura, que avançou 15,9%. A alta da safra de café, principal cultura do Estado, compensou a bienalidade negativa do café arábica. Do mesmo modo o destaque foi o conilon, que representa 81% da produção capixaba.
Segundo o Observatório Findes, condições climáticas mais favoráveis após o El Niño de 2024, aliadas a boas práticas agrícolas, garantiram melhor produtividade. A pecuária também apresentou desempenho positivo, com crescimento de 2%.