Economia

Funcionários do BNDES fazem ato contra denúncia do MPF sobre operações com JBS

A denúncia apresentada na quinta-feira pelo MPF é resultado da Operação Bullish, deflagrada em maio de 2017

Funcionários do BNDES fazem ato contra denúncia do MPF sobre operações com JBS Funcionários do BNDES fazem ato contra denúncia do MPF sobre operações com JBS Funcionários do BNDES fazem ato contra denúncia do MPF sobre operações com JBS Funcionários do BNDES fazem ato contra denúncia do MPF sobre operações com JBS
Foto: Agência Brasil

Um dia após o Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal apresentar denúncia contra 11 pessoas por supostas irregularidades em operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o frigorífico JBS, funcionários da instituição de fomento se reuniram na tarde desta sexta-feira, 15, num ato de protesto. Segundo a AFBNDES, associação que representa os funcionários e convocou o protesto, cerca de 600 pessoas participaram do ato, no pátio da sede do banco, no Centro do Rio.

A denúncia apresentada na quinta-feira pelo MPF é resultado da Operação Bullish, deflagrada em maio de 2017. Os ex-ministros Guido Mantega e Antônio Palocci e o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho estão entre os denunciados. Dos 11, cinco são funcionários de carreira do BNDES. O Estadão/Broadcast apurou com uma fonte de dentro da instituição que, dos cinco funcionários denunciados, três já estão aposentados, um está licenciado e apenas um trabalha atualmente no corpo técnico.

Na denúncia, os procuradores acusam os citados pela prática de crimes como formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, gestão fraudulenta, prevaricação financeira e lavagem de dinheiro. No documento, o MPF cobra um total de R$ 5,5 bilhões dos denunciados, sendo R$ 1,8 bilhão por causa do suposto prejuízo causado ao banco público e outros R$ 3,7 bilhões como reparação de danos.

Na noite de quinta-feira, após a apresentação da denúncia em Brasília, o BNDES informou, em nota, que “colabora com as autoridades e continuará prestando todas as informações necessárias para as investigações no âmbito da Operação Bullish”. “A instituição tem todo o interesse de que quaisquer dúvidas acerca de suas operações sejam devidamente esclarecidas”, diz o texto.

A AFBNDES criticou a denúncia por parte do MPF. “AFBNDES reitera sua confiança em todos os funcionários que atuaram nas operações relacionadas à empresa JBS. A denúncia apresentada nesta quinta-feira (14) pelo Ministério Público Federal não contém qualquer evidência de qualquer pagamento ou transferência de recursos em benefício do ex-presidente Luciano Coutinho ou dos técnicos do Banco. Contra os técnicos do BNDES a denúncia utiliza apontamentos feitos pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de maneira acrítica, definindo como crime acusações vazias”, diz uma nota divulgada pela entidade.

Em evento público nesta sexta-feira, o presidente do BNDES, Joaquim Levy, evitou a imprensa e não comentou diretamente a apresentação da denúncia pelo MPF. Ainda assim, em palestra durante seminário na Fundação Getulio Vargas (FGV), o executivo mencionou a falta de controle nas operações do banco. Segundo Levy, a instituição criou uma “área de compliance” apenas em 2016, na gestão da ex-presidente Maria Silvia Bastos Marques, já no governo Michel Temer. “Até 2016 não tinha área de compliance. Que surpresa que aconteceram coisas esquisitas”, afirmou Levy, sem detalhar o que seriam as “coisas esquisitas”.

Sob condição do anonimato, funcionários do BNDES disseram ao Estadão/Broadcast que as funções de controle e gestão de riscos já eram cumpridas antes disso, porém. Esse trabalho ficaria com a antiga Área de Gestão de Riscos, criada em 2007. A gestão de Maria Silvia teria feito uma reorganização das áreas.