
O governo brasileiro quer se reunir com os Estados Unidos em no máximo duas semanas para dar andamento às negociações envolvendo o tarifaço imposto aos produtos importados do Brasil, apurou o Estadão/Broadcast. A ideia é que a reunião possa acontecer já na próxima semana ou, no mais tardar, na seguinte.
A ideia do governo brasileiro é que a delegação seja composta pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará em Belém na próxima semana para eventos relacionados à COP 30. Deve voltar a Brasília após 10 de novembro.
As negociações para que o encontro aconteça estão em andamento e o governo brasileiro aguarda, no momento, um sinal dos Estados Unidos para que a comitiva se dirija a Washington.
No último domingo, 26, Lula se reuniu com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia. Acertaram que seus auxiliares manteriam contato nas próximas semanas para dar andamento às tratativas.
A ideia do Palácio do Planalto é evitar que essa negociação se prolongue. Não há intenção, por exemplo, de adiar as tratativas para o ano que vem, de acordo com pessoas ouvidas pela reportagem. O governo pretende ter um resultado sobre o caso ainda neste ano.
A principal dúvida entre diplomatas brasileiros e integrantes do Palácio do Planalto é o que os Estados Unidos vão cobrar para retirar a tarifa de 40% sobre os produtos brasileiros.
Conversa de Lula e Trump
Na conversa de Trump com Lula e no encontro que integrantes das duas delegações tiveram no dia seguinte, não houve a abordagem dos temas terras raras, minerais críticos e Brics, apurou o Estadão/Broadcast.
Ao mesmo tempo, integrantes do governo avaliam que podem incluir esse ponto nas tratativas das próximas semanas. Mas isso não garante que atenderão plenamente às demandas dos norte-americanos.
Os dois principais pontos abordados nas conversas na Malásia, apurou a reportagem, foram questões comerciais e tarifárias envolvendo o etanol e as plataformas digitais. Os dois assuntos, porém, foram trazidos en passant pelos norte-americanos.
A forma como apresentaram o assunto na reunião fez os integrantes da comitiva brasileira acreditarem que os Estados Unidos ainda não definiram quais serão as demandas daqui para frente.
Segundo pessoas ouvidas pela reportagem, em nenhum momento discutiram Jair Bolsonaro ou sua situação jurídica.
Há uma impressão cristalizada entre integrantes do governo brasileiro de que esse assunto está fora da discussão. Uma vez que não foi levantado por Trump e seus auxiliares em nenhum momento das conversas até aqui.
O norte-americano e Lula já se encontraram brevemente na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York, falaram por telefone em seguida. E depois tiveram uma reunião em Kuala Lumpur.
Não houve menção sobre Bolsonaro em nenhum dos três encontros. Há o entendimento pelo lado brasileiro como se o problema apontado inicialmente pelo governo dos Estados Unidos em relação ao ex-presidente não existisse mais.