Economia

Governo tenta atrair concessões para modernizar portos

Governo tenta atrair concessões para modernizar portos Governo tenta atrair concessões para modernizar portos Governo tenta atrair concessões para modernizar portos Governo tenta atrair concessões para modernizar portos

Brasília – O governo busca firmar contratos de longo prazo com empresas especializadas em serviços de dragagem para manter a capacidade dos portos brasileiros de receber embarcações de grande porte. “Buscamos uma solução definitiva”, disse ao Estado o ministro-chefe da Secretaria de Portos, Edinho Araújo. “Assim como fizemos concessões de rodovias, podemos fazer a concessão da malha líquida.”

As concessões em dragagem e também em hidrovias foram anunciadas pela presidente Dilma Rousseff em seu discurso de posse. O ministro informou que o governo analisa modelos internacionais para definir a modelagem a ser aplicada no País. Uma possibilidade é conceder o serviço em um grupo de portos, o que permitirá às empresas utilizar os equipamentos numa espécie de rodízio. Outra possibilidade é fazer porto a porto.

O governo tem enfrentado dificuldades para contratar serviços de dragagem para o Porto de Santos (SP). Na terça-feira, foi lançado o terceiro edital, cujas propostas devem ser entregues até março. As duas tentativas anteriores fracassaram. O governo não conseguiu ofertas na faixa de preço pretendida. O ex-ministro dos Portos César Borges chegou a falar na existência de um cartel. Desta vez, o prazo do contrato foi reduzido de três anos para 17 meses. Pelo serviço, o governo se dispõe a pagar R$ 378,5 milhões.

Outra novidade em preparação para o segundo mandato de Dilma é um plano de cabotagem para transportar cargas por navios entre os portos nacionais. Isso é visto como uma forma de reduzir custos de frete e desafogar as rodovias. O plano, em elaboração, pode envolver desoneração tributária para a construção de embarcações, admitiu o ministro. A falta de navios para cabotagem é um dos principais gargalos para desenvolvimento do serviço.

O governo chegou a elaborar, em 2013, um programa de estímulo para o setor. Mas nem chegou a anunciá-lo, por falta de espaço fiscal para estímulos tributários. Agora, os estudos foram retomados, em conjunto com o Banco Mundial. Edinho Araújo espera as conclusões em junho. Num ano difícil para os investimentos por causa do ajuste fiscal, dos eventuais racionamentos de água e energia e da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, a Secretaria de Portos é vista no governo como uma área capaz de gerar boas notícias. As investigações pouco atingem as empresas do setor, ao contrário do que ocorre nas áreas de rodovias, aeroportos e energia.

Araújo prometeu autorizar, até março, a prorrogação do contrato de arrendamento da Santos Brasil – que está para vencer em alguns anos, mas permite uma prorrogação. A empresa pretende investir R$ 3,126 bilhões na modernização de suas instalações. Esse contrato faz parte de um conjunto de quatro que estão sobre a mesa do ministro, com investimentos totais de R$ 6,5 bilhões. “Vamos dar celeridade a eles no primeiro semestre.”

A nova Lei dos Portos permite a prorrogação antecipada dos contratos firmados após 1993, em troca de investimentos. Os pedidos são analisados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e submetidos à SEP. No momento, a agência analisa outros 23 pedidos, que somam R$ 4,7 bilhões em investimentos. Também resultado da nova lei, já foi autorizada a instalação de 38 Terminais de Uso Privado (TUPs), que somam investimentos de R$ 11 bilhões. Há mais 48 pedidos em tramitação, que somam R$ 12,9 bilhões.

Indicado ao cargo pelo vice-presidente da República, Michel Temer, e deputado eleito pelo PMDB de São Paulo, Araújo admite que a discussão sobre troca de comando nas companhias docas, subordinadas à pasta, é “inevitável”. Segundo ele, os critérios serão “eficiência, competência e nenhum preconceito contra políticos”. Em 2012, durante a discussão do novo marco regulatório dos portos, a politização das docas foi apontada pelo próprio governo como causa da má gestão do serviço no País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.