Espírito Santo: o pequeno estado dos resultados gigantescos

Todo capixaba que já saiu do Espírito Santo para estudar, trabalhar ou viajar já sentiu a frustração de ouvir: “Capixaba? De onde é isso?” Ou, pior ainda, ao dizer que é de Vitória, ter que esclarecer que é a capital de um estado do Sudeste, não uma cidade no interior da Bahia. Como um estado que já foi sombra no mapa nacional virou referência em índices sociais e econômicos? A resposta está na gestão responsável do dinheiro dos contribuintes, no trabalho árduo e numa sociedade que decidiu escrever seu próprio destino.

O termo “Onças Brasileiras”, inspirado nos Tigres Asiáticos, refere-se a estados como Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. Fora do eixo Rio-São Paulo, esses estados superaram a ausência nos grandes ciclos econômicos nacionais e, com gestões sérias e visão de futuro, transformaram suas realidades. O Espírito Santo, no entanto, destaca-se como um caso exemplar, combinando políticas públicas eficazes com engajamento social.

Em 1998, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Espírito Santo era o estado mais violento do Brasil, com uma taxa de quase 60 homicídios por 100 mil habitantes. Hoje, esse índice caiu para cerca de 20 por 100 mil, conforme dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, uma redução de mais de 60% em duas décadas. Essa virada não foi obra do acaso, mas resultado de escolhas estratégicas: investimentos em segurança pública, com ampliação do efetivo policial e modernização de equipamentos, aliados a programas de educação e inclusão social. Como dizia Margaret Thatcher, “não existe isso de dinheiro público; existe apenas o dinheiro dos contribuintes”. No Espírito Santo, essa máxima é levada a sério, com o estado mantendo nota máxima em qualidade contábil e gestão fiscal há mais de 15 anos, segundo avaliações da Secretaria do Tesouro Nacional.

Crescimento Econômico e Responsabilidade Fiscal

Essa responsabilidade fiscal se reflete em políticas que impulsionam o crescimento econômico. Programas como o Invest-ES, que reduz o ICMS para novos empreendimentos, e o Compete-ES, que oferece incentivos tributários para indústrias, atraíram empresas de setores como tecnologia, agronegócio e logística. Por exemplo, a instalação de uma unidade da Suzano, gigante do setor de celulose, gerou mais de 2 mil empregos diretos e indiretos na região norte do estado. Além disso, o Porto de Vitória, modernizado por meio de parcerias público-privadas, movimentou 7,2 milhões de toneladas de cargas em 2022, segundo a Codesa, consolidando o estado como um hub logístico no Sudeste. Essas iniciativas, combinadas com uma burocracia mais enxuta, criam um ambiente onde o empreendedorismo prospera, gerando empregos e riqueza.

Outro diferencial é o Fundo Soberano do Espírito Santo, inspirado no modelo norueguês e avaliado como o terceiro melhor do mundo em sua categoria, segundo o Instituto de Gestão de Fundos Soberanos (IGFS). Único entre os estados brasileiros, esse fundo utiliza royalties do petróleo para financiar projetos de longo prazo, como infraestrutura, inovação e energias renováveis. Em 2023, o fundo destinou R$ 200 milhões para projetos de mobilidade urbana e saneamento, beneficiando cidades como Vila Velha e Cariacica. Essa visão de futuro garante que a riqueza de hoje seja investida em benefícios para as próximas gerações.

O Case Capixaba: Superando Desafios

O “case capixaba” vai além dos números. É a história de uma sociedade que superou a má fama de corrupção, violência e atraso. A mobilização de empresários, cidadãos e lideranças locais, como a atuação da Findes (Federação das Indústrias do Espírito Santo) em parcerias com o governo, foi crucial para essa transformação. Um exemplo é o programa “Escola Viva”, que ampliou o ensino integral e reduziu a evasão escolar em 30% entre 2015 e 2022, segundo o governo estadual. Essa união demonstra que, quando o governo respeita o dinheiro do contribuinte e a sociedade se engaja, os resultados são transformadores.

O Espírito Santo não é mais “onde?”, mas “como?”. É um estado que mostra ao Brasil que é possível crescer, reduzir desigualdades e atrair investimentos com trabalho sério e liberdade para empreender. O exemplo capixaba é um soco no estômago de quem acha que o Brasil está condenado ao fracasso. Um estado pequeno, sem o glamour de capitais globais, prova que gerir bem os recursos dos cidadãos e fomentar o empreendedorismo pode gerar resultados gigantescos. A lição é clara: quando o dinheiro do contribuinte é tratado com seriedade, o futuro se ilumina.