Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

O aquecimento da economia no fim do ano cria um cenário propício para a atuação de golpistas. Segundo especialistas, o aumento das transações financeiras e a queda na atenção dos consumidores elevam os riscos de fraudes, principalmente por meio de Pix, WhatsApp e falsas promoções online.

Especialistas alertam para fraudes cada vez mais sofisticadas, com idosos, consumidores endividados e pequenos empreendedores entre os principais alvos. Eles também orientam consumidores sobre como identificar armadilhas e evitar prejuízos.

O economista-chefe do Ibef-ES, Felipe Storch, explicou que um dos motivos para o fim de ano ser um período propício para golpes e ações criminosas é a grande circulação da economia.

Há mais dinheiro circulando na economia, seja por conta do 13º salário, férias ou bônus; as pessoas estão mais focadas em compras, viagens e compromissos pessoais, e a atenção acaba diminuindo. Esse ambiente de pressa, distração e maior volume de transações cria oportunidades para fraudes.

Felipe Storch, economista-chefe do Ibef-ES

Golpes mais comuns

Alguns golpes estão no radar de criminosos, dentre os principais estão:

  • Falsas promoções em lojas virtuais;
  • Sites clonados que oferecem preços muito abaixo do mercado e desaparecem após o pagamento;
  • Golpes envolvendo Pix, em que o criminoso se passa por um familiar ou conhecido pedindo dinheiro com urgência;
  • Falsas centrais de atendimento que entram em contato dizendo haver problemas na conta bancária ou no cartão;
  • Golpe do boleto falso;
  • Falsa entrega com cobrança de taxas;
  • Golpes relacionados a aluguel de imóveis para temporada inexistentes;
  • Clonagem de WhatsApp durante compras;
  • Golpe do falso presente;
  • Falsas renegociações de dívidas;
  • Promessas de liberação rápida de crédito;
  • Mensagens sobre benefícios como FGTS, restituições ou prêmios fictícios.

Público-alvo de golpistas

Para Felipe Storch, os golpistas costumam direcionar suas ações a públicos específicos.

  • Pessoas com menor familiaridade com tecnologia

Para ele, especialmente idosos são alvos frequentes porque tendem a confiar mais em contatos diretos e têm mais dificuldade em identificar mensagens falsas.

  • Consumidores endividados

Este tipo de consumidor costuma estar mais vulnerável a ofertas de renegociação ou crédito fácil. Além disso, pessoas sob pressão emocional, tentando resolver gastos de fim de ano ou ajudar familiares, ficam mais propensas a decisões impulsivas.

Pequenos empreendedores e MEIs também são visados, pois lidam com muitos pagamentos e contatos simultaneamente.

Golpes que entraram no radar

Alguns golpes ganharam ainda mais força recentemente. O golpe do Pix por WhatsApp é um dos principais, em que o criminoso imita o perfil de alguém conhecido e pede uma transferência imediata.

O Procon-ES destacou dois golpes que entraram no radar da instituição e demandam atenção dos consumidores.

  1. O “golpe do boleto falso“, o qual é uma fraude na qual criminosos alteram um boleto legítimo ou criam um documento falso para que o pagamento seja direcionado para a conta deles, em vez do credor original.
  2. O “golpe do falso presente” funciona com criminosos usando dados da vítima para simular a entrega de um brinde, assim, cobrando uma taxa de entrega baixa em uma maquininha adulterada, que na verdade cobra um valor muito maior ou clona o cartão e dados bancários. Isso pode resultar em transferências ou empréstimos fraudulentos.

Nesse sentido, o economista Felipe Storch ainda afirma que outro golpe comum é o envio de links falsos de rastreamento de encomendas ou de supostos problemas na entrega, que levam a páginas fraudulentas para roubo de dados.

Em todos esses casos, a estratégia é a mesma: criar senso de urgência, oferecer alguma vantagem rápida e impedir que a vítima tenha tempo para verificar a informação.

Felipe Storch
Como prevenir?

Felipe Storch destaca algumas prevenções para não cair em golpes:

  • Desconfie de mensagens que tragam urgência excessiva ou pressão emocional;
  • Nunca se deve clicar em links recebidos por mensagem sem confirmar a origem;
  • Não fornecer senhas, códigos ou dados pessoais sem confirmar a origem;
  • Em pedidos de dinheiro, a recomendação é sempre confirmar por outro meio, como uma ligação direta;
  • É fundamental verificar se o site é oficial, conferir CNPJ e canais de atendimento;
  • Manter aplicativos e sistemas de segurança atualizados, como a autenticação em dois fatores.

Dessa forma, a diretora-geral do Procon-ES, Letícia Coelho Nogueira, reforçou que a prevenção é a principal forma de proteção.

A orientação é desconfiar de ofertas muito vantajosas, verificar a autenticidade de contatos, não clicar em links inesperados, não compartilhar códigos de segurança e confirmar informações sempre pelos canais oficiais das empresas.

Letícia Coelho Nogueira, diretora-geral do Procon-ES
Principais canais utilizados na aplicação de golpe

Segundo o economista, os principais canais utilizados na aplicação de golpes são:

  • WhatsApp;
  • SMS;
  • E-mail;
  • Redes sociais;
  • Ligações telefônicas.

Anúncios falsos em redes sociais e sites clonados se tornaram especialmente comuns, assim como mensagens que imitam bancos, operadoras, lojas e transportadoras. A tecnologia usada pelos golpistas evoluiu, mas o princípio continua sendo enganar rapidamente.

Felipe Storch

O que fazer em caso de suspeita de golpe?

Em caso de suspeita de estar levando um golpe, proteja imediatamente suas contas bloqueando cartões, avisando ao banco ou à instituição financeira pelo aplicativo ou telefone oficial.

Também é importante que troque suas senhas de banco, e-mail, redes sociais e aplicativos relacionados e ative a verificação em duas etapas, evitando o acesso de terceiros.

Além disso, monitore seus extratos e desconfie de contatos prometendo “recuperar o dinheiro”, pois podem ser novos golpes.

Por fim, o Procon-ES recomenda que o consumidor registre sua reclamação pelo site, além de registrar um Boletim de Ocorrência junto à Polícia Civil.

*Texto sob a supervisão da editora Erika Santos

Bernardo Mont'Mor *

Estagiário

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), apaixonado por esportes e estagiário no jornal Folha Vitória

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), apaixonado por esportes e estagiário no jornal Folha Vitória