Economia

Haddad diz que pode haver conversa entre Lula e Trump sobre tarifas

Para ministro, há interesse e "sensibilidade" de algumas autoridades norte-americanas em conversar com Brasil

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Fernando Haddad na Câmara dos Deputados
De acordo com Haddad, não há obstrução dos canais de diálogo entre os negociadores das duas nações. Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que pode haver uma conversa entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump para tratar das tarifas impostas pelos EUA aos produtos brasileiros exportados para aquele país. A afirmação ocorreu nesta terça-feira (29), em Brasília.

De acordo com Haddad, não há obstrução dos canais de diálogo entre os negociadores das duas nações. Entretanto, esse contato direto entre os chefes de Estado exige uma preparação protocolar mínima.

“É papel nosso, dos ministros, justamente azeitar os canais para que a conversa, quando ocorrer, seja a mais dignificante e edificante possível”, disse Haddad. Ele se referia sobre o trabalho que vem sendo feito por ele; pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira; e pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. O vice-presidente também vem dialogando com o setor produtivo.

Tem que haver uma preparação antes para que seja uma coisa respeitosa, para que os dois povos se sintam valorizados à mesa de negociação, não haja um sentimento de viralatismo, de subordinação,

acrescentou, ao criticar as pressões da oposição para que haja pressa nas decisões.

“[Temos que] virar um pouquinho a página da subserviência e, com muita humildade, nos colocar à mesa, mas respeitando os valores do nosso país”, disse o ministro em conversa com jornalistas no Ministério da Fazenda.

Um grupo de oito senadores brasileiros também está em Washington, capital do país norte-americano, para tentar abrir um canal de diálogo com congressistas estadunidenses e discutir soluções para o tarifaço.

No último dia 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos enviou uma carta a Lula anunciando a imposição da tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir do dia 1º de agosto.

EUA

Para Haddad já há “algum sinal de interesse” e “sensibilidade” de autoridades dos Estados Unidos para conversar.

“Alguns empresários estão fazendo chegar ao nosso conhecimento que estão encontrando maior abertura lá, não sei se vai dar tempo até dia 1º”, avaliou o ministro. Ele afirmou que não está fixado na data e que as negociações vão continuar mesmo com a entrada em vigor das tarifas.

Estão ficando mais claros, agora, os pontos de vista do Brasil em relação a alguns temas que não eram de fácil compreensão por parte deles. A relação sempre foi amistosa entre os países, então não há razão nenhuma para que isso mude, deixar que temas alheios ao governo brasileiro sejam motivo para o recrudescimento, assim, de tensões.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda.

De acordo com Haddad, o vice-presidente tem feito “um esforço monumental” em suas conversas com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick. “Ontem mesmo houve uma conversa mais longa, terceira e mais longa conversa que tiveram”, observou.

O foco do governo brasileiro, segundo Haddad, é que eles se manifestem oficialmente para que possa ser mapeado o que, de fato, está em jogo. Além disso, espera-se que os negociadores encontrem uma solução, considerando o que é importante para os dois países.

Contingenciamento

Enquanto isso, já está na mesa do presidente Lula o plano de contingenciamento para ajudar empresas afetadas pelas tarifas impostas pelos EUA. O documento foi formulado pelos ministérios da Fazenda; do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; das Relações Exteriores; e pela Casa Civil.

Vários cenários foram apresentados e, segundo o ministro Haddad, Lula tomará a decisão sobre “a escala, o montante, a oportunidade, a conveniência e a data” do pode ser colocado em vigor. Um dos cenários inclui um programa de manutenção do emprego com o mesmo propósito do que vigorou durante a pandemia de covid-19.

“Eu não sei qual é o cenário que o presidente vai optar”, afirmou o ministro da Fazenda, sem adiantar as medidas.

O Brasil vai estar preparado para cuidar das suas empresas, dos seus trabalhadores e, ao mesmo tempo, se manter permanentemente numa mesa de negociação, buscando racionalidade, buscando respeito mútuo e estreitamento das relações,

completou o ministro. 
Agência Brasil

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