*Artigo escrito por Yuri Porto Nico, sócio e COO da Bbutton Ventures, líder do comitê qualificado de conteúdo de inovação e tecnologia do Ibef-ES.
A meta de 1.000 startups no Espírito Santo é simbólica e estratégica, colocando o estado entre os maiores polos de inovação do país e representa a maturação da economia.
Leia também: Auditoria em viagens corporativas: governança em movimento
O número revela um ambiente favorável à inovação, com capital humano, conhecimento tecnológico, investimento e integração entre empresas, governo e academia.
Em 2019, a MCI (Mobilização Capixaba pela Inovação), coordenada pela Findes, reuniu atores públicos e privados para fortalecer o ecossistema de inovação.
Na época, com apenas 80 startups mapeadas, foram identificados gargalos, como a baixa cultura empreendedora, pouca integração entre instituições e escassez de investidores. Para enfrentar esses desafios, foram criados programas de empreendedorismo e editais de fomento.
A FAPES teve papel decisivo, destinando mais de R$ 200 milhões apenas em 2024. Editais como Centelha, Spin Off, Tecnova e parcerias entre startups impulsionaram o surgimento de novos negócios.
Nesse sentido, programas como Ambientes Promotores de Inovação, em parceria com o Sebrae, estimularam a criação de mais de 200 negócios inovadores em todo o estado. O programa Gênesis, com foco no interior, também contribuiu para a formação de novas empresas.
Em 2024, o programa amplia sua atuação para outras três microrregiões, intensificando o fomento à criação de novos negócios em todo o estado.
Investidores e o ciclo de capital
No estágio de crescimento, o destaque é o SeedES, primeiro programa de aceleração pública capixaba, que já aportou R$ 100 mil em 30 negócios inovadores e uma nova edição em 2025.
Também houve o lançamento do Sementes do Rio Doce, que apoia até 50 projetos inovadores na região afetada pelo desastre de Mariana.
Como resultado, o Espírito Santo passou de 132 startups mapeadas em 2020 pela Associação Brasileira de Startups para 467 em 2024, registradas no Observatório Sebrae Startups, superando a meta de 400 estabelecida para 2025.
Agora, o foco deve ser consolidar um ambiente que sustente esse crescimento com menor dependência de políticas públicas. A integração entre instituições de fomento, ensino e setor produtivo será fundamental.
A atuação dos investidores-anjo, ainda tímida, tende a crescer com o retorno dos primeiros empreendedores ao ecossistema como investidores.
Em ambientes em desenvolvimento, empresários experientes que desejam diversificar seus investimentos costumam assumir inicialmente esse papel. Porém, é necessário capacitá-los para que compreendam as especificidades do investimento de risco e seus benefícios.
Além disso, vencendo o desafio de aumentar a quantidade e qualidade de investidores-anjo, o Espírito Santo deve atrair mais investidores institucionais para serem alternativas ao Funses 1, fundo com R$ 250 milhões provenientes do Fundo Soberano, que hoje ancora o investimento institucional em startups do estado.
Completar o ciclo de capital, do anjo ao institucional, é essencial para que os recursos públicos investidos retornem como desenvolvimento socioeconômico. Por fim, o Espírito Santo está pronto para transformar negócios inovadores em motores de uma nova economia.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.