Economia

FMI pode ter de aumentar resgate para Ucrânia

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Washington – A crise política na Ucrânia pode fazer com que o país precise de mais dinheiro do que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outros doadores planejaram emprestar, informou a instituição um dia após aprovar um pacote de US$ 17 bilhões para auxiliar o governo ucraniano.

“O grau de incerteza é bastante grande”, disse Reza Moghadam, diretor do Departamento Europeu do FMI, em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira.

Se Kiev continuar comprometida com a implementação da reestruturação econômica requerida pelo resgate do FMI e as circunstâncias enfrentadas pelo governo ucraniano mudarem, uma combinação de novos empréstimos e medidas econômicas mais conservadoras pode ser necessária, disse Moghadam.

“Uma ruptura das relações com a Rússia pode prejudicar exportações, investimentos e crescimento e a perda do controle econômico sobre o leste, pode reduzir a receita do orçamento. Essas duas situações poderiam criar a necessidade de uma recalibração do programa e de um financiamento adicional, inclusive por parceiros bilaterais da Ucrânia”, informou o FMI nos documentos do pacote de resgate.

A Ucrânia está no meio de um dos maiores impasses entre ocidente e Rússia desde o final da Guerra Fria. Moscou tomou controle da península da Crimeia e é acusado pelo ocidente de fomentar conflitos no leste da Ucrânia, que teriam como objetivo impedir que o país se afaste do Kremlin e caminhe em direção a Europa. Também existe a preocupação de que o presidente russo Vladimir Putin esteja tentando recriar uma Rússia maior, com a anexação de territórios, como a Crimeia e o leste ucraniano, que pertenciam à extinta União Soviética antes do final da Guerra Fria.

Os Estados Unidos, a União Europeia e outros países ocidentais impuseram uma série de sanções contra bancos, companhias e autoridades próximas a Putin. A medida é uma tentativa de frear os impulsos expansionistas russos.

Os conflitos políticos na Ucrânia parecem ficar mais intensos com a aproximação das eleições presidenciais que devem ocorrer no final deste mês, e autoridades russas e ocidentais têm se ameaçaram com a intensificação de sanções retaliatórias.

Nos documentos publicados hoje pelo FMI, a instituição alerta que um aumento dos investimentos militares por parte do governo ucraniano também poderia causar a necessidade de uma reformulação do pacote de assistência anunciado ontem.

Pouco depois da aprovação do acordo, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que havia dois tipos de riscos para o programa: de implementação e político.

“A cooperação de todas as partes será extremamente importante para reforçar a posição econômica da Ucrânia”, disse a dirigente. “Qualquer coisa que prejudique a situação econômica do país irá comprometer a implementação do programa”, completou Lagarde, em referência à batalha de sanções e a disputa de preços do gás natural. A Rússia fornece quantidade importante da energia usada pelos ucranianos.

Ainda não está claro quanto será cobrado da Ucrânia pela empresa russa Gazprom nas contas de gás, mas o FMI sabe que grande parte dos US$ 17 bilhões do pacote será usada para pagar a energia fornecida pela Rússia. A principio, a Ucrânia já deve destinar US$ 2,2 bilhões ao país vizinho para quitar um pagamento atrasado.

Na semana passada, a Rússia apresentou uma conta de US$ 11 bilhões à Kiev por violações contratuais que ocorreram no passado. O Kremlin também levantou a possibilidade de outros US$ 11 bilhões serem cobrados dos ucranianos para quitar descontos fornecidos pelo governo russo nos últimos anos.

O FMI estimou o preço de mil metros cúbicos de gás natural em US$ 386, mas não divulgou quanto dos US$ 17 bilhões do pacote poderão ser pagos à Rússia. Fonte: Dow Jones Newswires.